Há 600 idosos a viverem longe de tudo e sem ninguém. O
abandono e solidão dos idosos tornou-se numa preocupação maior do que o crime
para a GNR do distrito de Bragança.
Os concelhos de Vinhais e Torre de Moncorvo são os mais problemáticos |
O abandono e solidão dos idosos tornou-se numa preocupação
maior do que o crime para a GNR do distrito de Bragança, que acompanha 600
seniores a viverem longe de tudo e sem ninguém, revelou esta terça-feira o
comandante distrital.
“Agora temos mais uma (preocupação) acrescida: os velhotes,
os idosos, os que estão abandonados lá atrás do sol-posto e passamos uma boa
parte do nosso tempo a tentar apoiar essas pessoas”, disse Sá Pires, à margem
das comemorações do dia da Unidade do Comando Territorial de Bragança da GNR.
Os concelhos de Vinhais e Torre de Moncorvo são, segundo o
comandante, os mais problemáticos no distrito de Bragança e onde não faz eco a
máxima de que ninguém pode ficar para trás.
“Costuma-se dizer que ninguém fica para trás, mas há pessoas
que estão a ficar para trás e longe”, alertou Sá Pires, enfatizando que do que
estas pessoas realmente necessitam é da família.
O comandante concretizou que os idosos, normalmente, estão
abandonados e casos há em que a família vive muito bem, está muito bem
instalada nas grandes cidades e até no estrangeiro e os velhotes foram ficando
e são os últimos”.
“Se não formos lá nós, não há ninguém que possa dedicar-se
assim”, afirmou, indicando que a GNR, além do acompanhamento, faz também um
levantamento das necessidades e contacta as entidades competentes para ajuda.
Esta força de segurança está a assumir “um papel social”, já
que, segundo o comandante distrital, no caso da região de Bragança não há
registos preocupantes dos crimes contra idosos como os do conto do vigário ou
mesmo violência.
“É mais quase a solidão, o abandono, a perda de contactos
com o resto da sociedade, é ir ficando para trás”, acrescentou.
Sá Pires exemplificou com o concelho de Vinhais, onde vivem
idosos em freguesias “que não são nada acessíveis” e a GNR ou outra ajuda
demora “uma hora” a chegar.
“Se um dia precisarem de uma ambulância ou uma coisa
qualquer é esse espaço que é necessário percorrer e podem chegar tarde. O nosso
distrito é assim”, vincou.
A GNR é a força de segurança que supervisiona a maior parte
da população e a que se encontra mais dispersa no distrito de Bragança, dos
maiores do país em termos de área, mas com pouco mais de 140 mil habitantes.
Nos 12 concelhos do distrito, apenas as duas maiores
cidades, Bragança e Mirandela, estão sob a alçada da PSP.
Com 619 elementos espalhados por quatro destacamentos
territoriais e um de trânsito, 18 postos, mais o comando-sede, o comandante
distrital garantiu que, em termos de criminalidade, esta força de segurança não
tem “grandes preocupações”.
Em 2014, a criminalidade geral diminuiu 7,3 por cento e não
houve nenhum crime que tivesse “sobressaído”, salvo um pequeno aumento de 0,68
por cento, mais dois casos, nas denúncias de violência doméstica, de acordo com
Sá Pires.
Nas comemorações do dia do comando participou Botelho
Miguel, comandante operacional da GNR, que garantiu que os militares desta
região vão ter, em 2015, novas viaturas, nomeadamente todo-o-terreno, no âmbito
do investimento de três milhões de euros previsto a nível nacional.
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