No Douro, todas as atenções estão por estes dias centradas nas vinhas onde se começam a cortar as uvas e se perspetiva uma boa colheita em qualidade e quantidade, que poderá atingir os 20% nesta vindima.
Entre finais de agosto, setembro e outubro, os socalcos durienses enchem-se de cores e de gente. O tempo quente e seco acelerou as maturações e aqui e ali já se ouve o som das tesouras a cortar os cachos e o barulho dos tratores.
Na Quinta do Vallado, perto do Peso da Régua, distrito de Vila Real, colhem-se as uvas brancas.
As perspetivas para este ano são bastante boas. Prevemos um aumento da produção entre os 05 e 10% em relação à média”, afirmou o responsável pela quinta, Francisco Ferreira.
A média de precipitação no Douro este ano foi cerca de 450 mililitros, enquanto a média dos últimos 30 anos foi de 750 mililitros. Em termos de temperatura, a região registou mais dois graus do que a média neste território. “Apesar destas condições, as uvas estão bastante íntegras, não se vê stress hídrico o que se deve ao facto de o mês de agosto não ter sido muito quente e ao tipo de solo que temos, um xisto fraturante que permite que as raízes entrem em profundidade para capturar água”, salientou.
Em termos sanitários foi também um “bom ano”, sem a ocorrência de doenças. “Desde que, daqui para a frente, as condições climatéricas não sejam extremas, acho que este poderá ser um grande ano especialmente aqui no Baixo Corgo”, afirmou.
As previsões para a região são boas em qualidade e quantidade. De acordo com as perspetivas de vindima do Instituto da Vinha e do Vinho, a produção de vinho na Região Demarcada do Douro deve aumentar 20% em 2015/2016 face à campanha anterior para cerca de 1,7 milhões de hectolitros.
Na região as previsões de vindima são feitas pela Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), que avançou com uma produção nesta vindima a rondar entre as 278 e as 300 mil pipas de vinho, o que se traduz num aumento de 20 a 30% comparativamente com o ano passado.
Para esta fase inicial a Quinta do Vallado precisa de menos mão-de-obra. O grosso dos trabalhadores é chamado para a colheita dos tintos, que se iniciará dentro de dias.
“As vindimas são o culminar de um ano inteiro de trabalho na vinha”, afirmou o feitor da propriedade, Paulo Rodrigues. É um trabalho que faz há cerca de 30 e diz que, neste período, muita coisa mudou na região.
A vindima ainda é, na sua opinião, uma festa, mas “nada do que era antigamente”. “Cantava-se, ria-se, agora pouca gente faz isso. As tradições estão a mudar”, salientou. Referiu que o trabalho está também agora mais facilitado pela mecanização, já que os tratores percorrem os socalcos e se tornou mais fácil o transporte das uvas.
Jorge Rodrigues, de Vilarinho dos Freires, concelho da Régua, corta uvas, um trabalho que antes era quase exclusivo das mulheres, mas que agora também é feito por muitos homens.
Gosto da vindima mas dói muito a coluna porque estamos aqui agachados o dia todo. Apesar disso antigamente era pior porque tínhamos que subir os socalcos com os cestos de 50 quilos às costas e leva-los a pé para os lagares”, frisou.
Ano Sofia trabalha para um empreiteiro agrícola, que presta serviços na quinta, e vem todos os dias de Resende para o Douro. “Este não é um trabalho difícil, até é dos que eu mais gosto de fazer. Não se apanha tanto frio e é divertido. Fazemos de tudo ao longo do ano, tudo o que a vinha tem, a gente faz”, afirmou.
Na Região Demarcada do Douro existem cerca de 23.500 viticultores e à volta de 1.700 centros de vinificação, dos quais cerca de 150 concentram mais de 90% de toda a produção deste território.
Fonte: http://observador.pt/2015/08/21/no-douro-ja-se-vindima-a-espera-uma-boa-colheita/
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