quinta-feira, 4 de agosto de 2016

TORRE DE MONCORVO - ESCAPARATE - II

AUTOR

António Manuel Ramos Pimenta de Castro, nasceu em Salvador, freguesia da vila de Arcos de Valdevez, a 20 de Outubro de 1953. É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e professor efectivo na Escola Secundária Dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo. É, actualmente, o presidente da Assembleia da referida Escola. Foi, durante vários anos, colega, nesta Escola Secundária, do Sr. Padre Rebelo, de quem se tornou grande amigo. O autor vive, há cerca de vinte e cinco anos em Mogadouro, onde casou e tem dois filhos. Tem colaborado em muitos jornais e revistas (sobretudo regionais), proferido várias conferências e participado em inúmeros eventos culturais.
É sócio fundador da Associação Judaica Memória - Zicaron Abotenu, da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Fórum Terras de Mogadouro.
E sócio da União dos Escritores e Artistas Transmontanos e Altodurienses (UNEARTA), Associação Cultural Mogadouro Vivo, do Projecto Arqueológico para a Região de Moncorvo (PARM), da Confraria Gastronómica Panela ao Lume, da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos e da Associação de Amizade Portugal-Israel.(Continua nos comentários)

Reedição de posts desde o início do blogue.

8 comentários:

  1. cONTINUAÇÃO:
    PREFÁCIO

    Escrever a esta distância sobre o padre Rebelo, é sempre um acto recheado de afectos e de memórias.
    Não comungando do mesmo ideário religioso, separava-nos a diferença entre a fé que não tenho e a espiritualidade que aprofundo, críamos ambos num Homem melhor e numa Humanidade mais justa.
    Por caminhos diferentes procurávamos o mesmo destino.
    Sempre conheci o padre Rebelo mais como professor do que como sacerdote, mais estudioso da cultura popular transmontana e alto duriense.
    Como mortal, deve ter tido alguns defeitos, mas só me lembro das suas qualidades.
    Foi um homem condescendente em tempos obscuros e de intolerância; foi um homem tolerante em tempos posteriores de excesso e radicalismo.
    Mas o padre Rebelo foi sempre um homem na sua solidão assumida, na partilha praticada. Partilha dos escassos bens, dos muitos afectos e conhecimento.
    Era uma frágil figura, de andar esguio e quase silencioso, de palavra sussurrada, incapaz de um grito, não sujeito à ira nem à cólera.
    Nunca foi um homem de grandes gestos; passou na vida como um ribeiro límpido e rumorejante.
    Deixou uma obra dispersa, sem a profundidade desejada. Exilado no interior, não tinha a possibilidade de acesso às grandes bibliotecas das ciências humanas, aos contactos livrescos e pessoais, entre mestres e inter pares que transformassem os seus esboços de investigação num processo mais profundo e sustentado de procura e conhecimento. E foi pena.
    Não quero aqui repetir o que já escrevi num jornal regional, “A Voz do Nordeste”, a propósito dos seus 70 anos.
    Fica o registo do trabalho do meu amigo Pimenta de Castro, trabalho de formiguinha a que falta agora o canto da cigarra, a abordagem crítica da obra dispersa do padre Rebelo, contextualizada, vista no seu tempo e nas condições e limites em que foi produzida.
    Conheci o padre Rebelo já lá vão mais de 30 anos e, por alguns tempos, fomos professores de Português na mesma Escola Secundária de Moncorvo, com métodos diferentes, mas com entendimento e paixões comuns sobre o que era passar a importância da Língua aos jovens de um interior desolado, cuja pobreza linguística contrastava com os seus conhecimentos empíricos.
    Tivemos tempos de contacto intenso. Até que um dia eu fui "obrigado" a exilar-me em Lisboa. Quando vinha a Moncorvo, visitava-o. Encontrava nele um espaço de serenidade mesclada com alguma ironia e tristeza. Porque o padre Rebelo não sendo nunca um homem maledicente - não me recordo de o ouvir dizer mal de ninguém - tinha uma ironia fina, muito subtil e discreta. Sabia jogar, quando queria, com a ambiguidade das palavras. O seu conhecimento da oratória permitia-lhe não um argumentário categórico ou mesmo dogmático, frequente na retórica eclesiástica, mas um quase diplomático discorrer sobre as situações e as pessoas. Era uma espécie de patinha de gato no seu suave arranhar.
    Os elementos coligidos por Pimenta de Castro sobre o padre Rebelo, nas suas várias facetas, são preciosos para quem quiser fazer um estudo mais aprofundado e de análise crítica sobre a passagem do padre Rebelo por terras do Nordeste Transmontano. Mas, para tal, seria necessário um conhecimento mais profundo do seu espólio, do que escreveu e leu, porque os livros que um homem lê são o espelho da sua vida e dos seus próprios escritos.
    Infelizmente, o acesso completo ao acervo documental do padre Rebelo penso ainda não ter sido possível a Pimenta de Castro. E é pena. Aqui fica o desejo: que algum dia, tendo como ponto de partida estes "Subsídios para uma biografia", alguém possa fazer um grande trabalho sobre o padre Rebelo, os condicionalismos e o tempo em que viveu, a progressão e evolução do seu pensamento.
    Obrigado pela honra que me é concedida de reflectir sobre um Homem de quem muito gostei, o padre Rebelo.

    Rogério Rodrigues
    Torre de Moncorvo

    ResponderEliminar
  2. cONTINUAÇÃO:
    FICHA TÉCNICA

    Título: Subsídios para uma Biografia de Joaquim Manuel Rebelo (Sr. Padre Rebelo)
    1.ª Edição • 2006
    Autor: António Pimenta de Castro
    Revisão literária do texto: Dr. José Maria Preto
    Edição: Escola Secundária Dr. Ramiro Salgado (Torre de Moncorvo)
    Apoio: Câmara Municipal de Torre de Moncorvo
    Impressão: Tipalto - Palaçoulo
    Depósito Legal: 242886/06

    ResponderEliminar
  3. logo a seguir ao 25 de avril(outro já), aqui pela bila, andabam os politiqueiros locais, a formar as células partidárias. os do cds do freitas, andabam receosos de fazer comicios, pois o sucedido tempos atrás no palácio de crital,em que ficaram sequestrados durante quase um dia e que meteu tiros e vomvas e murros nas tromvas e até uma morte de um contestatário ás mãos(tiro) da gnr,tinha-lhes tirado alguma ousadia. aos poucos lá foram ganhando coragem e marcaram um comicio na praça do meireles, cuja cabeça de cartaz era o dito freitas do amaral.tudo o que era cds no distrito caiu em moncrbo, co a particularidade de as vandeiras terem mocas a segurá-las. Aa praça estaba cheia e a malta do mrpp, comandada pelo americano (cerca de 10 elementos), estava a assistir. em frente ao carlos mateus, que não tinha publicidade berrante como o de mirandela. Num vanco junto aos do mrpp, estava sentado o santa comva que após uma frase do freitas, mandaba-õ à vurda merda, coisa que repetiu 3 ou 4 bezes. a rapaziada do cds, pensando que era a malta do mrpp, a mandar a voca, vai de inbestir, com as mocas no ar e lá foram mais tiros e vomvas e muros nas tromvas, nota: estas e outras histórias encontram-se na torre da queda, nos suvsidios para a história politica de torre de moncorbo de antónio júlio andrade. outra nota : agora assino j,v.p. porque o natal e o fim de ano foram uma desgraça e agora ando a água. já agora o padre revelo era de foz-coa (judeia), mas era mais moncorbense que muitos, que se armam em o ser e nunca fizeram nada por ela.

    ResponderEliminar
  4. Eu fazia parte da malta do MRPP,estávamos debaixo da árvore onde o Jaquim engraxava os sapatos habitualmente e á descrição do João Beve, faltou apenas a «barrigada» tipo chega pra lá ó meu! do velho Anastácio da Pensão Torre ao Antony Americano, que despoletou a traulitada dos bandeirantes do CDS do Freitas a que se juntaram alguns inconformados retornados de Africa. O «mano» Teófilo acabou rachado por um moncorvense, (que todos ignoram e nunca fez nada pela sua terra)... a tia Ligia aos gritos, eu refugiei-me na peixaria da Tia Lídia que me protegeu encerrando as portas e os outros encetaram a fuga direcção da igreja sem serem molestados.
    Ao meu querido professor padre Rebelo, que me tratava carinhosamente por Paulinho, na sua voz meiga e afável devo-lhe o bom aproveitamento na disciplina de português o gosto pelas nossas tradições, as nossas gentes e alcunhas através do seu trabalho antropólogico editado. Memorável e sentido o seu sermão na matriz de Foscôa no funeral do seu querido aluno e amigo Acácio «Chui», que ele fez questão de realizar.
    Também uma palavra de apreço ao amigo Pimenta de Castro, cujas origens minhotas não lhe toldam o seu amor a trás os montes onde tem vasta e diversificada obra escrita para além da sua já longa carreira docente.

    ResponderEliminar
  5. Dizia o meu avô que havia duas categorias de padres;os que gostavam de vinho (borga)e os que gostavam de livros (estudos).Pela foto da capa o senhor padre Rebelo jogava nos dois grupos.Ainda bem.

    ResponderEliminar
  6. Não conheci o Padre Rebelo e tenho muita pena. Deve ter sido um homem bom.
    Mas estou a par da sua obra.

    Júlia

    ResponderEliminar
  7. Misé Fernandes: Excelente MESTRE!!

    ResponderEliminar
  8. Foi meu professor de português.. E, lembro me como se fosse hoje, da forma serena e sábia como decorriam as nossas aulas. Obrigada senhor padre Rebelo pelo que me ensinou e por ter incutido em mim o gosto pela leitura.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.