sexta-feira, 12 de agosto de 2016

AQUI VAI UM RETRATO DE UM HOMEM BOM: O MÉDICO ANTÓNIO PASSOS COELHO - PAI DO PRIMEIRO-MINISTRO

Doutor António Passos Coelho com o editor do blogue.
Fotografia:ABL.
Vivia numa aldeia próxima de Vila Real. Não havia transportes públicos. Era um jovem muito franzino e doente. Descreveu essa experiência no livro «A Gente da Minha Terra». 
Só fui estudar ao 17 anos devido à doença. Alugou um quartinho em Vila Real, não ia às festas nem aos bailes justamente por ser doente. Fica em casa a estudar .Em dois anos fez o 2º, o 5º e o 7º anos. Aos 19 tem o ensino secundário terminado. A doença (tuberculose) obriga-o a internamento no Caramulo. Continua pobre. Quando recupera da doença vem para Lisboa para casa de um tio que lhe deu alojamento e alimentação. Vai estudar Medicina.
Antes de terminar o curso a doença volta e os médicos enviam-no novamente para o Caramulo. Dão-no como incurável. Por sorte surge, então, um medicamento novo e cura-se. 
Regressa a Lisboa para acabar o curso e especializa-se no tratamento da tuberculose. Volta ao Caramulo como médico e chega director.
Aí monta os laboratórios de grande investigação e passa a ser um Hospital de referência a nível nacional. A reputação dele é tão grande que o Ministro o convida para ir para Angola (Silva Porto) afim de aí criar um sanatório. 
Quando tem a primeira licença graciosa, volta à Metrópole e vai dar consultas gratuitas ao Caramulo. É lá que ele passa as férias a cuidar dos doentes. 
Em 1975 não aguenta a turbulência em Angola e regressa a Vila Real onde é director do Hospital até ao momento em que se aposenta. 
Estas informações foram recolhidas da boca do próprio Dr. António Passos Coelho pelo meu amigo cineasta Leonel Brito, o qual acaba de me ditar este texto, que eu me limitei a escrever.


Teresa Martins Marques.
In: https://www.facebook.com/teresa.martinsmarques?fref=ts

ANTÓNIO PASSOS COELHO, dados biobibliográficos.

    Lá para os lados da “Terra de Panóias”, com o seu santuário romano, na aldeia de Valnogueiras, concelho de Vila Real, nasceu António Passos Coelho há mais anos do que denuncia o seu Bilhete de Identidade. A sua aparência física, o cuidado no trajar, a afabilidade à moda antiga, a ebulição intelectual, o culto de uma boa conversa no meio da rua, atraem e fascinam os seus interlocutores para quem guarda sempre uma história de vida.
    Do seu percurso académico salienta, com orgulho, uma façanha que o equipara a Miguel Torga: a de ter feito os estudos secundários em apenas três anos, o que demonstra a vontade de ir mais além, de cumprir um grande sonho juvenil. E foi para Lisboa em cuja faculdade de Medicina se licenciou, mau grado um interregno de dois anos provocado pela tuberculose, doença que venceu e que talvez tenha determinado a escolha da especialidade – pneumologia. A direcção de dois sanatórios portugueses proporcionou-lhe uma prática clínica complementada com muito estudo e com a deslocação a congressos sobre o flagelo que então encurtava muitas vidas. Em 1973 foi convidado a ir para Angola no intuito de organizar a luta contra a tuberculose no distrito de Bié. Dirigiu o curso de Tisiologia na faculdade de medicina de Luanda e exerceu funções de Chefe do Serviço de Combate à Tuberculose. De regresso a Portugal foram-lhe atribuídos vários cargos profissionais. Teve, até há pouco tempo, consultório em Vila Real onde pôs a humanidade, a dedicação e a competência ao serviço do exercício clínico.
    A acumulação de experiências médicas e de vivências pessoais, aliada a uma apetência pela literatura, explica a sua incursão nestes domínios, tendo-se estreado em 1960 com o livro de contos Gente da Minha Terra, seguido de Histórias selvagens, de onde ressalta uma atracção pela geografia física e humana de uma transmontaneidade rural. Estas narrativas terão servido a António Passos Coelho de balões de ensaio para mais altos voos narrativos.
     Cultivou a poesia, reunida na colectânea Material Humano (1997), dedicada à sua eterna companheira de rosas e de espinhos.
     Em 2008, em Eu e a Minha Vila, o autor, com vocação de memorialista, narra factos e episódios protagonizados por si ou por si testemunhados em Vila Real, terra de residência desde 1975.
    A parte mais significativa da sua obra é, contudo, constituída pelos romances em que factos reais subjazem à efabulação: CARAMULO (2006), ZÉLIA (2008), ANGOLA, AMOR IMPOSSÍVEL, (2011) e MEMÓRIAS DE CÉU E INFERNO (2012). Em 2013 regressa ao conto com MAIS GENTE DA MINHA TERRA.
    Caracteriza a sua escrita um esmerado uso da língua, um comedido recurso a figuras de retórica, uma diversidade oportuna de registos, a vivacidade de diálogos concisos, a criação de um clima de expectativa criado no leitor, quando se trata de ficção.
   Está representado em várias antologias de autores transmontanos e é sócio fundador da Academia de Letras deTrás-os-Montes.

Hercília Agarez  

Reedição de posts desde o início do blogue.

2 comentários:

  1. Ana Diogo:
    Já tinha gostado muito de ler este retrato no mural de Teresa Martins Marques! Agora é óptimo relê-lo aqui ilustrado com esta bela foto e os dados biobibliográficos complementares. Obg, Lelo Demoncorvo.

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  2. Já encomendei dois livros do Dr. António Passos Coelho, pois creio que era uma falta grave não ter lido ainda nada do escritor.

    Um abraço
    Júlia Ribeiro

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