Que tinha a sua piada
A tia Antónia Biló então
De todas era a mais engraçada
VIII
Toda a gente se ria com ela
Como ela também se ria
Vendendo o seu licor de canela
E os bons doces que fazia
José Manuel Remondes
As doceiras de Moncorvo
I
As doceiras de Moncorvo
Tinham fama em todo o lado
Nas festas de povo em povo
Moncorvo estava representado
II
Eram as doceiras nas festas
Uma forte tradição
Vendendo amêndoas cobertas
Que compravam como recordação
III
Onde houvesse romarias
Lá lá estavam as doceiras
Com as suas doçarias
Para servir as romeiras
IV
Bom era o licor de canela
Bebido pela garrafinha
Acompanhando com ela
Uma súplica docinha
V
Económicos e rebuçados
As amêndoas e o licor
Pelos romeiros eram comprados
Por ser bom o seu sabor
VI
A toalha que cobria a mesa
Branquinha e bem passada
Sujava-se na certeza
Quando a festa estava animada
VII
Também tinham o seu pregão
Que tinha a sua piada
A tia Antónia Biló então
De todas era a mais engraçada
VIII
Toda a gente se ria com ela
Como ela também se ria
Vendendo o seu licor de canela
E os bons doces que fazia
IX
Moncorvo tinha doceiras
Alegres e divertidas
Honradas e trabalhadeiras
Que não podem ser esquecidas
X
As doceiras vão acabando
Nas festas não se vêem mais
Mas é bom ir recordando
Coisas que eram boas demais
José Manuel Remondes
Reedição de posts desde o início do blogue
"Minha Mãe, ai que saudade imensa..." Guerra Junqueiro.
ResponderEliminarO grande poeta transmontano exprimiu-a de forma incomparável. A mim resta-me sentir essa saudade imensa.
Para o nosso poeta popular, o bom Amigo Remondes, vai o nosso agradecimente pelo louvor que, em versos saídos do coração, dedicou às doceiras/cobrideiras de amêndoa de Moncorvo.
Elas bem merecem esta simples mas sincera homenagem. Sem disso se darem conta, faziam chegar o nome de Moncorvo a lugares longínquos, onde elas próprias nunca iriam.
Mas eu devo um agradecimento muito especial ao José Manuel Remondes que, em duas singelas quadras, tão bem caracterizou a minha Mãe.
Obrigada ao Lelo por esta oportuna "postagem".
Para todas as doceiras/cobrideiras de amêndoa de Moncorvo, as do passado e as do presente, um abraço tão grande que as abarca todas.
Júlia Biló.
Jose Pereira Vieiraescreveu: Em nome desses tempos,de muito trabalho e pouca recompensa,oxalá se perpetuem as memórias dessas gentes que a tudo se agarravam para dar pão aos filhos.
ResponderEliminarMaria Da Conceição Serra escreveu: Lembro-me muito bem desta senhora, a Mãe da Julinha.Desde que vim para Coimbra, nunca mais a vi.
ResponderEliminarUma das mais belas fotografias deste blogue.Por baixo,eu escreveria a legenda : amor com amor se paga.Amor é o que transparece nos rostos de Mãe e Filha.Que bonito!
ResponderEliminarUma moncorvense
Os versos de José Manuel Remondes dão uma interessante visão da história de Moncorvo dos últimos 20 anos ou 30 ou mais.
ResponderEliminarG.F.
Ana Sangra escreveu:havia tanta coisas boas em Moncorvo que vão desaparecer com o tempo e uma pena, e obrigada quem nos tras estas recordações
ResponderEliminarA Tia Antoninha Biló . Também me lembro dela. Era uma rapariga muito cheia de vida. E na foto é uma velhinha, mas ainda bonita.
ResponderEliminarZé do Carrascal
Viv 'o Remondes, grande poeta popular moncorvense.
ResponderEliminarViv 'a Antoninha Biló e o seu licor de canela, porque "melhor não há"
Viv 'a Julinha, grande contadora de estórias.
Viv 'o nosso blogue, belos Farrapos de Memória, e o Sr. Lelo de Moncorvo.
Sousa Pereira
Que ternura entre mãe e filha! Nem tenho mais palavras. Também gostei muito dos versos do Tio Remondes.
ResponderEliminarBeijinhos
Maria Augusta
Muito obrigada Sr. Lelo de Moncorvo!
ResponderEliminarLinda foto,que guardarei na memória!
Menina bonita na infância,alegre na juventude,ternurenta na velhice...
Parabéns ao poeta,que embora popular,homenageou tão grandes e nobres Senhoras!
E mais não digo...
Um beijo para a minha amiga Julinha extensivo à sua querida e adorada Mãe.
Ireninha
Urgel Antunes escreveu:a partir de Moçambique...um beijo muito grande
ResponderEliminarMaria Fernanda Fernandes escreveu :Obrigada ao Lelo por tudo o que tem postado,por tudo que nos faz reviver da nossa infancia,por fazer vir as nossas memórias á superficie e por nos por em contacto uns com os outros...!!!
ResponderEliminarÉ nos olhares que está o segredo e beleza da fotografia. Da mãe,o
ResponderEliminarolhar já de sombra; o da filha, de luz. A luz que deu luz é a sombra
dessa luz . Como se a mensagem já tivesse chegado ao destino. É um
olhar de crepúsculo, mas a bem consigo.É mais um olhar para o
interior, já mortiço, que cumpriu a missão. Transmite à filha a luz
que lhe iluminou a vida.
Stabat Mater... E ouvem-se vozes ao longe. E um fio de música
apaziguador procura a plenitude. Os olhares não mentem.
Rogério Rodrigues.
Em criança esta senhora tomou muitas vezes conta de mim e do meu irmão - sempre com muito carinho e amor. Quando a minha Mãe ia para os Estados Unidos a passar umas semanas com o meu Pai, era ela a única pessoa em que a minha Mãe confiava completamente. Já de adolescente e quando a ia visitar nos dias de feira, oferecia-me sempre um cálice de licor de canela com uma cavaca que eram simplesmente deliciosas. Lembro-me dela com regularidade. A sua ternura ficou sempre comigo...
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