quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Nordeste Transmontano - EFEMÉRIDES (21/11 a 26/11)

Nordeste Transmontano - EFEMÉRIDES (21/11)
21.11.1652 – Ana Maria, a Faria, de alcunha viúva de João Peres, cristã nova, “que ensinava meninos” foi presa pela Inquisição de Coimbra. Este processo foi estudado pela Drª Ana Maria Afonso e publicado na revista Brigantia.
Castedo
21.11.1865 – Ofício do administrador de Moncorvo informando o seguinte:
- Que o padre Carlos António de Campos foi nomeado em 15 de Janeiro de 1859 pela Santa casa da Misericórdia desta vila administrador dos bens da capela de Nª Sª da Conceição, por falecimento do padre Manuel dos Santos Leal e em virtude da disposição do testamento com que faleceu o padre Gonçalo de Aguiar (…) que quando apareceu a lei de 30 de Julho de 1860 julgando-se o mesmo padre Carlos nas circunstâncias favorecido por aquela lei porque era administrador (…) requereu ao poder judicial se julgassem livres e alodiais os bens de tal capela, visto não ter o rendimento exigido na dita lei; e obteve sentença favorável em 1 de Abril de 1682, cuja sentença mando por cópia. Entre a capela de Nª Sª e a propriedade assim tornada livre, havia um rego de agueirão ou aqueduto bastante fundo que ameaçava algum prejuízo ao prédio por via das águas e o tornava bastante defeituoso. Entre a propriedade e dois caminhos públicos havia uma língua de terra pertencente ao monte Roboredo (…) e o mencionado padre, ou por querer aformosear a sua propriedade ou para alargá-la, pediu à câmara esse pequeno trato de terra, que murou e incorporou na mesma propriedade. Agora posso afirmar (…) que a capela a tenho visto sempre limpa e asseada como nunca esteve (…) e se tem ali celebrado o santo sacrifício da missa…
21.11.1904
 Grande barulho entre os moradores de Vilarinho do Castanheiro e os do Castedo, com o incêndio de muitas casas e palheiros nesta última povoação.

Nordeste Transmontano - EFEMÉRIDES (22/11)
Teatro Municipal de Bragança -2011
22.11.1609 – Alvará régio ordenando a construção da Ponte do Carril, em Freixo de Espada à Cinta. O construtor foi o empreiteiro de Torre de Moncorvo António Fernandes. O custo da obra foi de 1 conto e cento e cinquenta mil réis.

22.11.1891 – Notícia de que chegou de Moçambique o sr. Artur Pires, do Felgar, acompanhado do sr. Engº Parry.
22.11.1936 – Inauguração do Cine Teatro de Bragança.

Nordeste transmontano - EFEMÉRIDES (24/11)
24.11.1634 – Alvará régio dirigido ao provedor da comarca de Moncorvo para lançar uma finta no montante de 12 500 cruzados para a obra da ponte de Mirandela sobre o rio Tua.
24.11.1832 – A Câmara de Torre de Moncorvo e os homens da governança ratificam o juramento de fidelidade ao rei D. Miguel, em acto presidido pelo corregedor Manuel José de Oliveira Malafaia e pelo juiz de fora António Pereira da Fonseca. Assinam a acta 88 Moncorvenses.
24.11.1904 – Notícia do semanário “O Trasmontano” sobre a chegada a Torre de Moncorvo do primeiro motociclo, nos seguintes termos:
Bilhete Postal Ilustrado
(Igreja da Misericórdia)
- Esteve aqui na semana passada um empregado de uma fábrica de moagem de Figueira de Castelo Rodrigo que fez a viagem do pocinho para esta vila, montado n´um magnífico motociclo, o primeiro que aqui vimos. Montado no tal corcel, percorreu algumas das nossas ruas, caso este que provocou a admiração de muita gente.
* Outra notícia do mesmo jornal:
- Bilhetes Postais Ilustrados. Tem tido uma venda extraordinária a linda colecção de bilhetes postais ilustrados com excelentes photographias de alguns assumptos desta vila e que o sr. Ernesto Ayres teve a boa lembrança de adquirir para o seu estabelecimento. Por 250 réis, que é quanto custa a colecção de 15 boas photographias, podemos asseverar-vos que é baratíssimo.
* Ainda uma outra notícia deste jornal, mas de nível nacional:
- No primeiro semestre deste ano importámos 17 automóveis, no valor de 84 252$000 réis. Em igual período do ano passado, haviam sido importados 57 automóveis, no valor de 96 655$000 réis.
24.11.1925 – Reunião da comissão política concelhia de Moncorvo do Partido Republicano Democrático, no gabinete do administrador do concelho, com a participação dos elementos da câmara municipal em “congratulação pela vitória alcançada” e para discutir as ocorrências com as eleições, em especial na mesa de voto da Horta da Vilariça onde as actas e os mais documentos da eleição “foram fraudulentamente extraviados”. Mais foi decidido enviar o seguinte telegrama ao ministro do interior, ao Directório do Partido e ao deputado do círculo, Vitorino Guimarães:
- Câmara Municipal Moncorvo vem pedir Vª Exª remoção imediata Comandante Posto GNR por ter levado subordinados votar lista conjugada Câmara Monárquica Nacionalista que ofendeu gravemente crença republicana e regime. Presidente, António Guerra.
Recordemos que o comandante do posto da GNR era o capitão Francisco Marcos que, meses depois, após o golpe militar de 28 de Maio, se apresentaria como o homem forte do novo regime no mesmo concelho.

NORDESTE TRANSMONTANO - EFEMÉRIDES (25/11)
25.11.1385 – O rei D. João I confirma a carta que assinara na qualidade de regente ordenando a extinção do concelho de Fozcôa e sua anexação ao de Torre de Moncorvo.
25.11.1609 – Nesse dia, em viagem de Évora até Miranda do Douro, o padre Manuel Severim de Faria passou o rio Douro na barca do Pocinho. Porque tem interesse histórico, aqui deixo o relato dessa 16ª jornada:
- De Ranhados a Santo Amaro há três léguas, nas quais fica Freixo que chamam de Numão, por diferença de freixo de Espada à Cinta, o qual está situado ao longo da Teja, ribeira fresquíssima, e abundante principalmente de freixos dos quais tirou o nome. Há também nesta ribeira grande cópia de cerejeiras e de outras árvores de fruto. O lugar de Santo Amaro é de poucos vizinhos desce-se a ele por este caminho por uns outeiros mui íngremes, que de uma parte a outra se deixam cair a pique em profundos vales, e somente fica um caminho estreito pelos lombos deles por onde se passa.
De Santo Amaro à Barca do Douro há uma légua dos mesmos despenhadeiros até que se dá em um vale de campo chão e mui plano que com o húmus abundante que participa do Douro está todo coberto de arvoredos frutíferos, vinhas e olivais, juntamente se apresentam nele muita cópia de gados. Os olivais todavia são modernos porque de vinte anos a esta parte se começaram a plantar que até então se não beneficiavam tais árvores neste território, porém é o terreno tão cansável delas que em nenhuma parte se vêm mais viçosas e crescidas. No fim deste vale se chega ao Douro, o qual se passa aqui em uma barca por levar aqui a corrente mui alcantilada, como quasi sempre costuma. Esta barca é estanque da vila de Moncorvo e lhe rende duzentos mil réis.
Da barca a Moncorvo há uma légua de aspérrimo e trabalhoso caminho por cima de picos de montes mui estreitos e perigosos, de modo que em muitas partes é necessário ir a pé. Chama-se esta vila a Torre de Moncorvo, e dizem que a povoação tomou o nome do fundador da torre que dizem se chamava Mendo Corvo (…) A igreja é de obra nova trabalha-se de presente nela, e acabada será obra insigne…
25.11.1826 – As tropas Miguelistas do Conde de Amarante tomam a cidade de Bragança.
25.11.1896 – Nomeação de Abílio Lobão Soeiro como administrador do concelho de Mirandela onde reinava a anarquia “imposta pelos penicheiros”.
25.11.1925 – Correspondência do administrador do concelho para o delegado do procurador da república:
- Tenho a honra de participar a Vª Exª que Francisco António de Sousa Campos, casado, fiscal dos impostos de Moncorvo, fez desaparecer uns papéis eleitorais da assembleia eleitoral de Horta da Vilariça, na eleição que se realizou em 12 do corrente mês, propositadamente e cujos lhe haviam sido confiados pelo cidadão Afonso Marcolino Ferreira
25.11.1927 – Carta dirigida ao presidente da câmara municipal de Moncorvo:
- Os abaixo assinados António Francisco Nogueira Lda, proprietários da Fábrica de Tecidos de Seda sita à Rua da Alegria, 265, do Porto, vem solicitar a atenção de Vª Exª para o facto de lhes ter sido exigido o pagamento dum imposto ad valorem sobre o casulo de bicho da seda comprado nessa região, imposto cuja exigência representa uma injustiça, além de ser uma exorbitância a percentagem estabelecida.
É, decerto, do conhecimento de Vª Exª que a nossa casa, desde há muitos anos, vem fazendo, por todos os meios e com apreciável dispêndio, uma larga propaganda tendente ao desenvolvimento da sericicultura no nosso País, e mais particularmente nessa região, que foi, desde sempre, a que mais apta se mostrou para essa indústria, ou seja pelas condições especiais do clima, ou por uma tradicional tendência dos seus habitantes.
Para a realização do nosso desideratum que jamais teve o mais leve intuito comercial ou de interesse, entendemos sempre que a maneira prática de atingir o nosso fim, é animar as criadeiras, pagando o casulo a preço tão remunerador quanto possível, sem de modo algum nos valermos da circunstância de ser proibida a exportação - contra o que aliás sempre protestámos - e de ser a nossa a única que compra casulo do bicho da seda.
Não faz sentido que uma casa animada de tais sentimentos de tão patrióticos intuitos, visto que se trata duma indústria que bem pode ser uma importante fonte de riqueza nacional, tenha como prémio do seu esforço – que tem ido por vezes até ao sacrifício, pois não são pequenos os prejuízos que sofremos – o pagamento de um imposto que com toda a justiça deve ser abolido.
Mas há mais ainda: É que, tendo os signatários, em várias localidades, os seus agentes para a compra do casulo, facilmente se compreende que estes agentes compram o casulo que que lhes é oferecido, ou seja de povoações do próprio concelho, ou seja dos concelhos limítrofes.
Assim, acontece que o casulo comprado na Lousa este ano compreende casulo de 6 concelhos diversos: Vila Nova de Fozcôa, Meda, Pesqueira, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Mogadouro, representando o casulo propriamente do concelho de Moncorvo, menos da oitava parte do casulo comprado na Lousa. Ora, ainda mesmo admitindo a legitimidade que os signatários contestam, da exigência do imposto ad-valorem sobre o casulo produzido no concelho de Moncorvo, o que não oferece a menor dúvida, é que esse imposto, de modo algum deve incidir sobre casulo que, embora saindo do concelho de Moncorvo, não foi aí produzido, pois veio de concelhos estranhos.
Pelas considerações que deixam expostas, os signatários solicitam a Vª Exª a abolição do injusto imposto ad-valorem sobre o casulo de bicho da seda, tendo em atenção que, se a nossa casa deixasse de comprar o casulo – e não há outra que o compre – perder-se-ia a indústria da sericicultura, que só pelo esforço e sacrifício os signatários vêm fazendo de longa data se não extinguiu já há muito, desaparecendo assim uma indústria que é ganha-pão da gente humilde desse concelho.
Tão justa é a pretensão dos signatários que esperam deferimento. Porto, 25 de Novembro de 1927. Ass. António Francisco Nogueira Lda
25.11.1956 – A vila de Alijó celebrou com pompa o centenário do gigantesco plátano (o maior do País – dizem) que ainda hoje existe junto à igreja matriz. Torcato Ribeiro fez na altura a seguinte poesia:

Árvore grande, sempre altaneira,
És em Portugal, de todas a primeira.
Fazes 100 anos! Vimos-te saudar.
Alijó, inteira, aqui vem passar.

Vieram os velhos, os jovens, as crianças.
Mil recordações, quimeras, esperanças!
Cresceste, ditosa, à sombra da cruz,
És um gigante, graças a Jesus.

Guardas, ciosa, ao lado, o Sacrário
Tens nas sementes, dispersas, as contas do rosário.
Tens por companhia nossa igrejinha
És por conquista, das árvores a Rainha.

Reinas em silêncio, sem fazeres barulho,
És dos Alijoenses, o maior orgulho.

TORRE DE MONCORVO - EFEMÉRIDES (26/11)
Fotografia da quinta D.Judith (2010)
26 Novembro 1385 – O rei D. João I, estando em Vila Real, assinou uma carta ordenando a extinção do concelho de Vila Nova de Fozcôa e a sua integração no de Torre de Moncorvo. Aliás, essa era a confirmação de uma promessa feita por outra carta assinada no ano anterior em Torres Vedras, na qualidade de Mestre do Ordem Militar de Avis e de Regedor e Defensor do Reino, quando os de Moncorvo se colocaram ao seu lado, enquanto as terras de Ribacôa e de Trás-os-Montes estavam todas do lado do rei de Espanha. No mesmo dia o mesmo rei assinou duas outras cartas em favor de Torre de Moncorvo, uma das quais ordenando aos concelhos de Alfândega da Fé, Castro Vicente, Mogadouro, Bemposta e Penas Roías que contribuíssem para a reparação do seu castelo e muralhas.
26 Novembro 1661 – D. Francisca Borges de Meneses, senhora do morgado do Mendel e do território de Peredo dos Castelhanos, moradora em Lisboa e que em 1645 casou com o fidalgo António Ribeiro de Barros, fez seu testamento nele ordenando a fundação de um Recolhimento para receber donzelas e senhoras da nobreza de Torre de Moncorvo. Era uma espécie de convento, só que as recolhidas não faziam votos de obediência, pobreza e castidade, como as freiras. Eram ali metidas pelas famílias para que as fortunas não fossem divididas e dispersas, em defesa dos morgadios. Para entrar no Recolhimento era preciso pagar um elevado dote e a admissão estava dependente da aprovação da câmara municipal. Em 1796 só já era habitado por 15 recolhidas e anos depois eram apenas 4. Pensou-se então da adaptação do Recolhimento (da invocação de S. António) a quartel militar, para o que se fizeram desenhos que se encontram no Arquivo Histórico do Exército. Com a extinção dos conventos, também este Recolhimento foi extinto e nacionalizada a casa e propriedade. Foi depois leiloada e arrematada pela família de Morais Sarmento (dos viscondes da Torre de Moncorvo e do Banho). Ao início do século XX estava de novo à venda e pensou-se em comprá-la para nela instalar o hospital e depois o liceu que um ministro prometeu. Falharam ambas as tentativas, acabando por ser adquirida pelo pai de D. Judith a quem chamavam O Africano, segundo ouvi dizer. Mas quem poderá contar melhor esta história é o sr. Norberto Santos, actual proprietário da casa.

António Júlio Andrade.

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