segunda-feira, 23 de novembro de 2015

TORRE DE MONCORVO - BALADA DO CHUMBO

 Batem rude, rudemente,
Década de 1950
 Alguém a chamar por mim.
 Será prof?, será gente?
 Gente não é certamente
 A “RAPOSA” é que bate assim.

È talvez delírio meu
 Mas há pouco, há poucochinho
 A dormir sonhava eu
Com um “BOM” vindo do céu
Caindo sobre o meu ninho.

Quem bate assim rudemente,
Com tão estranha rudeza,
 Que faz calafrio à gente ?
(O pavor põe-me doente)
É “RAPOSA”, com certeza.



Fui ver. A pauta aparecia
Lá no átrio do Liceu
Branca e feia , branca e fria.
 Há um ano que a não via
E que dor ela me deu !

Olho através da vidraça,
 Vejo tudo em desalinho:
 Passa gente e se “NÂO PASSA”
As “NEGAS” imprime e traça
Vermelhas no papelinho.

Fico olhando esses sinais
Dos filhos da copiança
 E distingo, entre os demais
Uns ZEROS descomunais
Que fazem gritar VINGANÇA!

Tão horríveis, tão sofridos,
 Até tremo só de vê-los,
 Bem vincados, retorcidos
ERRES de rabos compridos
Parecem chifres vermelhos !

Que quem já é professor
Sofra tormentos, enfim...
Mas aos CÁBULAS, Senhor,
 Porque lhes dais tanta dor,
 Porque padecem assim?

E uma infinita tristeza ,
- Soltando profundos ais -
Entra em mim, fica em mim presa,
 Cai CHUMBO na Natureza
E na CARTEIRA DOS PAIS !

Esta paródia : “Balada do Chumbo” - decalcada da “Balada da Neve” de Augusto Gil - corria entre os alunos do meu 5º Ano (1953/54). A Lili Pinto costumava aparecer com coisas destas. O Urgel Guerra também. Mas não sei de quem terá partido esta “Balada” . Sei que era para nós motivo de grandes gargalhadas, muito especialmente a penúltima estrofe.
Leiria , 14 de Março de 2011
Júlia Guarda Ribeiro

Publicado em 30 /03/2011

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2 comentários:

  1. esta balada está muito bonita: sugere uma graça, uma ironia muito leve, apesar de chumbo, ironia e ternura de saudades de um tempo passado, saudades nossas, do nosso tempo!
    Tem muita graça e leveza a maneira como é tratado o tema , o chumbo.
    Obrigada Júlia!
    Tininha

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  2. A Lili,autora dos versos, está atrás da Fernanda Brito e à frente do Abílio Dengucho.
    Maneldabila

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