O festival regressa para a sua 24.ª edição entre 24 de Junho
e 9 de Setembro e passa por 30 cidades de 11 países.
Quando José Saramago aceitou, em 1992, o convite de um grupo
de estudantes italianos para ir conhecer a sua cidade, na Toscana, começou um
intercâmbio cultural entre Portugal e Itália que se estende, hoje, a onze
países do Mediterrâneo e do norte de África. O Festival Sete Sóis Sete Luas,
criado em 1993 com o nome dos protagonistas de Memorial do Convento, ocupa,
entre 24 de Junho e 9 de Setembro, municípios como Ponte de Sor, Alfândega da
Fé, Oeiras, Odemira e Castro Verde, com concertos, teatro, dança e degustações.
O festival promove o intercâmbio cultural entre países e
defende a mobilidade de artistas por esta rede de países, privilegiando as
periferias em detrimento de grandes centros urbanos. Esta edição chega a países
como Espanha, França, Itália, Brasil e Cabo Verde. “A diversidade cultural e
gastronómica é um património que devemos conhecer e proteger”, disse Marco
Abbonanza, director do festival, em conferência de imprensa esta quarta-feira,
na Fundação José Saramago.
São quatro os centros culturais do festival que organizam
exposições e laboratórios de criatividade e gastronomia e degustações, e estão
localizados em Ponte de Sor, Frontignan (França), Pontedera (Itália), e Ribeira
Grande (Cabo Verde). O último, inaugurado em Janeiro deste ano, foi construído
com os 50 mil euros do prémio Caja Granada, atribuído ao festival em 2009.
A formação é uma das novas apostas da organização, e
junta-se à habitual orquestra que se forma a cada edição com músicos de países
e experiências diferentes. “Vamos organizar a Revelação Sete-Sóis, em que
jovens de cidades como a Sicília e a Toscana e das ilhas de Cabo Verde participantes
têm a oportunidade de integrar a nova orquestra”, conta Marco Abbonanza.
A internacionalização dos artistas portugueses, que conta
com o apoio do Instituto Camões, é um dos objectivos do festival, que este ano
apresenta um concerto de Cuca Roseta, no dia 22 de Julho, em Pontedera, Itália.
A Luasiberica Orkestra, formada na edição anterior, funde as sonoridades de
Andaluzia, Brasil, Itália e Portugal e vai este ano viajar a vários países do
universo Sete Sóis Sete Luas. “O festival leva música de qualidade e variada às
pessoas, é uma experiência muito rica e humana”, diz Celina da Piedade, membro
do grupo.
Ponte de Sor é o centro cultural português do festival e o
presidente da Câmara do município, Hélder Hilário, reconhece “é importantíssimo
conhecer novas gentes e novas culturas e levar os artistas portugueses lá
fora”. Já Alfândega da Fé apenas está presente no festival há cinco anos mas
quer acolher, também, um centro cultural no futuro, e poder investir no ensino
artístico dos jovens. “A cultura é essencial para o desenvolvimento moral e
espiritual do ser humano”, diz Berta Nunes, presidente da Cãmara de Alfândega
da Fé. Também Ana Runkel, do pelouro da Educação, Cultura e Promoção do
Conhecimento da Câmara Municipal de Oeiras, destaca a importante missão que o
Festival Sete Sóis Sete Luas tem em “colectivizar o que é a cultura dentro da
diversidade”.
A programação do festival oferece uma panóplia de géneros e
sonoridades, como a guitarra de world music de Manecas Costa, da Guiné-Bissau,
indicado aos Grammy em 2009, os Tribali Music, um grupo da Malta que toca com
instrumentos do Nepal e da Índia, e os Rhymes Des 7Lunes, cinco músicos de Cabo
Verde, Israel, Itália, Marrocos e Portugal, coordenados por José Peixoto,
ex-membro dos Madredeus.
Há lugar, também, para a companhia de circo L’Ptits Bras, o
teatro de Markeliñe e a exposição de arte urbana de Alicé e Zed1. É a diluição
de fronteiras territoriais e artísticas que obedece ao simbolismo de sonho e
liberdade da passarola, imagem do festival Sete Sóis Sete Luas, que pretende
continuar a expandir-se na partilha e encontro de expressões da arte
contemporânea.
Texto editado por Isabel Coutinho
Fonte: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-festival-sete-sois-sete-luas-e-uma-ode-a-diversidade-cultural-1736008
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