Nem para fazer de comer nem para se lavarem. Falta água nas torneiras de várias povoações de Bragança. Já são 15 as aldeias que diariamente estão a ser abastecidas pelos bombeiros.
A seca que se tem prolongado e o aumento de consumo com a chegada de emigrantes fazem com que, todos os dias, os autotanques tenham que transportar milhares de litros de água da rede pública da cidade para os reservatórios nas aldeias.
Luísa Afonso mora na aldeia de Outeiro. Mesmo com o abastecimento dos bombeiros a água não chega. "Nada, para nada. Nem para sanitas, nem para comida, nem para outra coisa. Claro que quando vêm os bombeiros, sim, mas a água não é suficiente porque está cá muita gente e falha". Na mesma aldeia, Zé Luís vive no lar de idosos, diz que falta é constante. "Há dias que não temos água nenhuma e vem água de Bragança em garrafões aqui para o lar, para podermos beber e para nos podermos lavar e para tudo. Natural de Outeiro, Maria Cândida está há 22 anos em França. Estas férias estão a ser difíceis. "É muito complicado a gente levantar-se às sete da manhã para tomar banho e termos falta de água. Estamos à espera até à noite, que os bombeiros tragam água para fazer a lida da casa".
Em Baçal, a 7 quilómetros de Bragança a situação é idêntica. Catarina Pires chegou de Espanha há poucos dias." Venho cá nas férias. Tenho aqui casa e dá-me raiva vir cá e não ter água...é uma miséria". Se para as pessoas é complicado, numa zona agrícola como esta, não é fácil satisfazer as necessidades dos animais. José Lopes é agricultor na aldeia de Rabal e está a ver-se aflito com a seca. " Há animais que não saem para a rua e é preciso dar-lhes de beber e se não há água como é que fazemos? Ainda há dias o que me valeu é que tinha ali um bidon de mil litros para lhe dar de beber, aos porcos e às galinhas".
Esta é uma situação que nos últimos anos se tem repetido no verão. Este ano, diz José Fernandes, Comandante dos Bombeiros de Bragança, está pior. "Efetivamente este ano estamos a abastecer mais cedo, mais aldeias e como é óbvio com maior quantidade de água. Temos duas equipas com quatro autotanques que praticamente é só esse serviço que fazem, todos os dias. Neste momento estamos a abastecer doze a quinze aldeias".
A autarquia já acionou o plano de emergência municipal no passado dia 24 de Julho, que contempla, numa primeira fase, a redução para metade, na rega dos jardins públicos. Segundo o presidente da Câmara a continuar esta situação de seca e com estes consumos por parte da população só haverá água para os próximos 80 dias. Hernâni Dias diz que mais medidas de contenção poderão vir a ter de ser usadas. " Neste momento, sem perspetivas de chuva, teremos de implementar outras medidas que passarão, por exemplo, pela proibição de rega de todos os jardins privados, também de lavagem de viaturas, nós próprios, suspendermos a rega de todos os jardins da cidade e também impor o chamado tarifário proibitivo que tem preços demasiadamente altos a partir dos dez metros cúbicos de consumo".
Fonte: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=4736310
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