Mas os pobres não tinham sequer possibilidade de faltar uma manhã ao trabalho para irem ao dentista. E quando o meu pai lhes ralhava, porque haviam deixado estragar dois ou três dentes que então teria de lhes arrancar, a resposta , invariavelmente, era : "P´ró que a gente tem p´ra comer, até são demais os que ainda cá ficam" .
E aqueles que iam perdendo os dentes um após outro, ao verem que o meu pai ficava fora de si, diziam-lhe - assim a modos de tentarem acalmá-lo - "Deixe lá, Sô Barros, o que Deus não dá em dentes, dá o diabo em golas".
Para aqueles tempos, o Sr. Barros foi um excelente profissional.
Como homem, apesar dos seus inúmeros defeitos, e sendo católico e monárquico assumido, nunca o Barros Dentista andou com a farda de legionário. Porque era um homem solidamente culto.
E, acrescento eu, filha, era um bom Pai.
Júlia Barros Biló
Nota do editor:não resisti a acrescentar texto e foto.
SERÁ QUE Á DATA O EXmo. DR.RELVAS TERÁ DITO: "EU NÃO SOU DR." ?
Toda a gente a discutir se o "curso" foi tirado em 2006/2007, e afinal já tínhamos Doutor em 2004...só injúrias... tal a maledicência!!!
(andam na net)
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Encontra-se na Biblioteca Municipal de Moncorvo,de António Pimenta de Castro, o livro"Lembrando o Senhor Barros Dentista",Mogadouro - 2008.
ResponderEliminarHá um episódio qu eu recordo muitas vezes.
ResponderEliminarNão suporto dor de dentes, e tenho horror a dentistas (apesar de Drs).
Um dia, ainda não andava na primária, acordei com um dente a doer, saí sorrateiramente, de casa do Emílio Andrês,onde passava os dias,e chamava mãe à avó dele e fui ao Sr. Barros.
Pedi-lhe para me arrancar um determinado dente e depois que pedisse o dinheiro ao meu pai.
Ele não queria ,mas apesar da minha insistência e determinação fez-me vontade.
Ainda vejo o canino entre o "alicate"!!!!e
o sr. Barros repetindo ,que o dente estava bom!!!!!
Se recebeu do seu trabalho, já não sei, mas que me fez a vontade ,fez...e o dito dente não me fez falta alguma.
Um abraço meu à Julinha.
Conheci o senhor Barros ,mas só a passear na praça.A minha tia tinha-lhe um mêdo !sempre que se aproximava o dia de ir ao dentista(senhor Barros)tremia,tremia,eu ,ria eh,eh,eh
ResponderEliminarDótore foi e será um termo pejorativo em Moncorvo.Inteligente e com sentido de humor, ele avisava:não sou doutor,embora passeie na praça e seja dentista.
ResponderEliminarSó dótores eramos 14. frase atribuida a Jaime Machado ,conhecido pelo pardal sem rabo, com direito a versos.
ResponderEliminarQuando ele passa
Rechonchudo como um nabo
A gente diz por chalaça
Lá vai o pardal sem rabo
M.C.
Recordo que o sr. Barros arrancou-me 2 dentes de leite, custou-me mais subir as escadas propositadamente devarinho, dando-me tempo de refelexão para uma eventual retirada estratégica, do que a extração em si. junto á janela do seu consultório, que dava para o telhado da casa do dr. Andrês estava a sua cadeira de dentista, aproveitando a luz natural e as pombinhas que pousavam no telhado tmb davam geito...pois a distração momentanea de «olha o passarinho!» o dente aparecia como que por milagre na ponta do alicate. A figura do sr. Barros, talvez de eu ser muito pequeno, parecia-me enorme!!! mas logo que ele falava, o sua voz era calma e meiga. Lembro-me que no lado oposto á cadeira havia uma máquina com broca, muito rudimentar visto a esta distância mas para a época seria enovadora, penso que a pedal, com muitas correias e roldanas e rodava a uma velocidade reduzida para os parametros actuais. Nunca esqueci estas 1ª idas ao dentista, mas sobretudo ter sobrevido ao mito criado á volta da figura do sr. Barros, que o meu amigo Pimenta de Castro tão bem soube biografar. Á nossa Júlia de Barros a minha admiração pela sua escrita e tmb por saber perpéctuar as vitudes de seu pai.
ResponderEliminarNão era só bondade,não era só honestidade.Era também competência e profissionalismo.Por isso foi distinguido como o melhor dentista do ano de 1984 e recebeu, do Sindicato Nacional dos Odontologistas, a medalha de mérito no ano de 1986.E era um homem de princípios.
ResponderEliminarMas foi o "papão" da minha infância, o terror da minha juventude.Ir ao Senhor Barros tratar dos dentes era um grande suplício,embora a "culpa" não fosse dele, mas da broca,que tão bem manejava.
Fez bem a Julinha em trazê-lo à nossa lembrança.Mais um moncorvense adoptivo que merece a nossa homenagem.
Uma moncorvense
O Sr. Barros fez as dentaduras aos meus avós, tratou os dentes aos meus pais e também me tratou dois dentes a mim. Ainda cá estão tratados por ele. Era realmente um homem muito culto. Sabia História a sério. Dava-me cada ensaboadela ! Sabia Literatura e Ciencias. Foi ele que me ensinou como fazer uma raiz quadrada . Gostei de o recordar.
ResponderEliminarUma moncorvense em Lisboa.
Eu lembro-me ainda do Sr. Barros, uma vez fui lá com Carlos Pintor, quando ainda eramos miudos, vim de lá aterrorisada!! O Professo Castro escreveu a sua história, afinal eram conterraneos!
ResponderEliminarA simplicidade de um homem que não queria ser chamado de Doutor, agora infelismente é ao contrário, todos querem ser doutores!
Fátima Gonçalves
Querida Julinha!
ResponderEliminarBonito retrato ao seu Pai que não era Dr.mas um excelente Dentista.Lá por casa ouvia falar do SR.Barros com apreço ,à minha mãe,pois era Ele que lhe tratava os dentes.Belos tempos esses em que se era um óptimo profissional sem se ter a vaidade de se ser Dr...
Com um beijo da sua amiga.
Irene
Esse gajo é um aldrabão. Quer é encher a pansa. Podia emigrar e ir pastar relvas para outro lado. As anedotas sobre ele na net até fervem, mas ele não sai do puleiro.
ResponderEliminarAo menos houve um dentista em Moncorvo que dizia logo que não era doutor.
Um fã dos Farrapos
A honestidade e a transparência fazem toda a diferença!
ResponderEliminarBeijinho, Júlia, e bem haja pela partilha das suas comoventes memórias.
Virgínia
Não tarda muito que os velhos passeios na praça dos dótores regressem com o trio Vara,Relvas e Sócrates.Eu a mirar do castelo e lembrar-me dos versos do Remondes e do dr.Girão.
ResponderEliminarLeitor
Dizem mas é o povo que diz pelas tabernas ,bares e outros lugares de má língua,como a internet,que vamos aos jogos Olimpicos na modalidade a salto à Vara.O Relvas por ter acertado num urso, numa barraca de tiro da Malveira, julgava que podia tratar por tu o seu colega D.Juan CarlosI que matou um elefante no Quénia.
ResponderEliminarNoitibó