quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Discurso de Carlos Ferreira sobre Vergílio Taborda


Servindo-se do amigo comum Leonel Brito como canal, pediu-me a Sra. Presidente da Câmara Municipal de Freixo-de-Espada-à-Cinta, Maria do Céu Quintas, para assumir esta pequena conferência, com a finalidade de versar sobre o ilustre geógrafo freixenista: Vergílio Taborda. Coloquei-me às ordens, mas retorqui ao Leonel Brito:

- Olha que eu não conheci o Vergílio Taborda, nunca escrevi nada sobre ele, nem sou especialista
sobre a sua obra!

- Pois, já sei. Mas és geógrafo, e sobretudo és geógrafo que conheço, e és o que tenho mais à mão para falar sobre ele! E sei que conheces bem os seus escritos. Retorquiu-me o Leonel.

E pronto, agora já estou aqui convosco.
Então como me esbarrei eu com o freixenista Vergílio Taborda, perguntarão vocês?

Em 1981 iniciava eu a minha licenciatura em Geografia e Planeamento Regional, na então ainda jovem Universidade Nova de Lisboa. No primeiro ano tive uma cadeira que se chamava “Geografia de Portugal”, lecionada pela catedrática diretora do curso, a professora doutora Raquel Soeiro de Brito. Logo na primeira aula, ainda eu acabadinho de chegar da minha Miranda natal, pediu a todos os alunos para elaborar um trabalho de cariz geográfico com 30 páginas sobre a região de cada um. Eu era o único transmontano: por isso, irremediavelmente, calhou- me Trás-os-Montes. Ainda a Internet estava no “cú-da-pita”, como nós costumamos dizer. Eu era pobre e os livros eram muito caros, por isso era coisa que havia pouco lá por casa.

Falei com a assistente da cadeira: era Algarvia: que sobre Trás-os-Montes pouco podia ajudar! Mas aconselhou-me: “fale com a doutora Paula Bordalo Lema, a sua tese de doutoramento apresentada o ano passado é uma investigação sobre o ‘Alto Douro’, é professora de geografia regional, uma cadeira de 2º ano, ela de certeza que poderá orientá-lo, ela também é transmontana…”. E lá fui eu falar com ela: “não conhece a tese do Vergílio Taborda, ‘O Alto Trás- os-Montes’?” ele era de Freixo-de-Espada-à-Cinta, perguntou-me em jeito de resposta à minha solicitação! Não, retorqui, sou do 1º ano, não sou freixenista, sou mirandês, acabei de chegar! Onde posso consultá-la? Retorqui-lhe. “Ui, isso é uma pergunta tão difícil, nem eu sei dizer-lhe! A biblioteca da nossa faculdade não a tem! É uma edição dos anos 30, o autor já morreu, mas é um trabalho fantástico! O melhor que há sobre Trás-os-Montes. Já deve estar esgotado há muito tempo! Deixe-me ver nos meus papéis. Eu consultei-a imenso para a minha investigação de doutoramento. Acho que me lembro de ver lá por casa um exemplar policopiado, se o encontrar, trago-lho”. Na semana seguinte, a doutora Paula Lema cumpriu com o prometido: ofereceu-me a cópia: estava muito desmaiada e gasta, toda anotada e sublinhada: ainda hoje a conservo, e tantas vezes voltei a ela para beber as coisas mais essenciais! A catedrática de Geografia de Portugal deu-me 18 valores no trabalho e vários elogios, e eu que naquele momento fiquei inchado como um boto, fiz-me a promessa solene, que um dia havia de levar a bom termo um trabalho assim fantástico como aquele de Taborda, mas sobre a minha terra em sentido mais restrito: a Terra de Miranda. E passados que já iam 22 anos daquele momento, em 2003, defendia eu na universidade de Salamanca, tese de doutoramento sobre a Terra de Miranda: quanto às analogias de fantástico ou brilhantismo em relação com o trabalho de Taborda, tenho muitas dúvidas, mas que foi sobre a minha região, nisso não falhei: cumpri com o prometido.

E diz-vos este pimpão prouista por ser mirandês, que às vezes somos levados a pensar, que a nossa terra, não é tão importante como as outras terras do mundo que deus criou, sobretudo quando a nossa terra fica em Trás-os-Montes, mas isso é pura cegueira por falta de autoestima, e até acrescento: quando não se conhece a nossa terra, é demasiado pretensioso querer conhecer a terra dos outros. Ah, porque a nossa terrica é coisa de somenos importância, coisa muito localista e tal: tretas digo eu; desculpas de mau pagador; coisinhas sobre a nossa terra é preciso sacha-las nós mesmos, porque sobre as outras terras maiores até encontramos muitas coisas nos livros, na internet, e até podemos reproduzir sem dizer. E Miguel Torga, o grande poeta transmontano-duriense, percebeu isso tão bem quando escreveu: “O universal é o local sem paredes” e o povo na sua imensa sabedoria afirma “quem viu a sua aldeia já viu a terra inteira”. Claro que hoje vivemos todos na grande aldeia global de António Gedeão, mas o global, mais não é que o somatório de muitas realidades locais, médias, medianas, algoritmos de generalizações. E se não formos nós a aprofundar o estudo sobre a nossa terra, quem o quererá fazer por nós? Quem estará tão capacitado como nós para o fazer!?

E volto ao freixenista que nos trouxe hoje aqui, e informar-vos que o que encontrei escrito acerca dele, foi redigido por Orlando Ribeiro em 1986, por Carlos Patrício em 1994 e por José Portela em 2011, deduzindo eu das minhas leituras, que os escritos dos dois últimos, foram na essência beber ao prefácio da 2ª edição da única obra publicada por Vergílio Taborda, prefácio esse escrito de forma brilhante e apaixonada pelo primeiro: o maior geógrafo português de sempre, o grande Orlando Ribeiro, há já cerca de 30 anos.

E sobre Vergílio Taborda, começar por dizer aquilo que já todos sabeis: que nasceu em Freixo- de-Espada-à-Cinta nos alvores do século XX, em 1906. Além de conterrâneo, desde muito jovem foi íntimo de outro grande freixenista: Sarmento Rodrigues, que sempre lutou pela progresso da sua terra, e que atingiu o mais alto posto que um homem pode alvitrar, o posto de Almirante, e que em recompensa pelos seus feitos de grande marinheiro, lhe foi concedida entrada na Academia das Ciências de Lisboa. Depois, como todos os de aqui que quiseram e poderam continuar os estudos, Taborda teve que deixar o seu Freixo natal, rumar a Bragança e aí concluir o curso dos liceus. Lá foi colega daquele que havia de vir a ser distinto e ilustre brigantino: Paulo Quintela.

Concluído que estava o curso dos liceus, Vergílio Taborda rumou a Coimbra, para aí ingressar naquela distinta universidade, a fim de frequentar ciências geográficas na Faculdade de Letras, onde partilhou casa e fez amizade com grandes vultos da cultura portuguesa, tal Vitorino Nemésio. E foi brilhante, e logo aos vinte seis anos, em 1932, Vergílio Taborda publicava a sua dissertação  de  doutoramento,  defendida  nesse mesmo  ano  no  departamento de  Ciências Geográficas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Quatro aniversários passados, em 1936, com apenas 30 anos, morreu.

Para elucidar esta condição esmagadora de nascimento e morte, mesmo dos que são grandes e ilustres, cito-vos o poema de Alberto Caeiro:

“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus. Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei. Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver. Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras; Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais. Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza”

E a mim deu-me a vontade de decifrar e perceber a vida de Vergílio Taborda através deste poema de Fernando Pessoa, porque o grande geógrafo que ele foi, consubstanciou-o através do sentido da visão, do cultivo permanente de uma certa escola do olhar, que espessou durante as muitas saídas de campo que fazia, pelos caminhos da sua região, grande parte das vezes acompanho e guiado pelo seu avô Augusto Carvela, que era de Chaves, sempre de botas calçadas, totalmente preparado para se enlodar de lama, quando de lama eram feitos os caminhos e veredas, numa viagem permanente até aos capilares do território, só para não descobrir academicamente o que outros já tinham dito e descoberto, só para não falar apenas através dos duvidosos olhos daqueles que já antes tinham arramado o seu mirar sobre as mesmas paisagens.

Por vezes falo com os meus filhos sobre inteligência, as suas várias facetas e vertentes, e alerto sempre para a originalidade e temporaneidade dessa mesma inteligência: ser mesmo muito inteligente, de verdade, de forma diferenciada, pressupõe perceber as coisas verdadeiramente simples e estruturantes, que são um conjunto de observâncias, análises, decomposições, implicações, encadeamentos, respetivas conclusões e desfechos, antes dos demais. Assim foi o grande freixenista Vergílio Taborda. Viver apenas trinta anos, e mesmo assim conseguir deixar rastreabilidade e marca forte entre o mundo dos vivos, não é dado a qualquer um: é dado apenas aos mais brilhantes. Podemos até ter várias avaliações em notas altas, que fazem de nós o mais inteligente dos homens, mas queimamos a essência dos nossos dias a repetir o que outros já repetiram, debitando apenas banalidades, enchendo-nos a vida inteira de “palha seca”. E já no século XVI, Camões sabia isso quando disse: …”e aqueles que por obras valerosas. Se vão da lei da morte libertando”. E Vergílio Taborda libertou-se dessa lei da morte, porque com 26 anos de idade já defendia a sua brilhante tese de doutoramento, uma tese de geografia que ele quis que fosse sobre a região que era a sua e a de seus avôs: O ALTO TRÁS-OS-MONTES. Ainda hoje o Alto Trás-os-Montes é uma sub-região estatística portuguesa (NUTS III), que se integra na região (NUT II) Norte. Limita a norte e a este com a Espanha, a sul com o Douro e a oeste com o Tâmega, o Ave e o Cávado. Ocupa uma área total de 8 171km² e em 2011 tinha 204381 habitantes, incluindo no seu seio 15 concelhos: Alfândega da Fé, Boticas, Bragança, Chaves, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços, Vila Flor, Vila Pouca de Aguiar, Vimioso e Vinhais. O concelho de Freixo, não faz parte, mas era aqui que se localizava a base e o poiso de Taborda: há muito tempo é sabido que Freixo sempre teve os miradouros mais fantásticos que se conhece, e essa particularidade para os geógrafos é fundamental.

E assim Taborda se fez Geógrafo, professor assistente na Universidade de Coimbra, onde foi o doutorado mais jovem e ilustre da sua geração. E para informação de quem não esteja ao par destas coisas, simplificando ao máximo a carreira da docência universitária: começava-se como monitor, depois de fazer o doutoramento passava-se a assistente, e acima do assistente, está sempre o velho mestre indiscutível naquela matéria, o catedrático da cadeira. E os catedráticos são como tudo o resto, diria mesmo como a fruta: muita dela sai demasiado ácida, outra bichosa e outra com propensão para o apodrecimento prematuro. Ao pobre do Vergílio Taborda, parece que lhe calhou um dos “muito ácidos”: chamava-se Amorim Girão. Entre a comunidade de geógrafos, não podemos dizer que Girão não tivesse sido um investigador de talento, prolífero em boas publicações, mas, como grande conhecedor da obra de ambos, quer do discípulo Taborda, quer do mestre catedrático Girão, atirou de maneira fulminante Orlando Ribeiro, “Vergílio Taborda apesar de não ter frequentado centros científicos estrangeiros, e visto a fraca qualidade dos professores que teve em Coimbra, podemos considerar Taborda um verdadeiro autodidata, mas mesmo assim sempre superou o mestre em brilhantismo e talento – e isso poucas vezes se perdoa…” e Orlando Ribeiro acaba a sua afirmação com reticências. E continua “posto isto, e dado que a tese do freixenista foi de longe mais brilhante que o tinha sido a tese de Amorim Girão concluída em 1922 sobre “A bacia do Vouga” Taborda pôs-se mesmo a jeito para sofrer na pele o feitio insuportável do único catedrático da secção, que lhe criticou a tese com dureza: era a mediocridade receosa perante o talento – o que nunca foi, infelizmente, invulgar nas Universidades” conclui Ribeiro. Após o seu falecimento, com apenas 30 anos, pouco tempo depois do doutoramento – diziam os amigos de Taborda “faleceu de amargura pela injustiça com que o mestre da universidade o tratou”.

E de Vergílio Taborda e da sua magnífica tese, naquele início dos anos trinta do século XX, apenas falariam José Leite de Vasconcellos e Orlando Ribeiro, e é sabido como ambos eram comedidos em elogios. O primeiro, um grande sábio da cultura portuguesa, cataloga o trabalho de Taborda como “primoroso, empolgante livro”, o segundo, aquele que veio a ser o maior geógrafo de Portugal, para além de ter afirmado que “Vergílio Taborda podia ter vindo a ser um dos nossos maiores geógrafo” carateriza a sua tese como “verdadeiramente clássica na composição e no estilo”, dedicou-lhe em memória vários artigos da sua investigação e nas aulas sempre recomendava aos seus alunos a tese sobre o Alto Trás-os-Montes de Vergílio Taborda, acrescentando que era o “melhor exemplo de um estudo geográfico de região, alguma vez feito em Portugal”, testemunhando ainda que os amigos de Coimbra diziam de Vergílio Taborda “Homem fino, sensível, reservado, um tanto indeciso, capaz de ver passar o elétrico e não correr para o apanhar, esperando resignadamente o seguinte”.

Por seu lado, em 1994, numa nota biográfica dedicada a Vergílio Taborda o geógrafo Carlos Patrício refere-se à sua tese desta forma “Alto Trás-os-Montes – Estudo geográfico, além de proporcionar uma viagem fantástica a recantos do Mundo Maravilhoso de Miguel Torga, quase perdidos no tempo e na distância, poderá permitir também juntar o útil de um rigor científico inexcedível ao agradável de um estilo solto e convidativo. … Alto Trás-os-Montes marca bem a diferença que existe entre um bom trabalho de investigação geográfica e os milhentos inventários novo-riquenhos, ora em voga, que não passam, quase sempre, de meros enlatados de uma sociedade consumista, onde a região se encaixa no espartilho de uma ficha normalizada,

… Com tais contributos, não admira que o país se vá queimando e convertendo, rapidamente, num deserto normalizado de paisagens e de ideias. E depois queixem-se de que já não há regiões em Portugal!...”

Em 2003, escrevo eu próprio na minha tese a respeito da publicação Alto Trás-os-Montes: “O trabalho de geografia regional de Vergílio Taborda, embora não se reporte à Terra de Miranda, mas sim a todo o Alto Trás-os-Montes, também reconhecido, elogiado e seguido por Orlando Ribeiro em todos os seus trabalhos, constitui para nós obra de referência que urge atualizar, aprofundar e desenvolver. Setenta anos depois da sua elaboração continua a servir de referência a toda a comunidade cientifica, que pretenda informação de fino quilate em análise geográfica regional. 

Vergílio Taborda além de ser um investigador sério, honesto e conhecedor de uma vasta e diversa bibliografia, é sobretudo um geógrafo que sabe colocar as sensibilidades, os olhos e ouvidos certos na interpretação da paisagem. Não tenho dúvidas que o seu precioso trabalho, esteve baseado no conhecimento profundo do território e da sociedade que o viu nascer e crescer, assim como no longo trabalho de campo que efetuou. Talvez por ignorância ou desdenho, raros são os académicos, que como ele, souberam ouvir e registar o saber milenar dos camponeses e transformá-lo em conhecimento académico tão profundo e duradouro, pena ter morrido tão cedo. Olhando para as comunidades vizinhas espanholas, onde os estudos geográficos sérios e volumosos abundam, também precisamos para desenvolver Trás-os-Montes e Alto Douro, de trabalhos atualizados desta natureza. Nos nossos dias não encontrando nenhum estudo geográfico da região transmontana “que chegue aos calcanhares” do de Taborda, por vezes pergunto-me: o que têm andado a fazer as universidades da região?”

Por fim, na última edição da obra de Vergílio Taborda, datada de 2011, refere no prefácio José Portela investigador da UTAD “Alto Trás-os-Montes é uma dissertação de doutoramento em Ciências Geográficas, que, como se espera, revela originalidade e inspiração funda em bons mestres e boas fontes. Para além da aturada disciplina e canseira na busca de documentação e além do queimar das pestanas e neurónios sobre cartas, apontamentos, catálogos, boletins, revistas, relatórios, memórias, estudos, anuários e censos, a monografia sob apreço revela que o autor era um observador extraordinário, dotado de pernas para andar, e de olhos para ver.”

E porque já vou longo, e os ouvintes cansados de me aturar, acabo agradecendo à Sra. Presidente da Câmara Municipal de Freixo-de-Espada-à-Cinta, este ciclos de conferências sobre ilustres freixenistas, porque tal como eu não me caso de dizer na minha terra: é fundamental honrar, premiar e valorizar as gentes da nossa terra, porque eles são a referência para toda a sociedade local, e uma sociedade sem referência locais ilustres, para além de ser uma sociedade sem memória, é uma sociedade que não produz ilustres locais novos, e a ser assim, é uma sociedade da treta, condenada a adotar os ilustres dos outros, fazendo definhar o seu próprio orgulho: e onde não há orgulho de pertença, apenas resta a mediocridade e o abandono. E ilustres não são apenas os académicos e demais letrados, podem ser artesãos, empresários, agricultores, voluntários e beneméritos, sei lá, todos os que contribuem para elevar condignamente a sua terra, ser exemplo para os seus pares. Também, nem só os mortos, merecem homenagem e reconhecimento: devem ser sobretudo os vivos, porque Vergílio Taborda, atendendo ao que contam os seus contemporâneos, parece ter-se deixado morrer de pena e tédio, porque a sua obra, o seu talento e brilhantismo, nunca nenhuma homenagem receberam em vida! E são tão baratas as homenagens: nem pão comem!

Obrigado
Freixo de Espada à Cinta: 7 de Novembro 2015, 21 horas

Carlos Ferreira

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