A aldeia de Algodres fica situada a 15 quilometros a Noroeste de Figueira de Castelo Rodrigo. Fica situada a dois quilometros da margem direita do Rio Côa e 16 quilometros da margem esquerda do Rio Douro. Tem como freguesias limitrofes, Almendra (Vila Nova Foz Côa) a Norte, Vale de Afonsinho a Sul, Vilar de Amargo a Nascente, Chãs (Vila Nova de Foz Côa) e Cidadelha (Pinhel) a Poente. http://www.algodres.com/01/01.1.0.htm
É logo pela manhã que se inicia a lida do pão. Bem perto das sete da manhã. Peneira-se para dentro da masseira, onde já está o fermento feito de véspera. "Isto é difícil. Faz doer as costas", comenta Maria do Rosário enquanto mistura a farinha de centeio com a água morna. À medida que a farinha se transforma em massa, a D. Maria vai ganhando cores nas faces. O esforço para envolver quinze quilos de farinha com dez litros de água é grande e para o fazer é necessária grande força de braços. Desde que voltou dos Estados Unidos que Maria do Rosário resolveu dedicar-se "às coisas da terra". Para além do "pão centeio", na sua casa fazem-se os enchidos típicos da beira interior (morcela, farinheira e chouriça). Começa por explicar que "é preciso fazer alguma coisa para que a tradição da aldeia não se perca. E isso começa pelas receitas antigas". Depois continua com a mão na massa. Bate o pão com energia, dá-lhe calor. A amassadura dura apenas cerca de quinze minutos. Mas durante esse curto espaço de tempo não se pode parar de amassar, de bater a massa. Acabada a tarefa limpa-se bem a masseira. Depois polvilha-se a massa com farinha, benze-se e, em simultâneo, diz-se uma reza antiga para que o pão "calhe bem": "São Vicente te acrescente, Santa Inês te dê boa vez. Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo". Reza-se um Pai-Nosso ou uma Avé Maria. A massa é coberta por um pano branco chamado panal. Em cima deste pano deita-se farelo (que ajuda a aquecer a massa e a levedar mais rapidamente) e fica a fintar (levedar). "Quando o farelo começa a rachar", explica D. Maria, "significa que a massa está lêveda". Enquanto se espera que a massa fique lêveda aquece-se o forno com lenha de "giesta, oliveira e carvalho. Deitamos lenha para o forno durante mais ou menos uma hora, uma hora e meia. Aí é necessária ajuda pois é preciso tender o pão durante esse tempo". Enquanto se deitam as últimas lenhas ao forno e se vai mexendo a lenha que arde, D. Maria vai tendendo o pão, dividindo a massa em bocados que, já dentro do tabuleiro, ganha a forma de pão. "É preciso saber quando o forno está bom para que o pão não fique baixo. As tijoleiras estão quentes quando o tecto do forno começa a ganhar uma cor esbranquiçada", explica a senhora. Antes de colocar o pão dentro do forno, puxam-se as brasas com um utensílio de madeira que as arrasta para o chão. Com um pau comprido que leva um pano molhado na ponta varre-se o forno e limpa-se bem de brasas e cinza. Depois usa-se uma pá em madeira para "deitar" o pão (mete-lo no forno). Polvilha-se com farinha e coloca-se o pão com cuidado para não escorregar. Introduz-se no forno começando pelo espaço mais afastado da "boca" (porta). "Quando se deita o último pão já os primeiros estão altos e bonitos e o cheiro é muito bom. Numa hora temos pão quentinho e estaladiço que é uma maravilha, até sem nada a acompanhar.". Quando o pão começa a ficar com uma cor mais escura está cozido. Retira-se um com a pá para se fazer o teste. D. Maria segura-o na mão e dá-lhe umas pancadinhas para sentir se ainda está cru. "Já está levezinho. Vamos tirá-lo". A pá começa a trabalhar e em menos de cinco minutos o pão está cá fora, dentro do tabuleiro. No ar o cheiro deixa água na boca. D. Maria pega num, dirige-se à cozinha dos enchidos e oferece um para as provas.
Uma tradição antiga Portugal é um país onde o pão é uma tradição popular. E na Beira interior esse pão é feito com farinha de centeio. E porquê este cereal? Nestas regiões, onde os terrenos são mais pobres, o povo arranjou outras sementes para a agricultura. Assim surgem nesta vasta área de montanhas acentuadas e vales profundos enormes extensões de centeio com o qual se fazia o pão do dia-a-dia. Durante séculos foi um pão que se comia por obrigação porque era o que havia e em pouca quantidade. Depois surgiram os padeiros que andam de terra em terra a vender pão branco, "mais macio" e os fornos tradicionais entram em declínio. Actualmente, nas aldeias serranas, é normal encontrarem-se os fornos comunitários caídos e os particulares muito danificados. Com a chegada da era do turismo nos espaços ditos rurais esta tendência conheceu um revés. Agora os turistas procuram os produtos típicos de cada região e entre eles está sempre o pão, neste caso o pão de centeio, amassado à mão e cozido em forno de lenha. Na aldeia de Linhares da Beira, na Serra da Estrela a farinha ainda vem do centeio aí semeado que depois de ceifado é entregue no único moinho de água ainda a funcionar. Dele sai a farinha em estado puro, sem aditivos. É com esta farinha que se faz um pão de centeio muito saboroso. Nesta aldeia é possível adquirir o pão de centeio numa das lojas de artesanato.
Nota: antigamente este pão era feito nos fornos comunitários e era consumido durante cerca de duas semanas. Havia um forneiro que aquecia o forno, tratava da lenha, deitava o pão e cuidava dele durante a cozedura. O forneiro ficava com um pão como pagamento pelo seu trabalho ("poia" era o nome deste pagamento). Por dia coziam várias pessoas e cada uma marcava a sua vez junto do forneiro. Linhares tinha dois fornos comunitários, mas nos últimos tempos apenas um funcionava. Actualmente um desses fornos foi recuperado e a "Casa do Forno" foi transformada numa casa de turismo, neste momento cedida a um instituto público.
(*) Textos de Salome Joanaz especialmente para o regiaocentro.net
Lourdes Nogueira escreveu: "lembro-me de minha avó quando fazia aquelas fornadas de pão de trigo e centeio,era muito bom quando ela fazia uma bôla pra eu comer com o azeite tirado direto do lagar,é eu sou brasileira mas vivi tudo isso que agora virou peça de museu,tive grande sorte! Fui tbém pra França,vivi cantando Maria Albertina...."O Imigrante" lembra?"
Armando Mansodisse: este era o tal pao que minha mae cuzia noutros tempos sabia taobem e aquelas grandes torradas que eram molhadas no lagar de azeite do senhor Arquiteto tao saburosas
Maria Margarida escreveu: "Olhe eu lembro quando pequenina a minha querida irmã mais velha fazia uma pombinha de pão e uma boneca que alegria marcante assim como no lagar de azeite na cardanha o meu pai me levava eas torradinha cheirosas do azeitinho sinceramente , marcante kkkkkkk"
A aldeia de Algodres fica situada a 15 quilometros a Noroeste de Figueira de Castelo Rodrigo. Fica situada a dois quilometros da margem direita do Rio Côa e 16 quilometros da margem esquerda do Rio Douro. Tem como freguesias limitrofes, Almendra (Vila Nova Foz Côa) a Norte, Vale de Afonsinho a Sul, Vilar de Amargo a Nascente, Chãs (Vila Nova de Foz Côa) e Cidadelha (Pinhel) a Poente.
ResponderEliminarhttp://www.algodres.com/01/01.1.0.htm
GASTRONOMIA
ResponderEliminar«O PÃO DA TRADIÇÃO»
É logo pela manhã que se inicia a lida do pão. Bem perto das sete da manhã. Peneira-se para dentro da masseira, onde já está o fermento feito de véspera. "Isto é difícil. Faz doer as costas", comenta Maria do Rosário enquanto mistura a farinha de centeio com a água morna. À medida que a farinha se transforma em massa, a D. Maria vai ganhando cores nas faces. O esforço para envolver quinze quilos de farinha com dez litros de água é grande e para o fazer é necessária grande força de braços.
Desde que voltou dos Estados Unidos que Maria do Rosário resolveu dedicar-se "às coisas da terra". Para além do "pão centeio", na sua casa fazem-se os enchidos típicos da beira interior (morcela, farinheira e chouriça). Começa por explicar que "é preciso fazer alguma coisa para que a tradição da aldeia não se perca. E isso começa pelas receitas antigas". Depois continua com a mão na massa. Bate o pão com energia, dá-lhe calor. A amassadura dura apenas cerca de quinze minutos. Mas durante esse curto espaço de tempo não se pode parar de amassar, de bater a massa. Acabada a tarefa limpa-se bem a masseira. Depois polvilha-se a massa com farinha, benze-se e, em simultâneo, diz-se uma reza antiga para que o pão "calhe bem": "São Vicente te acrescente, Santa Inês te dê boa vez. Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo". Reza-se um Pai-Nosso ou uma Avé Maria. A massa é coberta por um pano branco chamado panal. Em cima deste pano deita-se farelo (que ajuda a aquecer a massa e a levedar mais rapidamente) e fica a fintar (levedar). "Quando o farelo começa a rachar", explica D. Maria, "significa que a massa está lêveda". Enquanto se espera que a massa fique lêveda aquece-se o forno com lenha de "giesta, oliveira e carvalho. Deitamos lenha para o forno durante mais ou menos uma hora, uma hora e meia. Aí é necessária ajuda pois é preciso tender o pão durante esse tempo". Enquanto se deitam as últimas lenhas ao forno e se vai mexendo a lenha que arde, D. Maria vai tendendo o pão, dividindo a massa em bocados que, já dentro do tabuleiro, ganha a forma de pão. "É preciso saber quando o forno está bom para que o pão não fique baixo. As tijoleiras estão quentes quando o tecto do forno começa a ganhar uma cor esbranquiçada", explica a senhora. Antes de colocar o pão dentro do forno, puxam-se as brasas com um utensílio de madeira que as arrasta para o chão. Com um pau comprido que leva um pano molhado na ponta varre-se o forno e limpa-se bem de brasas e cinza. Depois usa-se uma pá em madeira para "deitar" o pão (mete-lo no forno). Polvilha-se com farinha e coloca-se o pão com cuidado para não escorregar. Introduz-se no forno começando pelo espaço mais afastado da "boca" (porta). "Quando se deita o último pão já os primeiros estão altos e bonitos e o cheiro é muito bom. Numa hora temos pão quentinho e estaladiço que é uma maravilha, até sem nada a acompanhar.". Quando o pão começa a ficar com uma cor mais escura está cozido. Retira-se um com a pá para se fazer o teste. D. Maria segura-o na mão e dá-lhe umas pancadinhas para sentir se ainda está cru. "Já está levezinho. Vamos tirá-lo". A pá começa a trabalhar e em menos de cinco minutos o pão está cá fora, dentro do tabuleiro. No ar o cheiro deixa água na boca. D. Maria pega num, dirige-se à cozinha dos enchidos e oferece um para as provas.
CONTINUA
Uma tradição antiga
ResponderEliminarPortugal é um país onde o pão é uma tradição popular. E na Beira interior esse pão é feito com farinha de centeio. E porquê este cereal? Nestas regiões, onde os terrenos são mais pobres, o povo arranjou outras sementes para a agricultura. Assim surgem nesta vasta área de montanhas acentuadas e vales profundos enormes extensões de centeio com o qual se fazia o pão do dia-a-dia. Durante séculos foi um pão que se comia por obrigação porque era o que havia e em pouca quantidade. Depois surgiram os padeiros que andam de terra em terra a vender pão branco, "mais macio" e os fornos tradicionais entram em declínio. Actualmente, nas aldeias serranas, é normal encontrarem-se os fornos comunitários caídos e os particulares muito danificados. Com a chegada da era do turismo nos espaços ditos rurais esta tendência conheceu um revés. Agora os turistas procuram os produtos típicos de cada região e entre eles está sempre o pão, neste caso o pão de centeio, amassado à mão e cozido em forno de lenha. Na aldeia de Linhares da Beira, na Serra da Estrela a farinha ainda vem do centeio aí semeado que depois de ceifado é entregue no único moinho de água ainda a funcionar. Dele sai a farinha em estado puro, sem aditivos. É com esta farinha que se faz um pão de centeio muito saboroso. Nesta aldeia é possível adquirir o pão de centeio numa das lojas de artesanato.
Nota: antigamente este pão era feito nos fornos comunitários e era consumido durante cerca de duas semanas. Havia um forneiro que aquecia o forno, tratava da lenha, deitava o pão e cuidava dele durante a cozedura. O forneiro ficava com um pão como pagamento pelo seu trabalho ("poia" era o nome deste pagamento). Por dia coziam várias pessoas e cada uma marcava a sua vez junto do forneiro. Linhares tinha dois fornos comunitários, mas nos últimos tempos apenas um funcionava. Actualmente um desses fornos foi recuperado e a "Casa do Forno" foi transformada numa casa de turismo, neste momento cedida a um instituto público.
(*) Textos de Salome Joanaz especialmente para o regiaocentro.net
Lourdes Nogueira escreveu: "lembro-me de minha avó quando fazia aquelas fornadas de pão de trigo e centeio,era muito bom quando ela fazia uma bôla pra eu comer com o azeite tirado direto do lagar,é eu sou brasileira mas vivi tudo isso que agora virou peça de museu,tive grande sorte! Fui tbém pra França,vivi cantando Maria Albertina...."O Imigrante" lembra?"
ResponderEliminarArmando Mansodisse: este era o tal pao que minha mae cuzia noutros tempos sabia taobem e aquelas grandes torradas que eram molhadas no lagar de azeite do senhor Arquiteto tao saburosas
ResponderEliminarMaria Margarida escreveu: "Olhe eu lembro quando pequenina a minha querida irmã mais velha fazia uma pombinha de pão e uma boneca que alegria marcante assim como no lagar de azeite na cardanha o meu pai me levava eas torradinha cheirosas do azeitinho sinceramente , marcante kkkkkkk"
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