As casas do trisavô
"Em Moncorvo, o trisavô vivia num magnífico solar
que pertencera à família Pimentel. Júlio Máximo Pimentel, segundo visconde de
Vila Maior e bacharel em Matemática pela Universidade de Coimbra, combatera ao
lado de D. Pedro durante o cerco do Porto e cobrira-se de glória na Serra do
Pilar. Terminada a guerra mudou-se para Lisboa, onde fez uma carreira política
brilhante, desempenhando sucessivas missões no estrangeiro ao serviço da coroa.
Sem tempo nem disponibilidade para se ocupar das propriedades que tinha em
Moncorvo, pôs tudo à venda. António Caetano comprou-lhe terras e comprou o
solar, tendo ordenado de imediato que raspassem a pedra de armas porque o
brazão não lhe pertencia. O palacete ficou na família até quase ao fim do
século xx e era realmente magnífico. Um enorme portão abria para o pátio
destinado às carruagens. Três degraus de pedra invulgarmente achatados davam
acesso à cozinha com chão em lajes de grani-to e chaminé suficientemente ampla
para ali se assar um boi inteiro. No pátio, à esquerda, outros degraus
conduziam a uma plataforma empedrada onde ficava o escritório, aposento
independente do resto da casa, para receber clientes e empregados. A mobília
desse escritório incluía secretária, cadeiras, armários, tudo muito sóbrio. Ao
canto encontrava-se um lavatório de ferro com bacia e jarro de loiça branca com
flores azuis que conferia um toque pessoal ao ambiente e que todos recordamos
com especial ternura.
Do palacete do trisavô, onde
atualmente funciona a biblioteca municipal de Moncorvo, só resta a fachada.
A porta principal abria
diretamente para a sala de visitas que comunicava com uma infinidade de
salinhas e salões, umas com teto de maceira, coberto de pinturas, outras com
teto de estuque trabalhado. Os soalhos e portas interiores eram em madeiras do
Brasil com embutidos de várias tonalidades entre o mel e o preto do pau preto
ou pau santo. Quartos, não sei dizer quantos haveria, mas recordo a estranha
sensação de descobrir sempre mais um, nas visitas de setembro. A sala de jantar
tinha portas envidraçadas sobre um jardim amplo e bem cuidado onde, entre
canteiros de flores e árvores frondosas, crescia uma romãzeira. Bem ao fundo,
quase escondido, lá estava o tanque de granito. Em retrospetiva junto-lhe
elementos incompatíveis, roupa branca a lavar, peixes encarnados a nadar.
Talvez houvesse afinal um segundo tanque mais pequeno, ou talvez essa
recordação falseada se deva ao facto de ter sido aquele jardim um espaço
misterioso, com pouco sol e muitas sombras.
Ana Maria Magalhães, nome literário de Ana Maria Bastos de Oliveira Martinho (Lisboa, 14 de abril de 1946), é uma escritora portuguesa, principalmente direccionada para a literatura infanto-juvenil. É principalmente conhecida por ter escrito a colecção Uma Aventura, em dupla com Isabel Alçada, ex-Ministra da Educação. Conheceu Isabel em Outubro de 1979, no primeiro dia do ano lectivo, na sala de professores da Escola Básica Fernando Pessoa, em Lisboa. Ambas docentes de Língua Portuguesa nessa escola, publicaram o primeiro livro da saga, Uma Aventura na Cidade, em 1982. O número mais recente foi escrito e publicado em 2014.
Vida pessoal
Ana Maria Magalhães, baptizada Ana Maria Bastos de Oliveira Martinho, nasceu numa família estável, que a marcou positivamente durante a infância. É irmã do ator e escritor Tozé Martinho e de Manuel Maria Bastos de Oliveira Martinho, sendo todos filhos do médico António Caetano de Oliveira Martinho e de sua mulher Maria Teresa Guerra Bastos Gonçalves, conhecida actriz, com o nome artístico de Tareka.
Foi casada com António Manuel Cabral de Magalhães, filho de Virgílio Manuel dos Anjos de Magalhães e de sua mulher Maria Antonieta Portela Cabral, meia-sobrinha-bisneta do 1.º Visconde da Amoreira da Torre, pai do seu filho Tiago Filipe de Oliveira Martinho Cabral de Magalhães, casado, e da sua filha Mariana de Oliveira Martinho Cabral de Magalhães, casada com Jorge Manuel Correia Aguiar (Nordeste, Nordeste, 5 de Janeiro de 1968) e mãe das suas duas netas, Matilde Cabral de Magalhães Aguiar (Ponta Delgada, 13 de Dezembro de 2001) e Leonor Cabral de Magalhães Aguiar (Ponta Delgada, 18 de Junho de 2004).
Divorciada deste, é actualmente casada com Zeferino Coelho, editor no grupo Leya da marca Caminho, que publica, desde o início, a coleção Uma Aventura. Foi aluna do Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, tendo lá concluído o antigo 7º Ano do Curso Geral dos liceus.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Maria_Magalh%C3%A3es_(escritora)
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Maria_Magalh%C3%A3es_(escritora)
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