Directores das escolas já podem contratar funcionários em
falta
Sindicatos dizem que
mais 300 funcionários nas escolas não chegam
Greve de funcionários
deixa alunos da Escola Secundária Pedro Nunes sem aulas
Com todos os professores colocados no início de Setembro, o
ano lectivo até parecia que ia arrancar bem no agrupamento de escolas Dr.
Ramiro Salgado, em Torre de Moncorvo. Mas como o que parece nem sempre é, tudo
começou a complicar-se logo depois do arranque das aulas por via do labirinto
em que se transforma por vezes a colocação de docentes.
Este é um exemplo paradigmático de uma situação também
vivida noutras escolas e que é relatada ao PÚBLICO pelo subdirector do
agrupamento de Moncorvo, Luís Rei. Esta semana continuavam ali em falta cinco
professores. A escola bem tem tentado ocupar as vagas tanto por via do concurso
nacional, como pelas reservas de recrutamento. Mas os esforços têm sido em vão:
houve docentes que denunciaram o contrato após o período experimental
obrigatório de 15 dias e outros que têm sido colocados nas sucessivas reservas
de recrutamento e que recusam a colocação.
“A Biologia e
Geologia já tivemos quatro professores colocados e os alunos continuam sem
aulas”, conta Luís Rei. Um dos professores em falta é do 1.º ciclo. “Tivemos
uma professora colocada, mas que vive na Suíça. Concorre todos os anos e depois
recusa o lugar. Não sei como é que o ministério deixa que estas situações
aconteçam”, descreve.
O agrupamento Dr. Ramiro Salgado situa-se numa zona rural e
muitos dos seus alunos são oriundos das aldeias da região. Vêm de manhã para a
escola e só podem voltar a casa ao fim da tarde. “Mesmo com falta de
professores, não podemos deixar que não tenham aulas. Temos a obrigação de os
acompanhar enquanto estão na escola”, diz Luís Rei.
À semelhança das outras escolas do país, também falta
pessoal não docente no agrupamento de Moncorvo. O subdirector refere que nos
últimos dois anos e meio reformaram-se 12 assistentes operacionais e os que
ficaram “estão muito envelhecidos”: “A nossa salvação tem sido a câmara que tem
contratado funcionários a prazo no centro de desemprego.”
Este recurso aos chamados contratos emprego-inserção tem
sido utilizado por muitos agrupamentos, mas tanto professores como pais têm
chamado a atenção para o facto de estes contratados não terem a formação
adequada e da sua rotatividade não permitir um conhecimento efectivo da
comunidade escolar.
Luís Rei critica também o modo como o Ministério da Educação
calcula os funcionários a atribuir a cada escola, o que é feito com base num
rácio que tem apenas em conta o número de alunos. “Não são contabilizados os
serviços que a escola tem, como por exemplo o refeitório e a cozinha, que
exigem a presença de mais pessoal”, aponta. E como o número de alunos é a única
variável, ignora-se também se estes estão concentrados numa só escola ou
espalhados por várias.
Fonte: https://www.publico.pt/sociedade/noticia/-ja-tivemos-quatro-professores-colocados-a-biologia-e-os-alunos-continuam-sem-aulas-1748404
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