quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

HISTÓRIA POLÍTICA DE TORRE DE MONCORVO 1890 - 1926 ( III )

"Em 20 de Setembro de 1914, falecia em Moncorvo o capitalista António Caetano de Oliveira. O pai viera de Fozcôa a trabalhar na fábrica de sabão instalada no antigo convento dos franciscanos. Por 1863, comprou António Caetano a casa solarenga e brasonada dos Carneiro de Vasconcelos. Esta foi umas das muitas aquisições feitas na construção de um verdadeiro império económico que, na relação de bens apresentada na repartição de Finanças, foi contabilizado em 985 605$27, assim repartidos:

Prédios sitos no concelho de Moncorvo 198 444$20

Idem no concelho de Alfândega da Fé 34 520$60
Idem no de Vila Flor 129 209$00
Idem em Alijó, Porto e Gaia 10 147$88
Fábrica de Pilar ( tecidos) 81 000$00
Pipas de vinho e outros bens móveis 5 283$99
Acções de bancos e companhias 157 979$68
Dívidas activas 369 020$00

Refira-se que entre os prédios de Moncorvo e, para além do solar e outras casas, se incluíam 3 grandes quintas da região da Vilariça: Silveira, Granja e Vila Maior.
Da Fábrica do Pilar escrevia Manuel Araújo, no nº 181 da Folha Ilustrada, de 29.3.1909, o seguinte: - É a primeira fábrica completa do país, no seu género a vapor; o seu maquinismo é o mais recente e aperfeiçoado do mundo.
De entre as dívidas activas sobressaía a do marquês de castelo melhor que lhe devia 350 000$00 e, a par das acções, devem ser contados títulos de empréstimos por ele feitos aos governos de Portugal, Brasil, Argentina, Uruguai, Bulgária e Japão.
Para avaliar a sua forma de estar e negociar, veja-se a seguinte missiva por ele enviada em 1.4.1869 à firma Cordeiro & Irmão, em Lisboa: - Prezadíssimos Senhores. Acuso recebido o favor de V. S. de 24 do passado a que vou responder. Não posso hoje dizer-lhes qual o preço a que poderá ficar a seda fiada conforme V. S. pretendem. Enquanto á quantidade, digo-lhes que poderão comprar o que quiserem, se acompanharem os preços de casas francesas que costumam todos os anos vir aqui. Em 1868, comprei para um francês de Lyon 60 000 quilos de casulos (em verde) e além deste vieram muitos mais que também fizeram boas compras. Pelo que respeita à fiação, pode fazer-se como V. S. desejam pois que já há aqui mulheres muito habilitadas. E por hoje nada mais posso dizer-lhes…
Militando no partido Regenerador, o governo de Hintze Ribeiro quis agraciá-lo com o título de marquês da Vilariça, o que ele recusou. Foi casado com Ana Ferreira e tiveram um filho – Dr. Álvaro Júlio Oliveira – e uma filha – Lucinda Lúcia de Oliveira – que casou com o dr. Artur Nogueira Soares Vieira, este falecido por 1930 e aquela em 1940."

(Reedição de posts desde o início do blogue)

7 comentários:

  1. OBRIGATÓRIO!

    http://marranosemtrasosmontes.blogspot.com/2010/06/jacob-de-castro-sarmento.html

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  2. Qual é a casa solarenga e brasonada dos Carneiro de Vasconcelos?

    moncorvense

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  3. Com tanto dinheiro devia ser agraciado com o título de Marquês da Vilarica.Grandes empresários teve Moncorvo.Com estado novo, veio o adormecimento,o absentismo,o viver do herdado.E passeavam na praça para matar o tédio.Aos domingos iam à missa, vestiam-se da legião e marchavam na praça nova.
    Só doutores eramos 14!dizia um ,que nunca tinha feito nada na vida.
    E assim perdemos 50 anos, como disse o último presidente da primavera marcelista.

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  4. A casa solarenga dos Carneiro Vasconcelos é a a actual Biblioteca. Se o amigo olhar para o brasão (picado na altura da República) vê que ele tinha exactamente esculpidos os Carneiros e as frisos dos Vasconcelos. Acerca da perda de 50 amnos com o Estado Novo... penso que devemos ser ponderados na avaliação das pessoas e das comunidades e dos tempos históricos... Porventura o amigo já procurou saber quantas e quais obras públicas foram inauguradas em Moncorvo só no ano de 1940 e comparar com os anos da República? Claro que isso não significa nada, até porque, em meu entender (e já escrevi um trabalho sobre o assunto), logo o ano seguinte, de 1941, terá sido o mais desastrado do século para o concelho de Moncorvo... Bom, mas isso são contas de um rosário que também deverão ser contadas. J. Andrade

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  5. 1941 é o ano do ciclone e estamos em plena II guerra mundial.Que mais sucedeu em Moncorvo? Do ciclone pouco ou nada tem sido escrito e ainda há muita gente que pode contar o que realmente se passou.

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  6. Foi também o ano em que apareceu em Moncorvo o escaravelho da batata, fenómeno que enlouquecia os lavradores. Foi o ano de uma grande malina em Felgueiras. Aliás o único ano, desde 1904, em que não se fez a festa de Santa Eufêmia porque nesse dia havia na aldeia 5 mortos para enterrar. J. Andrade

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  7. "Foi também o ano em que apareceu em Moncorvo o escaravelho da batata" Veja: http://felgar-felgar.blogspot.com/2010/07/tempo-de-avisos.html

    "Tinente mota faria

    Mandou dizer ao conceilho

    Que não mercasse batatas

    Que já tinham iscarabelho"

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