quarta-feira, 27 de junho de 2018

Colonia e Vilões na Cinemateca

A nova adição à lista dos DVDs da “Coleção Academia”, da Academia Portuguesa de Cinema, é o documentário “Colonia e Vilões” de Leonel Brito, lançado em 1978 e apresentado na versão renovada em DVD no dia 5 de julho, às 17h00, na Cinemateca.
A versão renovada de “Colonia e Vilões” é o primeiro de oito filmes que serão lançados em parceria com a Cinemateca Portuguesa. 
Neste lançamento estarão presentes na Cinemateca o realizador, vários membros do elenco e da produção do documentário. Pelas 18h30 será feita a projeção do filme na Sala Luís Pina.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Padre Martins e o Colonia e Vilões

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

A PRIMEIRA E MAIOR VITÓRIA DA AUTONOMIA POPULAR MADEIRENSE

Soube-se há menos de uma hora que houve um filme proibido na Madeira. Soube-se também que  a entrevista ao seu realizador fora cortada pela direcção do órgão publicitário do governo regional, embora sob a capa de diário da diocese – o então Jornal da Madeira. Corria o ano de 1978. Leonel de Brito acabara de rodar na ilha o documentário intitulado “Colonia e Vilões”. Desde então, alguém escondeu-o e enterrou-o, antes ainda de ver a luz do dia na terra que lhe deu corpo. Foram precisos quarenta anos para que  a Madeira pudesse ver em plena liberdade o mais completo Dicionário Cinematográfico sobre a sua História de seiscentos anos. Aconteceu hoje no Teatro Municipal Baltazar Dias.
Com efeito, “Colonia e Vilões”, não obstante focalizado na grande luta dos caseiros pela emancipação das suas terras das mãos dos senhorios, desdobra diante do espectador o vasto painel da evolução sócio-político-cultural da ilha. Desde o Achamento, povoamento, divisão territorial e administrativa, desenvolvimento agrícola e económico, com maior incidência nas culturas da cana sacarina e do vinho, o esclavagismo, o obscurantismo, a religião, a libertação pós-25 de Abril, manietada pelo concubinato igreja-governo, enfim, ver “Colonia e Vilões” é guardar em disco rígido a síntese enciclopédica do terro que habitamos.
Mais do que isso. Este precioso documentário condensa o maior grito de revolta e de conquista de sucessivas gerações que durante séculos foram estranguladas pelo contrato de colonia – esse “leonino contrato”, como alguém lhe chamou – em que o camponês, a sua família, mulher e filhos, o seu pobre casebre se consubstanciavam com a terra-escrava do senhorio. Pode bem afiançar-se que a extinção do regime da colonia foi a maior afirmação da autonomia popular do madeirense, visto que aí foi ele, todo inteiro – corpo, mentalidade, família, ambiente – deu o ‘xeque-mate’ à prepotência fascista e totalitária que trazia amarrado o povo português. Mais importante foi esta vitória global que as autonomias administrativas reivindicadas nos gabinetes oficiais que só serviam os seus prestidigitadores, sucedâneos herdeiros dos antigos ditadores, como aconteceu aqui na Madeira. Na luta dos caseiros ilhéus  foram eles os protagonistas, primeiro vencidos e depois vencedores, porque o Decreto Legislativo Regional nº 13/77/M, de 18 de Outubro (Extinção do regime de Colonia)  só se tornou possível pela força porfiada e justa diante das instâncias superiores até chegar ao Parlamento Regional.
O povo viu o resultado da sua luta. Por isso, cantava e sentia que “o Povo unido jamais será vencido”. O campesinato descobriu que não era mais o “vilão”, “trapo-de-corsa” do senhorio, mas alguém que tinha o poder de ordenar e obrigar os deputados a escrever leis justas.
Hoje, no Teatro Municipal, tudo isto perpassou diante dos nossos olhos, complementado pelo debate e troca de ideias que se lhe seguiram. Notícia feliz foi a de sabermos que o filme será apresentado em DVD na próxima Feira do Livro do Funchal pelo próprio Leonel de Brito já que, desta vez, imprevistos problemas de saúde não lho permitiram.
As melhores felicitações aos promotores de tão oportuna iniciativa do Centro de Estudos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em conexão com a sua congénere na Madeira.
E fica-nos no ouvido “uma frase batida” (como diria SG gigante) que os caseiros criaram e passaram de boca em boca: “A terra é de Deus e o fruto é de quem trabalha”.

15.Fev.18

Martins Júnior

sexta-feira, 2 de março de 2018

COLONIA E VILÕES

Cinemateca e Academia assinam acordo para a recuperação de 8 filmes portugueses


iago Resende28 de Fevereiro de 2018
Notícias

Foi hoje assinado na Cinemateca Portuguesa pelo seu director José Manuel Costa e Paulo Trancoso, presidente da Academia Portuguesa de Cinema, um protocolo para a co-edição em DVD e Blu-Ray de 8 filmes portugueses, das décadas de 1970/80/90, pelo ANIM (Arquivo Nacional da Imagem em Movimento).

Segundo se pode ler no comunicado da Cinemateca Portuguesa: “As obras, cujas matrizes fílmicas foram conservadas e preservadas pela Cinemateca ao longo das últimas décadas, serão agora digitalizadas em alta definição e, além das edições DVD, ficarão igualmente disponíveis em suporte DCP 2K para exibição em sala. Através deste acordo, a Cinemateca e a Academia dão um passo importante na digitalização e difusão do património cinematográfico português originalmente produzido em suporte fílmico, objetivo que continua a necessitar, porém, da mobilização de mais recursos e entidades para poder abranger um maior universo de filmes.”

As oito obras a serem editadas em DVD e Blu-Ray são: “Colonia e Vilões” (1977) de Leonel Brito, “Cerromaior” (1980) de Luís Filipe Rocha, “Relação Fiel e Verdadeira” (1987) de Margarida Gil, “O Mal Amado” (1972) de Fernando Matos Silva, “Jogo de Mão” (1983) de Monique Rutler, “A Santa Aliança” (1977) de Eduardo Geada, “O Som da Terra a Tremer” (1990) de Rita Azevedo Gomes e “O Processo do Rei” (1989) de João Mário Grilo. Os DVDs serão lançados ao longo dos próximos dois anos.

Academia Portuguesa de CinemaCinemateca Portuguesa

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Colonia e Vilões no Teatro Baltazar Dias

  Luisa Paolinelli partilhou uma publicação na cronologia de Teresa Martins Marques.
Foi um sucesso no Teatro Baltazar Dias, com duas centenas de pessoas, cobertura televisiva e uma grande participação no debate- um muito obrigada ao amigo realizador Leonel Brito!
Texto da autoria de Ernesto Rodrigues, Presidente do CLEPUL da UNIVERSIDADE DE LISBOA ,lido na apresentação do documentário: Caros espectadores

Leonel Brito está a convalescer de operação melindrosa no hospital de Badajoz – sendo transmontano, vive numa quinta em Elvas – e não pode, assim, conviver hoje com gentes que filmou e admira há 40 anos. Espera regressar aquando da Feira do Livro.
Esse desejo há muito alimentado pelo realizador encontrou resposta no Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, através do seu pólo na Universidade da Madeira, dirigido por Luísa Paolinelli.
Temos, Teresa Martins Marques e eu, inúmeros encontros com Leonel Brito. Aquela redigiu o essencial da biografia de Amadeu Ferreira – a alma do mirandês e vice-presidente da Comissão de Mercados e Valores Mobiliários (1950-2015) –, intitulada Um Fio de Lembranças (2015), a partir de 32 horas de entrevistas gravadas por Leonel Brito.
Quando presidi à Academia de Letras de Trás-os-Montes, este filmou entrevistas de uma hora com dez autores, além de falar com 13 personalidades para um documentário sobre os meus 40 anos de vida literária. É, pois, uma relação cúmplice que esperávamos aprofundar na nossa deslocação à Madeira.
Na linha de experiências de Manoel de Oliveira ou João César Monteiro, o pós-25 de Abril trouxe um interesse crescente pelas manifestações populares maioritariamente centradas no Alentejo e em Trás-os-Montes, bem como por casos de cooperativas, empresas ou fábricas, em que pulsava o voto de uma democracia alargada.
No exemplo transmontano, tínhamos Manoel de Oliveira em O Acto da Primavera (1962), Alfredo Tropa, com Pedro Só (1971), Festa, Trabalho e Pão em Grijó de Parada (1973), de Manuel Costa e Silva, e Falamos de Rio de Onor (1974), de António Campos. Sucederam Trás-os-Montes (1976), de António Reis e Margarida Cordeiro, Máscaras (1976), de Noémia Delgado, e Argozelo ‒ À Procura dos Restos das Comunidades Judaicas (1977), de Fernando Matos Silva.
Neste ano de 1977, uma nova cinematografia emerge com Leonel Brito: não é só o trabalho de campo que vultos eminentes da filologia e das ciências sociais já tinham operado na região, acrescidos de musicólogos ‒ que o mesmo realizador segue em Encomendação das Almas (1979), onde também não falta o inquérito; nem tão-só um esboço de ficção, a caucionar o folclore, embora pequenas histórias, geralmente dramáticas, venham encaixadas. É, a par disso, um envolvimento político e denunciador, lido em Colonia e Vilões; ou um lento olhar picado do alto da serra, único a abarcar a grandeza de uma paisagem, rude e tirânica, da qual se desce ao indivíduo comum, para a focalização abrir à comunidade – e, nessa alternância, contar-se a história económica, social, religiosa e política da terra natal, Torre de Moncorvo, ‘vila rica’ de minério e olhar da PIDE à sombra do templo, agora afrontada por anseios legítimos do retornado, emigrante, camponês, asilado, estudante. Refiro-me a Gente do Norte ou A História de Vila Rica (1977), uma docuficção em renovada sintaxe, que faz deste filme pequena obra-prima em menos de uma hora.
Se o espectador ilhéu conhecer esta filmografia e outros títulos facilmente encontrados online, perceberá melhor o discurso fílmico de Colonia e Vilões, título que causa estranheza aos continentais. Quando os intelectuais se demitem, obras deste género inclinam a balança para o lado dos oprimidos e humilhados.

Ernesto Rodrigues

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Colonia e Vilões - Finalmente no Funchal

O excelente documentário de Colonia e Vilões, de Leonel Brito, pela primeira vez na Madeira, no Teatro Baltazar Dias, seguido de um debate com Alberto Vieira e Padre Martins, moderado por Cristina Trindade e Carlos Barradas.

“Colonia e Vilões” 

Conversa com Leonel Brito

“Para o povo da Madeira” é a fórmula com que se inicia e termina o documentário “Colonia e Vilões” realizado por Leonel Brito entre 1976/77. O documentário ganhou uma menção honrosa no Festival de
Cinema de Santarém. Com imagens dos vales verdejantes da ilha pontuada com extratos dos raríssimos filmes de Manuel Luiz Vieira, “Colonia e Vilões”, o documentário produzido pela mestria de Leonel Brito, oferece ao espetador uma visão única e original sobre a História dos madeirenses, tendo como ator principal do documentário o vilão, pilar humano que lançou as fundações da Ilha da Madeira, e que, desagrilhoado da colonia, passou a poder ter voz na construção do seu futuro.


Quinta-feira às 21:00 - 23:00
Teatro Municipal Baltazar Dias
Avenida Arriaga, 9000-060 Funchal

Na página do Teatro Baltazar Dias- Funchal