Texto e fotografias do evento de apresentação do livro do Senhor Prof. Doutor Adriano Vasco Rodrigues, que ocorreu no passado dia 17 de Março de 2011, na Biblioteca da cidade da Guarda.
Memória e história não são a mesma coisa, pelo que essa diferenciação epistemológica será importante para a preservação rigorosa de um passado; Apesar de os autores nas suas memórias fazerem a declaração solene que vão ser verdadeiros e narrar os factos tal e qual como se passaram, muitas das vezes há subjectividade naquilo que contam,condicionamento esse que tem a ver com o contexto histórico da época, a personalidade e o substrato cultural do autor; O livro é muito rico em pormenores de um quotidiano colonial, em que a relação entre colonizado e colonizador é sempre desigual. Pelo que a narração do professor Adriano Vasco Rodrigues foge aos parâmetros da de um antigo colonizador ortodoxo e radical do Estado Novo, notando-se por vezes a impressão que o autor desta obra, na ânsia de não discriminar os locais, se refugia num certo «paternalismo» que se identificará com o paternalismo que os reformistas pós Adriano Moreira quiseram impor, baseados nas teorias luso-tropicalistas do sociólogo brasileiro Gilberto Freire; Que o livro é muito rico em pormenores culturais e científicos sobre Angola e que o papel que o professor Adriano V. Rodrigues desempenhou como inspector dos serviços de Educação e como historiador e arqueólogo foi fundamental para o estudo e conhecimento do passado desses lugares e pessoas; Que à semelhança de outras sociedades, especialmente coloniais, havia muita corrupção e nepotismo, sendo que esses vícios para além de prejudicarem os colonizados, também embaraçavam os próprios colonizadores. E foi essa a razão da saída do professor de Angola, a meio de uma carreira profissional de que se esperava ainda muito de um homem tão dinâmico e culto; Pensamos, baseado no que é dito pelo autor, que este livro saiu com um atraso de 40 anos pelo facto de na sua parte final conter declarações que não deixavam bem vistos os políticos e as classes dirigentes dessa antiga província ultramarina, nomeadamente o seu governador-geral, o seu secretário provincial da Educação e o seu director-geral de Educação.
Estas são as ideias fundamentais do que ali foi dito.
J. Lima Garcia
Nota: O autor do texto de apresentação da obra do Prof. V. Rodrigues é o director da Revista Altitude.
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O livro devia estar à venda em Moncorvo onde nos orgulhamos do percurso deste moncorvense por opção do coração.
ResponderEliminarleitor
Tive o privilégio de estar presente no lançamento desta fantástica obra no Porto e na Guarda. Em ambos constatei que se tratou, mais do que uma apresentação, de momentos de homenagem ao estudioso, ao pedagogo, ao cidadão. O Sr. Prof. V. Rodrigues não deixa ninguém indiferente e as intervenções finais revelaram a riqueza com que marcou inúmeros percursos. A nossa região e todos nós devemos-lhes o investimento grandioso de uma investigação única. À gratidão juntamos um profundo sentimento de amizade. E de nenhum aspecto dissociamos a sua maravilhosa companheira. Bem hajam, Srs Profs Maria da Assunção e Adriano V. Rodrigues! E tragam este trabalho a Moncorvo, merece ser aqui conhecido. Alia às preciosas informações que o Sr. Dr. Lima Garcia regista, dados autobiográficos. São inúmeras as pessoas que toca, pelos nomes, pelos acontecimentos. Daí, também, o seu sucesso e o seu rápido "desaparecimento", o que obrigou à preparação, em curso, de uma segunda edição aumentada. Parabéns, Senhor Professor!
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