Júlia
Páscoa há mais de 40 anos que vive sozinha. Conheceu o seu marido na aldeia e
namorou por carta. Depois de um acidente em serviço lho ter levado, Maria teve que assumir todos os papéis de quem
tem que se governar sozinha com dois filhos nos braços. Fez de mãe e de pai,
diz, e a bordar, foi criando os filhos.
Foi
em Mazouco que já sem o marido, a vida foi seguindo. Trabalhou na escola, fazia
refeições, num tempo em que as crianças enchiam as aldeias. “Havia tantos
alunos que chegámos a ter alturas em que uns
iam até ao meio dia (comer), e outros iam do meio dia para a tarde. Os
da quarta por exemplo tinham escola até ao meio dia e depois os da terceira iam
só do meio dia para a tarde, e era assim. Hoje não temos ninguém”.
Maria
Páscoa e a vizinhança têm no entanto, um “neto”. “É o único menino que aqui
temos, o Francisquinho. Nós chamamos-lhe o “nosso menino”, ele é doido por nós
e nós por ele”. Já não joga “ao cântaro” mas é a única criança desta idade que
vai dando alguma alegria aos mais velhos. “É uma festa aquele menino, quando
saio às vezes para o Porto e depois regressamos, ele pela escada abaixo até
atropela tudo para vir ter connosco.” (Um dia o Francisco vai saber a
importância que teve para as gentes da sua terra).
Joana Vargas
Entrevista na íntegra:
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