
Mas, em 1951, Amélia foi internada nos Hospitais da
Universidade de Coimbra. Depois da observação clínica, a veracidade dos sinais
que tinha no corpo foi abalada e nunca mais regressou a casa. Ainda está viva,
tem 93 anos e vive em Bragança, numa casa de acolhimento, afastada. «Está
velhinha e já quase não fala», diz Ermelinda, 86 anos, uma das melhores amigas,
recusando-se a desvendar se Amélia lhe confessou a verdade sobre as aparições.
«Não posso contar nada. Prometi que não dizia. Mas ela não queria nada do que
aconteceu e não gostava de publicidade. E dizia muitas vezes que “com Deus não
se brinca”.» Recentemente, Amelinha recebeu a visita de Aida Borges, que nasceu
em Vilar Chão em 1975, cresceu a ouvir as histórias da «santa» da terra e
escreveu um livro inspirado nesta história, Corpo sem Chão, lançado em 2013.
«Confirmou toda a história, validou tudo», adianta Aida Borges.

«Soube‑se depois que era feita com tintura
de iodo», diz Alfredo Peixe, filho do fotógrafo oficial de Amelinha. Alfredo conviveu de perto com o
fenómeno, pois através dos irmãos Flores, o padre e o médico, o pai tinha
conseguido o exclusivo das fotografias da vidente. «Só ele tinha autorização
para fotografar a rapariga.» Para isso, passava horas em casa de Amelinha a
brincar com o filho do médico. «Um dia descobri debaixo da cama uma cesta cheia
de objetos de ouro, como cordéis, medalhas, crucifixos.» Eram doações dos fiéis
que visitavam o local. Alfredo Peixe, hoje com 79 anos, garante que a história
«foi inventada» para que Vilar Chão se tornasse a «nova Fátima». «Eles até
chegaram a falar na possibilidade de Amelinha morrer, mas tiveram medo. Foram
eles que planearam tudo. O milagre do Sol foi uma espécie de eclipse e todos os
supostos milagres eram encenados, como num dia em que caíram gotas de água do
céu no quarto da Amélia: na realidade, apagavam‑se as
luzes e ela com uma seringa fingia tudo.»

«Até meados do século XX, os videntes eram essencialmente
crianças», diz o investigador Aurélio Lopes. «Depois começaram a ser mulheres,
de 20 ou 30 anos.» Foi o caso de Amelinha, de Alfândega da Fé. E também o de
Maria da Conceição Mendes Horta, que ficou conhecida como Santa da Ladeira.
Seguida por uma multidão que acreditava nas suas visões de Nossa Senhora e na
sua capacidade de curar pessoas, falar com entidades divinas e levitar, Maria
da Conceição morreu em 2003, com 72 anos. Para trás, deixava quatro décadas de
culto.(...)
Veja na totalidade a reportagem em:
http://www.noticiasmagazine.pt/2016/as-aparicoes-que-nao-ficaram-na-historia/#ixzz4AVEOzrQ6
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