Caros Amigos:
Como tínhamos informado, no passado dia 21 de maio decorreu
no auditório Paulo Quintela em Bragança o encerramento dos Conselhos Raianos:
Áreas Protegidas, Cidadania, Desenvolvimento e Cooperação
Transfronteiriça, evento que contou com
cerca de oitenta participantes, oriundos de Trás-os-Montes, de Castela Leão e
da Galiza, e representantes das autarquias, de serviços de conservação da
natureza, peritos ambientais e residentes nas áreas protegidas.
Estamos muito satisfeitos por ter sentado à mesma mesa
representantes de todos os setores implicados nesta problemática, e de ter dado
início ao debate entre as populações e os serviços em geral, na medida em que
uma das críticas mais consistentes, escutada em todas as jornadas, foi a da
falta de diálogo por parte dos responsáveis pelos Parques Naturais, a imposição
de projetos sem os discutir com as populações e o recurso reiterado às multas e
à força.
Remetemos em anexo um ficheiro com o texto deste correio
ilustrado com fotografias e uma proposta de criação do Conselho de Avaliação da
Gestão dos Parques Naturais destinado a avaliar as queixas dos lesados dos
parques, proposta que agradecemos que nos ajudem a divulgar junto de todos
quantos se identifiquem com o seu conteúdo para que a possam subscrever.
Sem poder ainda fazer um balanço mais aprofundado, na medida
em que são extensos e interessantes os depoimentos registados, torna-se-nos
claro que o problema não passa pela extinção das Áreas Protegidas, mas antes
por reformular a legislação à luz de novos paradigmas em que deve assentar a
conservação da natureza, e que todas as políticas a desenvolver no terreno
deverão ter em conta o diálogo permanente com as populações de forma a criar
nestas o orgulho de habitar esses espaços. Como sublinharam alguns oradores,
num mundo globalizado, são cada vez mais importantes as marcas, e as áreas
protegidas podem ser uma excelente forma de promover as regiões. Por outro
lado, e como outro orador lembrou, não possuíam os antigos camponeses
motosserras e buldózeres com as quais é possível devastar toda uma montanha
enquanto o diabo esfrega um olho.
Foram apontadas algumas causas do despovoamento e
equacionados alguns problemas agrícolas que não se afiguram de solução fácil,
tendo em conta a economia neoliberal e a sociedade globalizada em que estamos
inseridos. No entanto, um facto indesmentível é o de que os espaços rurais
estão a ficar sem gente, situação que se fica a dever essencialmente à
inexistência de atividades económicas que garantam perspetivas de futuro, para
além de muitas aldeias, pelo menos no Parque Natural de Montesinho, continuarem
sem saneamento, o que diz bem do abandono a que as bem intencionadas políticas
de conservação da natureza as têm condenado.
Com exceção honrosa para os media regionais, uma das notas
mais negativas ficou a dever-se à não comparência da comunicação social
nacional, desculpando-se os responsáveis da RTP com a falta de pessoal na
região, contribuindo assim deste modo para o despovoamento e o abandono a que o
interior parece estar condenado, pois as notícias fundadas na divulgação do ridículo
e do incidental em que parecem assentar os seus critérios editoriais, não promovem a autoestima e o orgulho de
todos os que habitam estes territórios.
O Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento
Rural fez-se representar pelo Vice-Presidente do Conselho Diretivo do Instituto
de Conservação da Natureza e das Florestas, Eng.º João Pinho, que escutou desde
o início e com redobrada atenção todas as propostas e queixas apresentadas, e
que se comprometeu a transmiti-las aos responsáveis governamentais, bem
como a estudá-las no âmbito das
competências do ICNF que dirige.
A encerrar os Conselhos Raianos, os participantes
confraternizaram à volta de uma mesa com petiscos regionais nos claustros da
Biblioteca Municipal, oferta da Câmara de Bragança e que foi animado com a
música dos Pedra D’Ara.
Com o encerramento dos Conselhos Raianos, termina também a
missão dos espantalhos do Espantalharte Varge-2015, que não recusaram viajar
nas camionetas das Câmaras de Vinhais, de Galende e de Bragança, com o intuito
fisgado de dizer nos Conselhos Raianos o que pensam sobre as Áreas Protegidas,
restando-lhe agora regressar aos braços dos seus criadores.
Ficam aqui os nossos sinceros agradecimentos a todos quantos
tornaram possível estas jornadas.
Saudações raianas.
(Francisco Manuel R. Alves)
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