São de filamentos carbonizados as grades desta janela
(carregar na imagem para ampliar) mas nem por isso dão lugar a movimento de
saída, de vez, tal a carga que por ali continua e perpassa as linhas de
fronteira e horizonte. Aqui, na cinza, somos nós e os daquele tempo.
Aqui pernoitaram famílias de pastores, se abrigou o mocho em
noites de breu e temporal, primeiros por intervalos e depois na permanência
resultante do acomodar do silêncio.
O lobo saiu dali com o rebanho. A raposa expôs-se até onde
lhe coube e abalou também. O próprio homem assou o mocho que se mudara para a
falsa noite clara. Não chegaremos ao ponto de admitir que o cordeiro comeu o
lobo.
Paraíso? Não. Vida que por ali revolvia, e dia e noite,
naturezas com algum sentido, porventura
indiciando já o trágico, gemendo e fazendo gemer se fosse caso disso.
Revisitar estes lugares é estar hoje, hoje mesmo, no grande
planalto mirandês, tão duramente golpeado pelos incêndios, está-se a ver, como
o vale e a montanha circunvizinhos.
Do Algarve falam, por estes dias, muitos de nós.
Água salgada para Trás-os-Montes, por favor. Também água
doce como certo beijo que demora.
Nada de brincadeiras e superficialidades. Se tivermos
direito predominantemente a isto, que a imagem, a par de outras e de outros lados, procura sinalizar, então que se instale, nas
brechas, o neo paganismo e seja ele a correr com o tal outro neo qualquer coisa
que nos atravessa e pelos vistos não resolve os assuntos.
Carlos Sambade
Reedição de posts desde o início do blogue.
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Quanta verdade neste texto! Era assim, tal qual: de pensamentos e de expressão.
ResponderEliminarObrigada por nos levar a esse tempo.
Tão duro, único, e do qual guardamos tantas recordações.