Poema retirado do livro: "Orações de Ligares - recolhidas por Guerra Junqueiro" |
Quem
lê dificilmente esquece. Pela acidez na palavra aquando das injustiças na
sociedade ou pela sua serenidade quando as pinta com as lembranças da sua
infância e das suas origens. Guerra Junqueiro haveria de ser sempre lembrado
como as duas faces de um todo, que de tão grande conhecimento, apenas caberia
num mundo inteiro.
Dos
males do mundo exponha-lhes as entranhas mas sempre com o olhar de quem espera
o fervilhar do povo para a mudança. Foi assim com quase todos os temas
fraturantes da sociedade, incluindo a Igreja. Não tinha a certeza se era ateu
mas sabia que nunca acreditaria em cultos ou dogmas, antes, considerava-os como
“uma cinza vã” e para si o maior
imperativo era que no mundo existia “uma
só diocese, catedral, com um só bispo: Deus”.
De espada
em punho contra as práticas da Igreja preferia ouvir Deus na boca do povo, nas
palavras daqueles que o evocavam em impulso, sem amarras nem muros
ornamentados. Num dos seus muitos
regressos à sua terra recolhe “As Orações de Ligares” que viriam a ser
publicadas postumamente. Aqui tudo é limpo e claro. Está com o povo na aldeia,
em comunhão. E deste mundo, que se conjuga como quase nenhum outro, saem sempre as maiores verdades.
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