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Assis Pacheco e Dona Elisa Praça (1974) |
Angra dos Reis, 18 de julho de 2013
Brasil - Estado do Rio de Janeiro
Prezado Senhor,
Meu avô António Maria Praça, nasceu no Felgar em 1905, era filho de Álvaro Emílio Praça e de Maria Pia de Castro Valente.
Em 1927 veio morar no Brasil, dizia que tinha vindo a passeio para conhecer esta terra e aqui ficou, casou-se teve filhos e netos e assim sucessivamente. Porém repetia sempre que possível que ainda estava a passeio nesta terra do Brasil.
Trabalhou em inúmeras gráficas do Rio de Janeiro e São Paulo. Em meados dos anos 50 fixou residência em Resende, pequena cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro, na época cidade rural. Ele e minha avó buscavam um canto sossegado para criar meu pai que na época tinha apenas dez anos de idade.
Meu avô deixou no Felgar, irmãos e irmãs, era o que dizia, sempre com saudades, mas os tempos eram outros e as famílias se separavam de tal maneira, que somente as lembranças serviam de consolo.
Agora o senhor deve estar se perguntando, o por quê de toda esta história?
É simples, quando meu avô se foi eu tinha somente um ano de idade e o que sei de nossos antepassados é o que meu pai, já falecido, nos contava, e eu dentro de minha busca por histórias do passado me deparei com seu Blog e com todas estas histórias lindas.
Encontrei textos sobre Senhor Afonso Praça, primo de meu pai e sobrinho de meu avô António que era irmão de Dona Elisa Praça.
Peço ao Senhor que tendo algo sobre meus antepassados que possa me dizer, qualquer coisa, agradeço desde já, pois irá enriquecer em muito minha busca pela história de minha família.
Atenciosamente
Luciana Praça
Nota do editor do blog:Quem tenha a informação pedida e queira colaborar envie para o mail do blog ou publique nos comentários.Obrigado, em nome da Dona Luciana Praça e nosso.
A sua tia-avó : http://www.youtube.com/watch?v=lU5PaaP86O0
Filomena Esteves escreveu:quantas vezes ouvi a sra. Elisa mãe do dr. Afonso Praça , falar do irmão ke tinha no Brasil e de quem nunca mais soube noticias.
ResponderEliminarCarlos Seixas escreveu: Praça é um apelido que está quase, quase... a desaparecer na antroponima do Felgar. A Sra. da foto, mãe do amigo Afonso Praça, chama-se Elisa Mauricio, natural de Poiares, casou em 1936 no Felgar com o Francisco Praça, este sim irmão do dito António Maria Praça, o qual não foi o unico a emigrar, visto que tinham 2 irmãs que em 1911 emigraram para a América
ResponderEliminarEu agradeço muitíssimo a informação, não sabia disto, pois como disse, estou pesquisando ainda. Mas agradeço a todos pela atenção. Um grande abraço.
EliminarMeu pai me contava que uma de suas tias emigrou para os Estados Unidos, após o terremoto de assolou São Francisco, dizia ele que o Governo Americano ofereceu ajuda para aqueles imigrantes que quisessem reconstruir a cidade. Não sei se é verdade, mas é o que contavam. Um abraço.
EliminarOlá Lucinda, deixei os registos de passaportes do seu avô e tias-avós no grupo “Emigrantes de Torre de Moncorvo” no Facebook. https://www.facebook.com/groups/457668694316025/
EliminarNos anos 1940,em Vales,Alfândega da Fé, foi regente escolar uma senhora de apelido Praça,natural do Felgar.O professor do ensino primário senhor Abreu foi seu aluno.Este senhor deu aulas em Moncorvo,nos anexos do cine-teatro,durante os anos 1950 e foi professor do Rogério Rodrigues,grande amigo do Afonso Praça,
ResponderEliminarAqui vão algumas notas.Usa-as como quiseres.O tio do Afonso Emílio Praça, partiu para o Brasil. Dizia o Afonso que era um bom tocador de guitarra. Já jornalista, uma vez o Praça foi ao Rio de Janeiro e soube que o seu tio era tipógrafo e que um primo seu era relatador de futebol Quanto à mãe do Praça, a D. Elisa de um belíssimo olho azul, nos último anos morava com uma prima, na sua terra natal, Poiares. Um dia o Afonso e eu fomos buscá-la para ir viver com o filho em Lisboa, onde morreu. A sua casa no Felgar já foi vendida.O Afonso ficou órfão aos seis anos. O seu pai foi militar em Nelas, como soldado, onde estava como oficial miliciano, o dr. Ramiro Salgado.
ResponderEliminarRogério Rodrigues
Primeiramente, gostaria de agradecer a todos que prontamente me responderam. Segundo minha avó, o Afonso Praça esteve no Brasil e veio visitar a família, eu não era nascida nesta época. Meu avô trabalhava como tipógrafo e meu pai pai, Nelson Antonio Praça iniciou sua carreira como jornalista esportivo e em seguida enveredou por esta profissão, mas tratando de todo tipo de notícias, sendo inclusive radialista. Faleceu no ano passado vítima de problemas gástricos. Até hoje em minha família se fala da visita de Afonso ao Brasil, diz a minha tia Maria Isabel que ele apreciou muitíssimo a feijoada feita por ela e que gostou muito do nosso açúcar refinado vendido em sacos de 1kg por um preço módico. Dizia ele que em Portugal o açúcar era mais caro. Um abraço a todos.
EliminarMinha avó Mathilde, esposa de vovô Antônio Praça, que se encontra entre nós com 98 anos de idade, conta que o Afonso Praça esteve no Brasil, em visita oficial pelo Governo de Portugal. Ele esteve com a família no Rio de Janeiro, nesta ocasião, meu pai Nelson Praça,teve a oportunidade de conhece-lo. Meu pai começou sua carreira como jornalista esportivo e enveredou pela profissão, mais de forma mais ampla cobrindo todo tipo de notícias, sendo inclusive radialista. Minha tia Isabel tem boas lembranças desta visita, disse que o Afonso apreciou muito uma feijoada feita por ela e que se encantou com o nosso açúcar, vendido em sacos grandes com preço módico. Ele havia comentado que em Portugal o açúcar era bem mais caro, na época. Um abraço a todos.
EliminarFOGUETEIROS, LOUCEIROS, TECEDEIRAS
ResponderEliminarO Felgar estava na minha agenda por várias razões, uma delas pessoal: é de lá, e lá tem a mãe, o meu camarada de redacção Afonso Praça. Como primeiro contacto que este havia-me indicado o chefe da estação dos correios, um homem amável e bem-disposto, excelente cicerone – o sr. Guimarães. Quando o procurei, entretinha-se a colar selos numa série de cartas de gente da aldeia para a parentela emigrada.
Do sr. Guimarães vieram-me indicações concretas sobre a terra e os habitantes. O Felgar, uma das aldeias mais importantes do concelho, está em mutação como praticamente todas elas: a variante chama-se «emigração». Constroem-se casas, recebe-se dinheiro, aplica-se este num sem-número de investimentos (não apenas as casas). Velhos ofícios vão morrendo: se passou a era dos ferreiros, famosos muito quilómetro em redor, o mesmo destino parece vir a ser o dos louceiros e das tecedeiras. Porque já não há quem queira agenciar a vida sentada ao tear ou diante da roda, na perspectiva de ocupações mais pingues. Tecedeiras são actualmente três ou quatro, e nenhuma jovem. Louceiro resta um.
Até os fogueteiros lançam mão de outros trabalhos. O mais conhecido criou de raiz uma fábrica de pimentite (colorau) …
O Felgar, onde existem dois cafés, está a mudar. Para melhor? É essa a opinião de residentes, diferente a de moncorvenses cépticos. Rica do ponto de vista agrícola, a aldeia tem neste momento, uma fonte de rendimento mais notória: as remessas da emigração. Se um dia «FA as minas de hematite rearrancarem no Carvalhal, a dois ou três quilómetros do Felgar, o ritmo de vida dos felgarenses poderá vir a ser diverso.
«FAÇO TUDO O QUE É LINDO E BOM»
Em conversa com uma tecedeira fiquei a saber que no inverno, ao frio, pouco ou nada se faz. A Primavera que pode anunciar-se logo em Fevereiro, Quando os dias se animam de sol episódico (« em Fevereiro já vai o porco ao lodeiro», isto é, já água não esta tão fria; mas volta e meia e o sol desaparece e por isso mesmo « Fevereiro enganou a mãe no ribeiro», ou seja: « a mãe foi a lavar e veio «encoiratcha» para casa», em pelo, com a barrela a meio).
A tecedeira, orgulhosa da sua arte, mostrou-me o tear («há-de ter mais anos do que eu tenho dias») e contou-me:
«Faço tudo o que é lindo e bom. Toalhas, mantas, tapete, sacos. A última que fiz foi três pares alforges bonitos, aos quadrados.»
Nos dias de grande aperto chegou a tecer manta e meia ou um cobertor de burel de sol a sol.
A sua gente – explicou – era «todas tecedeiras». O tear, de sobreiro, tem vindo a passar de mão em mão desde anos recuados.
Para mim, visitante da negalópolis, reservava a artista um remoque exemplar. Transcrevo-o com a possível justeza de vocabulário:
«Estou aqui tão bem cheia… que mais me quero no Felgar do que nessas gravidades de Lisboa.»
Uma vizinha viúva, mãe de cinco filhos dispersos, juntou o seguinte dado:
«Aqui fazemos a vida de aldeia. A gente levanta-se cedo e deita-se cedo. Lá para baixo é que se deitam à meia-noite e à uma.»
O «lá para baixo» referia-se como ela disse, a Lisboa.
In TORRE DE MONCORVO Março de 1974 a 2009
De Fernando Assis Pacheco ,Leonel Brito, Rogério Rodrigues
Edição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo