Declaração de Impacte ambiental favorável é o primeiro passo para o
arranque dos trabalhos, que deverão criar 110 postos de trabalho no
primeiro ano de exploração, e chegar aos 540 passados cinco anos.
O processo de reactivação das Minas
de Ferro de Moncorvo, uma exploração a céu aberto de quatro depósitos
minerais de ferro para produção de concentrados de ferro e de inertes
densos, recebeu um parecer favorável por parte da Comissão de Avaliação
do Estudo de Impacte Ambiental.
A
proposta de Declaração de Impacto Ambiental Favorável (DIA)
Condicionada já foi entregue ao promotor – a empresa MTI, Minas de Ferro
de Moncorvo - cujo representante indicou ao PÚBLICO ir informar a
tutela de não pretender usar o período legal para contestar a decisão:
“Ficámos muito satisfeitos . Os condicionamentos que nos foram impostos
são os mesmos que nós já tínhamos elencado entre as medidas de
minimização de impactos”, esclareceu Carlos Guerra, representante da
MTI.
Os passos seguintes, explica Carlos Guerra, são
entregar o estudo de pré-viabilidade económica e o estudo de impacto
social da mina na Direcção Geral de Energia e Geologia, para poder ser
assinado o respectivo contrato de exploração. A expectativa é que a
preparação do terreno e o início da extracção a céu aberto nos depósitos
do Eluvial da Mua, da Carvalhosa, de Pedrada e de Reboredo-Apriscos,
possa arrancar até ao final do primeiro trimestre de 2016.
No
primeiro ano do arranque da exploração a expectativa é criar 110 postos
de trabalho, que vão começar a laborar na chamada “cascalharia” em Mua. A
velocidade cruzeiro só se atingirá aos cinco anos de exploração, altura
em que se perspectiva a existência de mais de meio milhar de
trabalhadores na empresa – o estudo de impacto social aponta para 540
trabalhadores. Até lá será preciso dar formação aos trabalhadores e
testar equipamentos, pelo que a extracção mineira será ainda “muito
primária”.
A empresa MTI já tinha admitido pretender investir 600 milhões de euros nesta extracção ao longo da exploração da concessão, que tem um prazo de 60 anos.
A
expectativa entre a população local com o arranque desta Mina é enorme,
e é reconhecido o impacto em termos sócio-económicos que trará,
sobretudo no emprego. O presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno
Gonçalves, está na linha da frente dos que defendem a reactivação da
indústria, que já foi tão importante no concelho, tendo chegado a
empregar mais de 1500 pessoas. Foi, sempre, e por isso, com ironia que o
autarca criticava as imposições do Instituto de Conservação da
Natureza, que chegou a parar os trabalhos de prospecção, para se poder perceber se a comunidade de morcegos encontrada no local era das que hibernava ou invernava.
Agora,
e citado pela Lusa, o autarca de Moncorvo sublinha que este projecto
conseguiu demonstrar ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas
(ICNF) que "a exploração de minério de ferro em Torre de Moncorvo é
compatível com as boas práticas ambientais". A MTI - Ferro de Moncorvo,
SA, garantiu que não vai fazer qualquer tipo de trabalho nas
proximidades das galarias onde habitam as colónias de morcegos que são
protegidas por lei.
O projecto sofreu muitas alterações, desde que foi apresentado ainda em parceria com a multinacional Rio Tinto - "foi reduzido a um terço", disse, na altura, ao PÚBLICO, Carlos Guerra. A
flutuação da cotação do minério – que chegou a duplicar depois da crise
de 2008, mas que actualmente voltou a cair para metade – é um dos
principais problemas que enfrentam os promotores.
Foi
essa flutuação, e as dificuldades logísticas em levar o minério até às
metalurgias da Europa (Portugal não tem nenhuma) que afastou da jazida
de Moncorvo as grandes multinacionais. A
revisão em baixa do projecto teve a ver, apenas, com a capacidade de
recepção e transporte do minério a partir do porto de Leixões. Segundo
Carlos Guerra, os modos de transporte previsto são exclusivamente
rodoviários e ferroviários aproveitando a linha do Pocinho, até Leixões,
tendo o promotor deixado cair a opção de transporte fluvial/marítimo.
Fonte: http://www.publico.pt/economia/noticia/minas-de-ferro-de-moncorvo-reactivadas-no-inicio-do-proximo-ano-1714675
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