O Instituto de Conservação da
Natureza de Florestas (ICNF) justificou hoje o parecer negativo sobre o Parque
Eólico de Moncorvo porque a Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) identificou
"impactes negativos muito significativos" e "não minimizáveis"
numa área sensível.
Em resposta escrita a questões
colocadas pela agência Lusa, o ICNF deixa a garantia de os impactes na paisagem
contribuíram em termos da ponderação global para suporte a uma tomada de
decisão "desfavorável".
O presidente da câmara de Torre
de Moncorvo, no distrito de Bragança, havia acusado o ICNF de "terrorismo
ambiental", devido ao parecer desfavorável dado ao projeto do parque
eólico.
"O parecer do ICNF é absurdo
e que não vale a pena mudar de política, ou de partidos, quando os técnicos
[ICNF] são os mesmos e com os mesmos pensamentos. Estamos perante terrorismo
ambiental, não havendo qualquer hipótese de mudança", dissera à agência
Lusa Nuno Gonçalves.
Para o autarca do PSD, este
dossiê "caiu em cima do secretário de Estado do Ambiente [poucos] dias
após a sua tomada de posse, o que não lhe deixou muitas hipóteses de estudar
[os documentos] ou vir ao terreno", na sequência do parecer negativo do
INCF.
"No documento que fundamenta
o chumbo da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) não conseguem ver, ou dizer,
quantas aves nos diversos parques eólicos já morreram porque foram contra as
pás dos aerogeradores. Isto sim, merecia um estudo académico", indicou.
De acordo com ICNF, o projeto
"Parque Eólico Torre de Moncorvo" foi submetido a procedimento de
AIA, em fase de estudo prévio, sendo a respetiva autoridade de avaliação de
impacte ambiental, a Agência Portuguesa do Ambiente.
"A avaliação foi
desenvolvida por uma Comissão de Avaliação, nomeada para o efeito, constituída
pela Agência Portuguesa do Ambiente, ICNF, CCDR Norte, Direção-Geral do
Património Cultural do Norte, Laboratório Nacional de Energia e Geologia,
Direção-Geral Energia e Geologia e Centro de Ecologia Aplicada", indicou.
Segundo o ICNF, a tomada de
decisão final em termos da viabilidade ambiental do projeto que abrange os
concelhos de Torre de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães resulta de "uma
ponderação global" sobre os impactes, que se verificou de forma unânime.
"Acresce que, ao nível da
paisagem, se verificam impactes negativos muito significativos decorrentes
fundamentalmente da intrusão visual permanente que a presença de estruturas
verticais desta natureza introduzirão neste território de elevadíssima
qualidade e sensibilidade paisagística, em particular durante a fase de
exploração", acrescenta o ICNF, no texto enviado à Lusa.
Segundo o parecer do ICNF, este
aspeto tem especial relevo por se encontrar inserido na Zona Especial de
Proteção do Alto Douro Vinhateiro, com afetação do próprio Alto Douro
Vinhateiro, considerado como Património Mundial da Humanidade e reconhecido no
contexto nacional como monumento nacional.
Trata-se de uma área "com
uma elevada biodiversidade, quer ao nível da fauna quer ao nível da flora, com
especial relevo para algumas espécies de aves com elevado valor de
conservação", justifica.
Para o ICNF, é reconhecido o
impacto negativo significativo, não minimizável e permanente, principalmente
sobre espécies de aves de rapina/aves rupícolas como Águia de Bonelli, Águia-real
(espécie prioritária), Grifo e Abutre do Egito.
Fonte :
http://www.rtp.pt/noticias/pais/impactes-nao-minimizaveis-ditaram-parecer-desvoravel-a-parque-eolico-de-moncorvo_n887499#sthash.J7bTqyto.dpuf
Mas a barragem passou. É tudo uma questão de força do lobby...
ResponderEliminarJá há custos ambientais. Os habitantes próximos sentem as mudanças de clima (mais nevoeiro, por ex.). A arbitrariedade nas decisões sobre o ambiente está a desaparecer, felizmente.
EliminarEsta paisagem é classificada e se não o fosse, perdia essa possibilidade de o vir a ser um dia se integrasse as eólicas. Adília