terça-feira, 11 de agosto de 2015

A TERRA DO CHICULATE - ISABEL MATEUS

A Terra do Chiculate pretende retratar as vicissitudes da emigração portuguesa, maioritariamente clandestina, em França, a partir dos anos 60, e revelar as suas consequências positivas e negativas transportadas até ao presente, quer na pátria, quer no país de acolhimento.

Ao mostrar o difícil passado recente da emigração portuguesa, A Terra do Chiculate alerta, igualmente, para a vigência e a actualidade do tema da emigração clandestina neste início de século.
A obra divide-se em três partes e dá voz, através dos seus relatos, na primeira pessoa, aos seus “reais protagonistas”. Deste modo, os protagonistas do livro partilham com o leitor a sua realidade mais íntima que, em muitos casos, ainda não tinha sido exteriorizada, inclusive, no seio da própria família.
Na primeira parte, intitulada “Naufrágio”, a narração da criança, entregue aos cuidados da avó materna, com apenas 12 meses, centra-se nas suas memórias indeléveis da infância e da juventude, exprimindo, sobretudo, o modo como a ausência dos seus pais se reflecte, de forma nefasta, na sua vida. Aliás, a sua experiência individual remete a temática para um panorama mais vasto, pois a sua situação vai ao encontro da mesma realidade familiar e social de tantas outras crianças e jovens do Portugal rural, principalmente do Norte e Interior do país, durante a época da Ditadura.
A segunda parte, “Viagem(ns)”, trata dos percursos de vida daqueles que deram “o salto”, isto é, dos seus sucessos e infortúnios provenientes desta epopeia da era moderna. Entre outras, aqui perpassam as histórias do passador, da criança e dos jovens arrancados à terra de origem, bem como as referentes aos homens e às mulheres e aos seus muitos trabalhos que passaram para se adaptarem ao novo país, à língua e à cultura.
No presente, “os protagonistas” mais idosos desta efeméride deparam-se com outro tipo de problemas: surge o dilema do regresso para Portugal ou da sua permanência em França ou, então, a opção pelo contínuo vaivém entre os dois países, até que as suas forças físicas e psicológicas o permitam.
Quanto às várias gerações de luso-descendentes, debatem-se pela procura e pela afirmação da sua identidade portuguesa, resolvendo deste modo o conflito, por vezes existente, entre o desequilíbrio da influência das culturas francesa e lusa.
A última parte da obra resulta das impressões de viagem do narrador adulto em peregrinação pelos espaços da diáspora dos primeiros emigrantes portugueses, onde se incluem os seus próprios pais, os seus familiares e os seus amigos. A partir daqui, pretende-se que as suas reflexões e considerações elucidem o leitor acerca deste período da emigração ainda mal conhecida por muitos e, até então, com aspectos por desmistificar.
Podemos concluir que nestes relatos as vozes do Passado e do Presente se fundem e se confrontam, tendo o objectivo primordial de dar continuidade ao seu legado da portugalidade no país de acolhimento, ao mesmo tempo que se reafirma a mesma intenção em relação ao território português.

A informação relativa ao livro A Terra do chiculate está disponível no website http://www.isabelmateus.com/ ,a partir do qual também se poderá comprar o livro.

SABEL MARIA FIDALGO MATEUS nasceu nas Quintas do Corisco, Felgueiras — Torre de Moncorvo, em 1969, na década em que mais portugueses passaram a fronteira a salto com destino a França.
Licenciou-se em Português Francês na Universidade de Évora. Leccionou durante dez anos no ensino secundário em Portugal. Em 2001 emigrou para o Reino Unido. Aí prosseguiu os seus estudos na Universidade de Birmingham, onde obteve o grau de Doutor (PhD—Hispanic Studies) e na qual também ensinou língua e literatura.
Em edição da Gráfica de Coimbra 2 deu a lume, em Agosto de 2007, a obra a Viagem de Miguel Torga. Estreou-se na ficção com Outros Contos da Montanha, em Janeiro de 2009. Ainda em Dezembro do mesmo ano, publicou a colectânea de contos O Trigo dos Pardais, cujo tema reverte para a evocação das brincadeiras da infância em comunhão com a Natureza.
Na obra A Terra do Chiculate — Relatos da Emigração Portuguesa, a Autora contempla o fenómeno da emigração clandestina para França durante os anos 60 e as suas repercussões até ao presente pela voz dos "reais protagonistas". A seguir à pungente perspectiva infantil da primeira parte, surgem, durante a segunda, as confissões do passador, do emigrante do "bidonville", do torna-viagem, do empresário de sucesso, do "clochar" e de muitos outros intervenientes neste movimento migratório. Para, na última parte da obra, o leitor se dar conta que o eu inicial da criança apenas amadureceu devido à sua actual Peregrinação pelos meandros da problemática da emigração.

CONTINUAÇÃO:
Synopsis of the book: The Land of Chiculate

The Land of Chiculate – Accounts of emigration portrays the vicissitudes of Portuguese (illegal) immigrants in France during the 1960s and the positive and negative consequences that this remarkable migratory movement caused afterwards in Portugal and the host country.

Although The Land of Chiculate captures the engrained memories of Portuguese immigrants in France, the theme of emigration/immigration is timeless and these accounts might well describe the lives, thoughts and feelings faced by illegal immigrants around the world at the beginning of the new century.

The book is divided into three main parts.

In the first part, entitled "Shipwreck", the narrative is built around the memories of a young child left behind by her parents and brought up by the grandmother. The lack of both a mother and father figure leaves the child struggling to develop as she is unable to comprehend why she was left behind. The life and feelings of this child are probably similar to what has been experienced by the majority of children from the Portuguese rural areas whose parents emigrated to Europe.

The second part, entitled “Journey(s)”, brings together the successes and misfortunes of many protagonists of the diaspora. The accounts of the smuggler, the children and young people stripped from the land of origin and forced to be integrated into a new and unwelcome environment, the men and women with their many skills and established lives that needed to learn a new language and adapt to a new culture are voiced. It also portrays the struggle of present-day immigrants who are faced with the decision of returning to Portugal or staying in their adopted country, as well as the identity conflict experienced by second, third and even fourth generations of Portuguese immigrants.

In the final part of the book, the child has become an adult and follows the footsteps of the first Portuguese immigrants, her own parents, relatives and friends. With hindsight, the narrator revisits this diasporic space with the purpose of showing the reader this intimate reality that is often concealed for a vast majority of people.

Reedição de posts desde o início do blogue

5 comentários:

  1. CONTINUAÇÃO:
    ISABEL MARIA FIDALGO MATEUS nasceu nas Quintas do Corisco, Felgueiras — Torre de Moncorvo, em 1969, na década em que mais portugueses passaram a fronteira a salto com destino a França.
    Licenciou-se em Português Francês na Universidade de Évora. Leccionou durante dez anos no ensino secundário em Portugal. Em 2001 emigrou para o Reino Unido. Aí prosseguiu os seus estudos na Universidade de Birmingham, onde obteve o grau de Doutor (PhD—Hispanic Studies) e na qual também ensinou língua e literatura.
    Em edição da Gráfica de Coimbra 2 deu a lume, em Agosto de 2007, a obra a Viagem de Miguel Torga. Estreou-se na ficção com Outros Contos da Montanha, em Janeiro de 2009. Ainda em Dezembro do mesmo ano, publicou a colectânea de contos O Trigo dos Pardais, cujo tema reverte para a evocação das brincadeiras da infância em comunhão com a Natureza.
    Na obra A Terra do Chiculate — Relatos da Emigração Portuguesa, a Autora contempla o fenómeno da emigração clandestina para França durante os anos 60 e as suas repercussões até ao presente pela voz dos "reais protagonistas". A seguir à pungente perspectiva infantil da primeira parte, surgem, durante a segunda, as confissões do passador, do emigrante do "bidonville", do torna-viagem, do empresário de sucesso, do "clochar" e de muitos outros intervenientes neste movimento migratório. Para, na última parte da obra, o leitor se dar conta que o eu inicial da criança apenas amadureceu devido à sua actual Peregrinação pelos meandros da problemática da emigração.

    ResponderEliminar
  2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar
  3. Martins Janeira,António Júlio Andrade e Isabel Mateus são três nomes que dão orgulho a Felgueiras e todos os moncorvenses.Comprei e li com muita satisfação os "Novos Contos da Montanha"e tenho de saber quando o livro fica à venda e quando é apresentado cá.
    Um seu leitor

    ResponderEliminar
  4. Aguardamos "A Terra do Chiculate" com a convicção de que a autora traz até nós mais uma obra de qualidade.Tratando de um tema que a todos nós,portugueses,interessa,será grande o prazer da leitura desta nova obra da autora.
    Parabéns,Isabel, e muito sucesso.

    Leonel Brito

    ResponderEliminar
  5. Para saber mais:
    LUSOJORNAL
    http://www.lusojornal.com/

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.