[Garranos. Planalto de Castro Laboreiro]
habituei-me a vê-los de
menino, ágeis a transportar o dono, quase sempre lavrador com mais posses,
nervosos, mas mansos, possantes, as orelhas sempre espetadas e os rabos ao jeito para
enfeites de tesoura, mais dados à sela pois a albarda era sobretudo coisa de
burras e mulas, embora não temessem o trabalho do campo: eram os garranos, os
raros cavalos da minha infância, sempre tão distantes como o tempo que já os
não via!
e aqui estão eles ainda em modo de acordar, as marcas de se rebolcarem pelo chão bem visíveis nos avermelhados lombos, delineados com um fino traço de luz como se uma aura os protegesse de tanta dureza, indiferentes ao fotógrafo e à geada que tudo empalidece com seu alvo bafo de frio; é pobre o solo onde caminham, a escassa erva mal assomando o seu verde à flor da terra e pouco apetecível o rasteiro mato: frugais, de apenas retouçar as pontas dos galhos nus podem ficar luzidios, pois não há pobreza de terreno que os faça desistir de viver ou intempérie que lhes meta medo e, ainda que tudo isso seja propício a sonhar mundos outros, sempre lhes resta a humilde simetria que o espelho da água lhe oferece: tal qual a gente que a eles se afeiçoou desde há milhares de anos.
e aqui estão eles ainda em modo de acordar, as marcas de se rebolcarem pelo chão bem visíveis nos avermelhados lombos, delineados com um fino traço de luz como se uma aura os protegesse de tanta dureza, indiferentes ao fotógrafo e à geada que tudo empalidece com seu alvo bafo de frio; é pobre o solo onde caminham, a escassa erva mal assomando o seu verde à flor da terra e pouco apetecível o rasteiro mato: frugais, de apenas retouçar as pontas dos galhos nus podem ficar luzidios, pois não há pobreza de terreno que os faça desistir de viver ou intempérie que lhes meta medo e, ainda que tudo isso seja propício a sonhar mundos outros, sempre lhes resta a humilde simetria que o espelho da água lhe oferece: tal qual a gente que a eles se afeiçoou desde há milhares de anos.
Luís Borges e Amadeu Ferreira
Com imagens de Luís Borges, AluaPolen e Carlos Oliveira, música original e edição de Chico Gouveia, este filme é uma visão intimista do Parque Nacional da Peneda-Gerês, classificado pela UNESCO como Reserva Natural da Biosfera, e um dos mais belos Parques Naturais do Mundo. Situa-se no Norte de Portugal, e é o único Parque Nacional português.
ResponderEliminar(filme em HD - clique na roda dentada da barra de ferramentas do vídeo, depois em 1080p, e abra para ecran total no seu computador)
http://youtu.be/NwX8oEoLhCU
Gina Branco Branco escreveu:Selvagens ... na verdadeira aceção da palavra.
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