terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

TORRE DE MONCORVO - PARTIDELA DA AMÊNDOA

OS VIZINHOS AJUDAM OS VIZINHOS A PARTIR A AMÊNDOA NO INVERNO


Na manhã em que o automóvel do meu companheiro Leonel (Lelo) Brito parou no Peredo, antes de eu ver qualquer coisa comecei foi a ouvir: era um som esquisito, inidentificável pelo homem de fora, metálico, monótono. «Que se passa?» – perguntei, fiado em que qualquer canalizador de Moncorvo montava na aldeia mais uma casa de banho para emigrante. «Ah, este barulho» – explicou-me o Lelo – «é a partirem amêndoa. Eu já te mostro.»

A amêndoa colhe-se em Setembro-Outubro para ser partida depois de Novembro, mas pode ficar em casca, conforme as conveniências do dono, às vezes um ano ou mais. Todavia, a «partidela» (designação popular da operação, sempre colectiva) faz-se habitualmente no Inverno, a estação das noites longas. E não ocupa só as noites, mas os dias e as tardes. O tal som metálico que eu ouvia era o da percussão (um, dois toques por amêndoa) da amêndoa sobre uma pedra, mediante pancadas dadas com um pedaço de cano de ferro.
No Peredo dos Castelhanos colhem-se 3000 arrobas de amêndoa em anos recentes. A arroba esteve no princípio do Inverno a 1200$00 (em miolo), para subir depois aos 1400$00 ou até 1500$00. A gente do Peredo considera estes preços «uma fortuna», se bem que receie uma baixa do valor do produto já na próxima colheita: é o que lhe ensina a experiência dos altos e baixos…
«Há colheiteiros de amêndoa que tiram duzentas e trezentas arrobas» – asseveraram-me no Peredo. (Os restantes, ou seja a maioria, andam na casa das dezenas, se tanto).
Quem «faz» amêndoa? Os proprietários dos amendoais, claro, frequentemente proprietários novos, pois «os ricos têm vendido aos pobres» (emigrantes). Além dos proprietários, também os rendeiros, quando os há – e há naturalmente muitos. Em tempo: quando a mão-de-obra não faltava como agora, praticava-se o sistema do «terceiro», isto é, quem cuidava da terra para um proprietário ficava com a terça parte da produção, números redondos. Faltaram os braços e… os «terceiros» transformaram-se regra geral em «meeiros». Enfim, há quem disponha de amêndoa por simples compra, sem possuir amendoais.
A «partidela» da amêndoa mobiliza as boas vontades de uma aldeia. O vizinho ajuda o vizinho, que por sua vez o ajudará. (E leia-se «vizinha» que está mais certo.) Um proprietário aflito recorre ao contrato de «partideiras» experimentadas, pagando-lhes em média 50$00 por dia útil e sobrecarregado.

In TORRE DE MONCORVO Março de 1974 a 2009

De Fernando Assis Pacheco ,Leonel Brito, Rogério Rodrigues
Edição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo

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TORRE DE MONCORVO - DREAM TEAM


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Transmontano, por José Mário Leite

“Primeiro estranha-se, depois entranha-se” disse Pessoa. Mas nem sempre é assim.
Esta é uma crónica muitas vezes adiada à espera que o vaticínio pessoano se concretizasse. Em vão! Por mais esforços que faça, não consigo encontrar outro registo, outra definição, outra identidade. SOU TRASMONTANO! Com gosto, com orgulho e, sobretudo, genuinamente. Não sou duriense. Nem eu nem as dezenas de amigos que conheço na minha situação. Nem tão-pouco outros tantos ou mais que me reconhecem, quer por saberem as minhas origens, quer porque o meu sotaque denuncia as minhas raízes. “É transmontano, não é?” perguntam-me frequentemente ao que, claro, respondo afirmativamente. Sou transmontano, sou do nordeste. Nunca me confessei duriense.
É certo que o Douro tem um lugar na minha vida e na dos meus conterrêneos. Lugar discutível nem sempre pacífico. A poética vénia que o rio faz à Vilariça foi também, vezes sem conta, um beijo mortífero quando a invernia o impelia vale acima na destruidra rebofa, colhendo e destruindo o renovo, as vinhas, os pomares e, sobretudo, o trabalho e os sonhos de um ano de labuta e sacrifícios. É certo que foram as rebofas antigas que fabricaram o húmus dos barrais e das canameiras fonte de fertilidade do encantador Vale nordestino. Seja o que for, Douro é um rio. Que bordeja Trás-os-Montes, que define a leste e sul os limites do distrito brigantino. Mas é apenas um rio. Eu não sou de um rio. Ninguém é de uma fronteira. Eu sou de uma terra. De uma região. Sou transmontano. A minha região é o nordeste.
Não entendo pois esta associação de três municípios brigantinos à CIM DOURO. Custa-me a entender que a identificação de Moncorvo, Carrazeda e Freixo com Mesão Frio, Lamego e Tarouca sejam superiores às que manifestamente existem com Vila-Flor, Alfândega da Fé e Mogadouro. Que relevo adicional têm estas autarquias transmontanas (continuarei a chamar-lhe assim) que não tinham na CIM Trás-os-Montes? Que identidade perdida vieram recuperar as populações destas autarquias? Que desenvolvimento adicional lhes trará um rio que continuará a ser a fronteira de uma região centenária, pertença-se ou a uma região com  o seu nome?
Haverá, seguramente, poderosas razões. Que o facto de eu as desconhecer não deixarão de ser enormes para afastar as populações de três concelhos das decisões comuns que, durante centenas anos partilharam. Por mim, respeitando embora as decisões legitimas de quem tinha poder para as tomar, nunca irei sentir-me duriense. Transmontano sim. E nordestino. Brigantino, sempre.

Fonte: Mensageiro de Bragança, edição 3495

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Torre de Dona Chama, por Ernesto Rodrigues


Ernesto Rodrigues
Torre de Dona Chama, 17-6-1956

TORRE DE MONCORVO - ILUSTRES (V)

Alfredo José Durão nasceu em 27.8.1860, em Bragança, onde sua mãe e seu pai residiram temporariamente, acaso para este ganhar as habilitações de mestre-escola. Era tenente da 1ª brigada de montanha, aquando do 31 de Janeiro, sendo destacado para abafar a revolta. Terá sido então, pelo papel tido em tal acto, condecorado com a ordem da torre e espada e promovido a capitão, em 10.4.1891. Nessa ocasião concorreu para cônsul mas os políticos não o deixaram entrar na carreira diplomática, se bem que tenha sido um dos primeiros classificados. Estava já então colocado no quartel de Elvas, terra onde casou. Por essa altura as bicicletas eram novidade e o exército tratou de fazer experiências no sentido de apurar se tais máquinas podiam com vantagem substituir os cavalos em algumas deslocações. O capitão Alfredo aprontou-se e percorreu sozinho os 630 Km que separam aquela cidade alentejana de Valença, no Alto Minho, em 8 dias, deixando um minucioso e interessante relato desta autêntica epopeia, até porque, propositadamente, foi escolhido o percurso mais difícil: pela serra da Estrela. O Jornal de Lisboa de 28.8.1892, publicou o seu retrato. Com a implantação da república, foi eleito deputado à assembleia constituinte, pelo círculo de Moncorvo. Deixou um filho (Américo Durão, médico famoso, proprietário do também famoso veleiro Albatroz) e uma filha (Berta Nery Durão) que viveu em Urros, mãe do arquitecto Matos Ferreira.
Excerto do livro HISTÓRIA POLÍTICA DE TORRE DE MONCORVO 1890 – 1926 , de António Júlio Andrade
Âncora Editora ( com o apoio da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo)
O livro é apresentado no dia 4 de Dezembro na Casa de Trás os Montes, em Lisboa.

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64.º edição da Rota das Amendoeiras.

Há poucas coisas mais bonitas do que uma amendoeira em flor. Melhor só mesmo um campo cheio delas. Se nunca viu, está na altura de mudar isso. 
A boa notícia é que a Comboios de Portugal (CP) vai lançar, em março, a 64.º edição da Rota das Amendoeiras. Os passeios no comboio especial por Trás-os-Montes e Alto Douro voltam com três opções de itinerários. Para complementar a viagem existem itinerários de autocarro que permitem apreciar a beleza e gastronomia da daquela zona.
A viagem parte da estação de Campanhã, no Porto, às 7h05 e chega a Pocinho pelas 10h15. Aí pode escolher entre uma de três rotas, de autocarro, que o vão levar pela região.
A rota A começa e termina em Pocinho e passa pelo Museu do Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Castelo Rodrigo, Barca D’Alva, Penedo Durão, Freixo de Espada à Cinta; a rota B começa em Freixo Numão e passa por Penedono, Trancoso, Marialva, Longroiva, Museu do Côa, Foz Côa e termina em Pocinho; a última rota, C, começa e termina em Pocinho e passa por Torre de Moncorvo, Mogadoutro, Museu de Arqueologia de Mogadouro, Santuário de Cerejais e Alfandega da Fé.
Para regressar pode apanhar o comboio especial em Pocinho às 19h50 para estar em Campanhã às 23h10.
O preço do programa inclui as viagens de comboio e autocarro, no entanto, varia com a classe e rota escolhidas. Na rota A e B situa-se entre os 39€ e 36€ — para adultos —  e na C os preços variam entre 37€ e 34€. Para as crianças o preço é idêntico para as três rotas e varia entre 19€ e 21€, dependendo apenas da classe.

Torre de Moncorvo- Jovem apanhado com 45 doses de cocaína

 Glória Lopes em Qui, 23/02/2017 - 17:10
Um homem, com 23 anos, foi identificado pela GNR, em Torre de Moncorvo, por posse de 45 doses de cocaína, informou o comando de Bragança.
A operação levada a cabo por militares do Posto Territorial de Torre de Moncorvo, ontem, aconteceu no decorrer de uma ação de fiscalização rodoviária, "quando os militares abordaram um veículo que apesar de se ter colocado de imediato em fuga, foi interceptado momentos depois, tendo sido detetado no local em que o condutor se encontrava um recipiente que continha no seu interior a droga", deu conta a fonte da GNR.

O Tempo da Quaresma

PVP: 5,00€
Formato: 148X210 mm
136 páginas
ISBN 978-989-8293-12-1
 
O simples enunciar dos títulos deste livro ajudará, por certo, a descobrir a riqueza do seu conteúdo e justifica a oportunidade da sua publicação: A Quaresma, preparação para a Páscoa; A dimensão penitencial da Quaresma; A dimensão baptismal da Quaresma; Pastoral e espiritualidade da Quaresma; O Leccionário do Tempo da Quaresma; Os cânticos e a música litúrgica para o Tempo da Quaresma. 
História, liturgia, pastoral, teologia e arte dos sons deram-se as mãos, através da palavra escrita dos respectivos autores, e proporcionaram-nos um livro rico de conteúdo e de fácil leitura.


Fonte:https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/15a6d0acf9dee7fb

Cultura Sefardita já tem museu e vai ter centro de documentação


Glória Lopes em Qui, 23/02/2017 - 09:36
O concelho dispõe de mais um espaço cultural, o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano (CICSNT), inaugurado na passada segunda-feira no âmbito das comemorações dos 553 anos de Bragança Cidade. O centro  está integrado na Rede de Judiarias de Portugal-Rotas de Sefarad. No que toca à cultura judaica,Bragança vai ainda dispor de um Centro de Documentação e Memorial, co-financiado pela Direção Regional de Cultura do Centro, pela Rede de Judiarias e pelo Programa EEA Grans da Embaixada da Noruega, cujas obras devem terminar em abril e a inauguração está prevista para junho.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

A idade de passar-o-tempo, por Tiago Patrício

... e vi a locomotiva escura ao longe...

Quando tinha cinco anos, antes de questionar Deus e a existência, detinha-me a meditar sobre a passagem do tempo durante as refeições longas. Começou com o vício de olhar para o relógio pendurado na parede da cozinha, sem o ponteiro dos segundos. Costumava alertar a minha mãe que o relógio estava parado, porque os ponteiros nunca se mexiam, enquanto a comida arrefecia no prato. Ela tentava convencer-me que o ponteiro dos minutos avançava uma casa ao fim de 60 segundos e dava uma volta ao fim de 60 minutos, quanto ao das horas movia-se tão devagar para a minha idade que, quando desse vinte ou trinta voltas, já seria quase a altura de entrar para a escola.
Tentava exemplificar o movimento do ponteiro dos minutos com o dedo indicador na toalha de renda sobre a mesa e movia-o tão devagar quanto possível, mas chegava logo ao cabo da mesa, sinal de que tinha de abrandar se queria acompanhar aquela medida de tempo.

TORRE DE MONCORVO -1987

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O tango,por Júlia Ribeiro


Depois de tantas coisas sérias, eis uma estorinha muito breve para desopilar.Passou-se há uns tempos em Leiria, mas eu não assisti. Foi-me contada por uma amiga.
Numa rua estreita do centro de Leiria,  em que o passeio era assaz estreito - o que, aliás,  é a norma no centro histórico de todas as cidades antigas - seguia  apressada  uma peixeira da Nazaré, de canastra  à cabeça, apregoando:“Carapau de corrida! Fresquinho da Nazaré” , enquanto o seu belo menear de ancas, próprio de quem toda a vida caminhou na areia, dava às suas sete saias um elegante  voltear.
No mesmo passeio, mas em sentido contrário, avançava um  cavalheiro de fato cinzento e pasta na mão,  talvez um gestor de florescente  (ou decadente)empresa. Vinha absorto nos seus importantíssimos pensamentos e só viu a peixeira quando quase esbarrou com ela.  O passeio era demasiado estreito para duas pessoas, por isso o dito cavalheiro, murmurando uma desculpa, desviou-se dando um passo à direita. A peixeira desviou-se também,  mas para o mesmo lado.  Em seguida, e em simultâneo,  ambos deram  novo passo, agora  para a esquerda.
E estes passos repetiram-se umas 4 ou 5  vezes, até que a nazarena, já furiosa, diz : “ Ó home, pára  lác’o tango,qu’eu quero ir vender o carapau”.

27 de Fevº de 2013
Júlia Ribeiro

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Histórias de África

Historias de Africa Maria Alice Silva from LB Produções on Vimeo.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

FREIXO DE ESPADA À CINTA - SÍMBOLOS














Fotos enviadas por R.C.

Nota: Para abrir a página(ampliar as fotos), clique no lado direito do rato ;abrem as instruções, e depois clique em abrir hiperligação.

Ver:


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A SÉ CATEDRAL DE MIRANDA, por Amadeu Ferreira

Já há mais de quatrocentos anos que transfigurou toda a paisagem de Miranda, anunciando-se muito ao Longe: primeiro, quem vinha pelo velho caminho medieval, agora quem se aproxima pela estrada nacional e quem desce o Douro de barco, avista os seus pináculos de pedra, erguidos como um grito: é a Catedral de Miranda. À medida que o viajante se aproxima, tudo vai ficando pequeno, mesmo as velhas muralhas, mandadas erguer por D. Dinis em fins do século XIII, se ajeitam como cinta para tão grande corpo. Quem entra na cidade velha e vem da rua que era da Alfândega, ou da Costanielha, ou quem dá a volta às muralhas por poente, olhando Santa Luzia, fica sempre com a ideia de que uma tal imponência foi sonhada para uma outra cidade, maior e sem um contraste tão forte com as casinhas manuelinas de rés-do-chão e primeiro andar, brancas como um grande pombal. Quem sobe as arribas do Fresno, de pouca água no verão, e olha a imponência de meter medo do Douro, olha esta pequena cidade mesopotâmica e espanta-se como a Sé com as suas duas torres consegue zombar do Penedo Amarelo, ali defronte, no rio, chegando até a olhar de cima o suave bater de asas de águias e de grifos.
Esta Catedral começa por nos aparecer como um excesso que nada à sua volta consegue explicar, mas é exactamente como tinha de ser: sempre assim foi com as velhas catedrais, pequenas de mais na sua grandiosidade para lá caber Deus e a fé, apesar disso sombras da grandeza divina a que nada na Terra pode comparar-se.
A vilazinha que D. Dinis fundou em 1298 seria pequena e aconchegada dentro do seu castelo e da igreja matriz de Santa Maria Maior, desde esse tempo erguida no mesmo local onde depois se fez a Sé, agora já com nome de cidade e pergaminhos de sede de bispado, arrancado ao arcebispado de Braga desde 1545. Embora agora acolhesse outras gentes mais ricas e cultas, a cidade nunca chegou a crescer muito. Entre padres, funcionários e soldados, a maioria vindos de fora, a cidade fez-se de costas para os mirandeses, pois até a sua língua deixou de falar e apenas há pouco tempo se voltou aqui a ouvir. Mas a grandiosa Sé mostra que esta cidade foi um dia um sonho cheio de futuro e de grandeza, pois mesmo os sonhos não realizados deixam a sua pegada a marcar a história. 
AMADEU FERREIRA

Fonte: "ONDE NADA SE REPETE" - crónicas à volta do património. (excerto)
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TORRE DE MONCORVO - EFEMÉRIDES (15/02-Actualização)

15.02.1896 – Representação enviada pela câmara municipal a Sua Majestade:
- Senhor! Havendo falecido o Par do Reino Manuel António de Seixas, legando a esta vila, sua terra natal, a quantia de 30 contos de réis em inscrições para que, com o seu rendimento depois de deduzidos 120 000 réis que o mesmo testador dispõe para vestuário e calçado de alunos pobres, estudiosos e bem comportados, seja fundada nesta vila uma escola elementar ou secundária, esta câmara depois de ter deliberado e representado que a escola fosse secundária e se denominasse Escola Municipal Manuel Seixas e de já ter aceitado a herança, delibera hoje definitivamente que esta escola tenha 2 professores, com o ordenado de 250 000 réis cada um, dando-se a gratificação de 50 000 réis àquele dos dois que deva considerar-se director da dita escola, comprometendo-se esta câmara a dar casa própria para as aulas, toda a mobília e utensílios precisos e a satisfazer enfim o que faltar do rendimento do legado, para integral pagamento de todas as despesas, caso o governo não queira subsidiar a dita escola municipal secundária com a terça parte do ordenado dos professores, como estabelece o artº 5º & 1º do decreto de 14.6.1880 e cujo subsídio importa apenas na insignificante quantia de 160 666 réis.
António Júlio Andrade

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

"A Mulher que Venceu Don Juan", de Teresa Martins Marques

António Monteiro.Foto de arquivo.
– Mas, então, se não é da Pampilhosa, de onde é ?
– De Vila Real.
– O quê? É transmontana? – Luís fez um sorriso de orelha a orelha.
– Sou, mas porquê? – pergunta ela, não percebendo a razão de tamanho júbilo.
– Porque eu também sou transmontano. De Torre de Moncorvo.
– Não me diga! Tenho lá um primo de meus pais.
– Quem?
– O António Monteiro.
– O Monteiro? O engenheiro agrónomo, presidente da Cegtad?
– Sim, é engenheiro, o resto é que já não sei…
– Ah, mas sei eu. É  um amigo de peito.
– E o que é isso da Cegtad?
– Confraria de Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro.
– Nunca ouvi falar dela aos meus pais.
– Não é do tempo dos seus pais. Foi fundada há dezassete anos, em 1995.
− E tenho lá também um parente numa aldeia com um nome muito engraçado − Peredo dos Castelhanos. É um jornalista muito conhecido que vive em Lisboa.
−  Não me diga que é o Rogério Rodrigues!
− Esse mesmo.
− Um grande senhor do jornalismo, o Rogério.
− E também poeta e dos melhores.− Mas isto são muitas surpresas para um só dia! Havemos de ir jantar com o Rogério ao Solar dos Presuntos.
IN:
A Mulher que Venceu Don Juan
Autora: Teresa Martins Marques