Dirigentes da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (Avidouro) colaram hoje cartazes de protesto na sede da Casa do Douro, na Régua, numa ação simbólica contra a tomada de posse do edifício pela nova gestão privada.
"Assaltantes da Casa do Douro para a rua", "O património da Casa do Douro é dos viticultores", ou "Governo para a rua", eram algumas das frases que se podiam ler nos cartazes que foram colocados no edifício localizado na cidade de Peso da Régua, distrito de Vila Real.
A dirigente da Avidouro, Berta Santos, referiu que este foi um "protesto simbólico" para marcar o dia depois da Federação Renovação do Douro (FRD) "ter forçado" a entrada na sede da Casa do Douro, que foi extinta enquanto associação pública em dezembro do ano passado.
A FRD ganhou o concurso público para a gestão privada da instituição em maio e garante ter legitimidade para entrar na sede, invocando, para o justificar, os decretos-lei do Governo e a escritura pública feita há quatro meses.
"Hoje quisemos chamar a atenção para este assalto à Casa do Douro, ao património de todos os viticultores", frisou Berta Santos.
A ação, que juntou cerca de duas dezenas de dirigentes da Avidouro, foi decidida depois de uma reunião de urgência convocada pela associação e onde ficou decidido avançar também com uma campanha de informação pelo Douro, chamando a atenção dos produtores para o "que se está a passar".
A Avidouro quer organizar ainda uma "grande manifestação de protesto" em frente à sede e garantiu que vai falar com os partidos de esquerda porque acredita que a "privatização da Casa do Douro ainda é um processo reversível".
Berta Santos lembrou que o PS em campanha assumiu que alteraria a decisão do Governo PSD/CDS-PP sobre a instituição.
Manuel António Santos, presidente da direção cessante da Casa do Douro, esteve presente em frente ao edifício e afirmou à agência Lusa que na segunda-feira avançaram para a "via judicial", esperando agora que o tribunal se pronuncie o mais rapidamente sobre o que classificou também como um "assalto".
"Ontem (segunda-feira) mesmo tomamos medidas que seguem a via legal, que terão uma decisão rápida. Nós temos que recuperar o edifício", salientou.
Referiu ainda que, segundo o decreto-lei governamental, o que passa para a associação privada é apenas o edifício e não o que está lá dentro, o recheio, que ainda permanece dentro da sede.
Manuel António Santos criticou ainda a posição da administradora liquidatária nomeada pelo Governo, que considerou ser "altamente conivente com a FRD".
No Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela estão em trânsito dois processos, um relacionado com a idoneidade do concurso que deu a gestão da CD à federação e outro que visa travar a nomeação da administradora Célia Custódio, que terá que proceder à liquidação das contas da antiga CD.
Criada em 1932 e com sede no Peso da Régua, a CD viveu durante anos asfixiada em problemas financeiros e possui uma dívida ao Estado na ordem dos 160 milhões de euros.
PLI // MSP
Lusa
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