Maria Garcia, 81 anos, Ligares |
Nasceu
como um dia lhe chamaram, “no termo de Freixo”, em Ligares. Não sabe ler,
faz-lhe muita falta, confessa, mas ainda assim trabalhou em França, na Alemanha
e nos Estados Unidos da América. Já não se recorda em que Estado. Os “falares”
dos países por onde andou, nunca foram impedimento para que Maria Garcia se
fizesse à vida, ela e o marido.
Ao todo eram seis irmãos, nunca
passaram fome, diz, mas os pais tiveram que trabalhar muito. “Tínhamos só a
fartura de pão e de batatas e dessas coisinhas das hortas o meu pai fazia por
isso, tínhamos hortinhas, tínhamos tudo, frutas, disso tínhamos tudo graças a
Deus mas as grandezas não era muitas”.
Com 15 anos já trabalhava à jeira e ia
ao rebusco do minério no Candedo, três horas ou mais de caminho, “foi duro,
sabe Deus, mas hoje Graças a Deus estamos bem”. A emigração trouxe-lhe novo
fôlego. Foi na América que governou a vida durante mais de vinte anos e deixou
lá três filhos que vêm para a festa em Ligares, no verão. É aqui que encontram
raízes e se sentem perto da sua história e onde Maria, dos seus 81 anos, conta aos netos as histórias da terra que a
viu partir muitas vezes e do lugar onde sabia que um dia iria regressar.
Joana Vargas
(abril de 2015)
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