O tratamento de patologias associadas à idade avançada da
população do distrito de Bragança deu à Unidade de Ortopedia de Macedo de
Cavaleiros visibilidade internacional, tendo sido escolhida como centro de
referência para formação de cirurgiões de vários países.
Desde o início do ano já passaram por este serviço da
Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste cirurgiões croatas, brasileiros,
sérvios e são esperados ainda eslovenos para observarem a técnica dos
profissionais portugueses na aplicação de uma prótese do joelho que resolve o
problema da artrose provocada pelo desgaste da articulação devido à idade.
Por ser dos hospitais da Europa com mais experiência na
aplicação desta prótese, a comercializadora - a multinacional italiana Lima
Corporate - está a encaminhar cirurgiões de vários países para o Nordeste
Transmontano e está a trabalhar com a equipa local na evolução para uma
academia com centro de treino e formação de cirurgias do joelho para
especialistas.
A experiência da Ortopedia de Macedo de Cavaleiros, que
realiza em média por ano 250 artroplastias do joelho, já serviu também para a
evolução da referida prótese, que vai ser melhorada com os contributos da
equipa local, como disse à Lusa o diretor do serviço, Afonso Ruano.
Trata-se de uma técnica que melhora a qualidade de vida dos
doentes com artrose da articulação do joelho, que provoca dor e incapacidade,
uma patologia associada a idades mais avançadas.
"Lidamos com joelhos muito mais difíceis",
enfatizou à Lusa o cirurgião Paulo Montanha, que faz parte da equipa numa
região onde "mais de 60% da população tem mais de 65 anos, é do meio rural
e com articulações mais sujeitas a carga".
"Nós temos muitos doentes, operamos muito. A prova
disso é que na Entidade Reguladora da Saúde (ERS) estamos sempre muito bem
classificados como um dos melhores hospitais da especialidade do país",
acrescentou outro cirurgião, António Andrade.
Quando estes especialistas começaram a exercer "um
doente com 75 anos já era considerado idoso". A esperança média de vida da
população do Nordeste Transmontano aumentou e prova disso é que "agora
aparecem doentes com 80 e tal e 90 anos" para esta intervenção, que tem
taxas de sucesso na "ordem dos 95%".
Quando a Lusa visitou o serviço, a equipa preparava-se para
duas cirurgias com doentes de 78 e 80 anos que foram seguidas por cirurgiões da
Sérvia, entre eles Sasha Stojanovic, do Hospital Universitário de Nish.
"Uma excelente experiência", foi como este
profissional classificou a formação que recebeu em Macedo de Cavaleiros.
A técnica e os instrumentos são "os mesmos" que
aplica no hospital onde trabalha, mas realçou que gostou "da qualidade da
cirurgia e da sala de operações", que classificou de "muito
elevada".
"Eles sabem do seu trabalho e fazem-no de forma
excelente", afirmou.
A equipa de Sasha começou este ano a aplicar as próteses do
joelho motivo desta formação.
Segundo explicou, o hospital têm contratualizadas 60
cirurgias deste tipo com o Governo sérvio e a realidade daquele país é
semelhante à do Nordeste Transmontano relativamente ao perfil da população.
"Temos também muitos casos. A Sérvia é um país com uma
população envelhecida e temos também muitas cirurgias deste tipo", contou.
Para os responsáveis da Ortopedia de Macedo de Cavaleiros
ter sido escolhido como centro e referência é mais um reconhecimento de
"um trabalho que tem sido feito ao longo dos anos" pela equipa de
cerca de 60 profissionais, onze dos quais são cirurgiões.
"Isto também nos dá um certo orgulho porque estamos a
mostrar o que se faz. É bom em termos e formação não só para os internos, mas
para os especialistas" afirmou o diretor do serviço.
Afonso Ruano sublinhou que o principal propósito deste
trabalho "é tirar a dor às pessoas" que, "embora não fiquem mais
novas, melhoram a qualidade de vida com esta cirurgia".
"Quantas mais se fazem, melhor se fazem e é por isso
que eles vêm cá ver", rematou.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.