Tiago Manuel Ribeiro Patrício, 32 anos, farmacêutico, é o terceiro vencedor deste prémio que, além do valor pecuniário, garante a publicação da obra através da editora Gradiva.
Na acta do júri, presidido pelo escritor Vasco Graça Moura, a que a Lusa teve acesso, salientam-se “as qualidades de escrita reportadas à dureza de um universo infantil numa aldeia de Trás-os-Montes e à maneira como o estilo narrativo encontra uma sugestiva economia na expressão e comportamentos das personagens”.
O Prémio, instituído pela Estoril Sol em 2008 por ocasião do seu 50.º aniversário, distingue um romance inédito de autor português até 35 anos, sem qualquer obra publicada no género.
O júri foi composto ainda por Guilherme d’Oliveira Martins, em representação do Centro Nacional de Cultura, José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, e ainda Maria Alzira Seixo e Liberto Cruz, convidados a título individual, e Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.
O vencedor deste ano, Tiago Manuel Patrício, nasceu no Funchal, é orientador de um curso de poesia no Hospital Psiquiátrico do Telhal e realiza uma residência artística no Estabelecimento Prisional do Linhó, no âmbito dos projectos EVA (Exclusão -- Valor Acrescentado).
Trabalha como dramaturgo com várias companhias de teatro, nomeadamente o Teatromosca (Sintra), Estaca Zero e Ponto Teatro (Porto), para as quais escreveu diversas peças (“Paula Rego”, “Hellen Keller”, “Snipers” e “Lugares”).
A sua peça “Checoslováquia” recebeu a Menção Honrosa no prémio luso-brasileiro de dramaturgia António José da Silva, obra que, em Setembro último, foi apresentada no Teatro Nacional D. Maria II, numa leitura encenada.
08.11.2011 Fonte: Lusa
Nota: os pais de Tiago Patrício são naturais de Mós (Moncorvo).
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Parabéns Tiago. É um orgulho para a nossa terra. Espero poder adquirir o livro e autografá-lo em breve.
ResponderEliminarLopes Manuel Artur disse: pequena reteficacao Os pais do Tiago Patricio o pai e de Mos mas a mae e da Carvicais
ResponderEliminarFormidável! Um orgulho para Trás-os-Montes , para Mós e Carviçais e, naturalmente, para Moncorvo. Afinal, para todos nós.
ResponderEliminarParabéns ao autor.
Onde aaquirir o livro?
Júlia Ribeiro
O autor, Tiago Manuel Ribeiro Patrício, nasceu no Funchal, em Janeiro de 1979, mas passou toda a infância e adolescência em Trás-os-Montes. Entrou para o curso de Oficiais da Escola Naval como voluntário, realizando várias comissões de embarque em navios de guerra e participando em regatas internacionais.
ResponderEliminarNo final de 1999 regressou à vida civil, para ingressar na Faculdade de Farmácia, que concluiu após 8 anos “ e muitos projectos paralelos”. De facto, fez escrita criativa em 2001, na Aula do Risco e realizou vários cursos de aperfeiçoamento em Imprensa no CENJOR, entre 2001 e 2003.
Foi membro do jornal “Os fazedores de Letras”, entre 2002 e 2007, e escreveu para o suplemento “DNJovem” durante o mesmo período.
Faz teatro desde 2000 e foi um dos fundadores do Grupo de Teatro Com-Siso, com várias peças apresentadas de 2002 a 2005.
Em 2006 entrou para o Grupo de Teatro de Letras, onde fez formação intensiva com Ávila Costa e com o qual mantém, até hoje, uma ligação estreita.
A sua poesia foi seleccionada e publicada nas colectâneas Jovens Escritores do Clube Português de Artes e Ideias, entre 2007 e 2010.
Sobre o romance “Trás-os-Montes”, Tiago Patrício revela que foi iniciado quando tinha 19 anos, depois de não ter conseguido entrar no curso de Medicina e ter decidido tentar melhorar a média de acesso à Universidade. “Talvez tivesse sido apenas uma daquelas desculpas providenciais – confessa -, para tornar aceitável a opção de passar um ano em casa a ler, todos os livros da biblioteca municipal. Lia 3 a 4 livros por semana, daquela colecção “Dois Mundos”, desde Steinbeck, Camus, Hemingway, até Marguerite Duras, André Malraux, Kundera e Vergílio Ferreira, cujo texto “Aparição”, de leitura obrigatória no 12º ano, intensificou a minha relação com a literatura e levou-me, pela primeira vez, a querer tentar escrever”.
CONTINUA
“E foi nesse ano sabático – explica -, que comecei o meu primeiro romance, onde quis meter tudo, desde a primeira infância até à véspera, com mais de trinta personagens e histórias paralelas dos meus avós e bisavós. Era um texto em que queria justificar coisas, reabilitar-me. Havia muitos diálogos ingénuos e sem fulgor nenhum, mas ficou o substrato daquela tentativa de escrever aos 19 anos um longo romance”.
ResponderEliminar“ No ano seguinte – conta - voltei a falhar a entrada em Medicina e fui parar à Escola Naval, por questões hereditárias. Quase todos os meus tios passaram pela Marinha de Guerra e, para além disso, achava que a única maneira de regressar ao Funchal, a cidade onde vivi até aos 9 meses de idade, seria a bordo de um navio”.
“Durante a infância em Trás-os-Montes, eu era o único que tinha andado de avião, que tinha visto o mar e que tinha nascido fora daqueles 30 Km2 em redor da aldeia. Acho que desenvolvi uma certa obsessão pelo Funchal e pela ilha da Madeira, e, por vezes, usava isso como ponto de fuga e dizia: “Eu nem sequer sou daqui, o meu lugar é numa cidade grande no meio do mar e não aqui no meio dos montes”. Mas apesar de rodeado de terra, Trás-os-montes foi e é ainda um conjunto de ilhas isoladas”.
E continua:
“E regressei de facto aos 20 anos, como tripulante de uma fragata, a F486 - Baptista de Andrade. A vida na Escola Naval não era má. Comíamos bem, tínhamos uma vista magnífica sobre Lisboa e havia muitas horas de ócio, em que aproveitava para voltar à escrita do romance e à poesia. Havia alturas em que escrevia um poema por dia, sempre em soneto.
Mas a sensação de isolamento e de perda de tempo começou a reabrir novas brechas naquele edifício estável, com uma carreira definida até ao fim da vida e com todos os privilégios de um Oficial da Marinha. Foi disso tudo que prescindi no final de 1999, com o ingresso na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa”.
Tiago Patrício mais revela de si:
“Fui morar para Benfica e a minha casa teve várias noites com tertúlias, música e leituras de poesia. Obviamente que chumbei nesse primeiro ano e nunca mais voltei a ser aquele bom aluno da escola secundária”.
“Fiz um curso de escrita criativa, fui viajar de comboio pela Europa, entrei para o jornal “Os Fazedores de Letras”, comecei a fazer teatro e a trabalhar em estudos de mercado, deixei de escrever sonetos e adoptei o verso livre depois de ler Fernando Pessoa, Ruy Belo, Mário Cesariny, Herberto Helder, João Miguel Fernandes Jorge e Al Berto”.
“Mas a Faculdade – recorda - serviu para conhecer a minha companheira e a mãe do nosso filho. Passámos a viver juntos logo aos 23 anos e ela mantém-se como a minha leitora mais exigente. Este romance nunca teria sido seleccionado para o prémio Estoril-Sol, sem as alterações que ela propôs durante as várias revisões ao texto”.
CONTINUA
“Entretanto - evoca - os meus poemas começaram a ser seleccionados para prémios a partir de 2007, especialmente para os Jovens Criadores, do Clube Português de Artes e Ideias (CPAI). Ainda nesse ano, a minha primeira residência em Praga, que o CPAI me proporcionou, tornou-se decisiva, porque me deu a entender que podia viver para a escrita. Mesmo sem saber se seria possível viver da escrita”.
ResponderEliminar“Depois da segunda residência em Praga, no Outono de 2010, decidi preparar, finalmente, o meu primeiro romance, porque já era tempo e estava na altura de concorrer ao prémio Agustina Bessa-Luis”.
E revela mais: “ Entre as quatrocentas páginas do manuscrito inicial, concentrei-me no final da infância dos personagens e, a partir daí, desliguei-me da história biográfica e tentei dar-lhes a autonomia, que eu considerava essencial, para construir uma série de momentos de tensão narrativa e de algum fulgor poético”.
“ Nessa altura - diz - já tinha lido mais de dez livros da Agustina e de Lobo Antunes, já tinha estudado a obra da Maria Gabriela Llansol e analisado quase todos os livros do Gonçalo M. Tavares”.
E fala ainda doutras influências: “ Para além de muitos outros textos de referência da literatura portuguesa, os romances curtos de Peter Handke, Ian McEwan, Samuel Beckett, Virgínia Woolf, Clarisse Lispector, Flannery O’Connor e o teatro de Jean-Paul Sartre, Heiner Müller e George Büchner, também ajudaram a tecer as linhas mestras desta narrativa”.
“Desde o princípio que tentei manter uma atmosfera densa mas de leitura fluída e apostar numa riqueza formal, com um trabalho sobre a própria linguagem, sem perder a noção de economia narrativa. Porque em tempos de austeridade – conclui em tom pragmático - é necessário poupar nas palavras, mas sem abandonar o tom que seduz o leitor e mantém o texto à distância da simples ilustração quotidiana.”
No plano profissional, Tiago Patricio trabalhou como farmacêutico Adjunto na Farmácia de Vila do Bispo (Algarve) durante o ano de 2008 e, a partir de 2009 passou a trabalhar apenas a tempo parcial, até 2010, no Hospital Prisional de Caxias (Lisboa) e, actualmente, na Farmácia de Laveiras (Oeiras).
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É orientador de um curso de poesia, no Hospital Psiquiátrico do Telhal, desde Maio de 2010 e realiza, ainda, uma residência artística no Estabelecimento Prisional do Linhó, no âmbito dos projectos EVA (Exclusão – Valor Acrescentado).
ResponderEliminarTrabalha como dramaturgo com várias companhias de teatro, Teatromosca (Sintra), Estaca Zero e Ponto Teatro (Porto), para as quais escreveu diversas peças (“Paula Rego”, “Hellen Keller”, “Snipers”, “Lugares”)
Em Setembro de 2011, a sua peça “Checoslováquia” foi apresentada no Teatro Nacional D. Maria II, numa leitura encenada, após a atribuição da Menção Honrosa no prémio de dramaturgia Luso-Brasileiro, António José da Silva.
Versátil, escreve, ainda, canções para a cantora japonesa Hana Koguré e o projecto “Palavras ao Vento” esteve em digressão por algumas cidades do país. Neste momento está a realizar um projecto de residência artística, no Estabelecimento Prisional do Linhó, patrocinado pelo Clube Português de Artes e Ideias e pela Direcção Geral dos Serviços Prisionais.
Tiago Patrício é um autor multifacetado que não se conforma com rotinas. Presentemente, está ainda a preparar um mestrado em Teoria da Literatura. na Faculdade de Letras de Lisboa.
O Júri do Prémio Revelação Agustina-Bessa Luís, integrou, além de Vasco Graça Moura, que presidiu, Guilherme D`Oliveira Martins, em representação do CNC – Centro Nacional de Cultura; José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores; Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas; Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários; e, ainda, Maria Alzira Seixo e Liberto Cruz, convidados a título individual e Nuno Lima de Carvalho e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.
De acordo com o Regulamento só poderiam concorrer a este Prémio Revelação autores portugueses até aos 35 anos, com um romance inédito e ”sem qualquer obra publicada no género”. O valor do Prémio são 25 mil euros. A iniciativa conta, desde o primeiro momento, com o apoio da Gradiva, que assegura a edição da obra vencedora, através de um Protocolo com a Estoril Sol.
http://www.rostos.pt/inicio2.asp?cronica=132383&mostra=2&seccao=cultura&titulo=Juri-elege-por-unanimidade-Tras-os-Mont
AINDA NÃO HÁ LIVRO.
ResponderEliminarA iniciativa conta, desde o primeiro momento, com o apoio da Gradiva, que assegura a edição da obra vencedora, através de um Protocolo com a Estoril Sol.
Na galeria dos autores e homens de letras deTorre de Moncorvo é consolador acrescentar mais um rosto. Parabéns! J. Andrade
ResponderEliminarmais um vulto literário em Torre de Moncorvo, motivo de orgulho para todos. Parabéns!
ResponderEliminarA.A.