quarta-feira, 18 de maio de 2016

Memórias Orais: Júlia Páscoa

Júlia Páscoa há mais de 40 anos que vive sozinha. Conheceu o seu marido na aldeia e namorou por carta. Depois de um acidente em serviço lho ter levado,  Maria teve que assumir todos os papéis de quem tem que se governar sozinha com dois filhos nos braços. Fez de mãe e de pai, diz, e a bordar, foi criando os filhos.

Foi em Mazouco que já sem o marido, a vida foi seguindo. Trabalhou na escola, fazia refeições, num tempo em que as crianças enchiam as aldeias. “Havia tantos alunos que chegámos a ter alturas em que uns  iam até ao meio dia (comer), e outros iam do meio dia para a tarde. Os da quarta por exemplo tinham escola até ao meio dia e depois os da terceira iam só do meio dia para a tarde, e era assim. Hoje não temos ninguém”.

Maria Páscoa e a vizinhança têm no entanto, um “neto”. “É o único menino que aqui temos, o Francisquinho. Nós chamamos-lhe o “nosso menino”, ele é doido por nós e nós por ele”. Já não joga “ao cântaro” mas é a única criança desta idade que vai dando alguma alegria aos mais velhos. “É uma festa aquele menino, quando saio às vezes para o Porto e depois regressamos, ele pela escada abaixo até atropela tudo para vir ter connosco.” (Um dia o Francisco vai saber a importância que teve para as gentes da sua terra). 

Aos 73 anos,  a vida há muito que está orientada. Os filhos criou-os a pulso, mas conseguiu. Fizeram vida na cidade e de vez em quando Maria vai  visitá-los para os sentir mais perto.   

Joana Vargas 

Entrevista na íntegra: 

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