Ampliando a foto somos devolvidos a uma realidade que só as imagens nos podem dar: dia frio, todos homens de chapéu ,casacos ,sobretudos ,um só carro em cena, nenhuma mulher e uma criança descalça e de calções curtos.Estado Novo retratado.
. É a velha história de que uma foto vale mil palavras,mas não é verdade. As crónicas de Júlia Biló e a análise que Rogério Rodrigues fez quando da apresentação do livro de António J.Andrade relatam este clima de ostentação e miséria.M.C.
A propósito desejaria contar uma história verdadeira acontecida em 1943, segundo relatava o meu avô Coelho. Sim: ele era o lavrador que mais lenha apanhava do Reboredo para vender às famílias de Moncorvo. E era o lavrador que mais pipas de vinho acarrava de Felgueiras e outras terras, para vender às tabernas da vila. Qualquer Moncorvense de mais de 50 anos pode testemunhar isso. Pois bem, em certo dia, no Outono daquele ano, em plena grande guerra, pelo meio dia, o meu avô, depois de descarregar mais uma carrada de lenha de carvalho, parou as vacas na Rua dos Sapateiros, à porta do Álvaro "manco" e, sentado ali na soleira de uma porta, pôs-se a comer a merenda, com as vacas a comerem uma "facha" de feno. E passou o sr. Luís Carvalho e disse-lhe: - Ó Coelho, então só dás feno às vacas? Olha, vai ali atrás do tribunal à minha cortinha e sega lá uma gavela de milho para lhe dar. E lá foi o meu avô. Mas quando atravessava a praça com o milho às costas, veio um guarda, mandado pelo comandante da Legião e prendeu-o. Metido na cadeia, o caso soube-se em Felgueiras e dali veio logo o pai do dr. Urbano, o Sr. Acacinho, que era seu amigo, montado no seu cavalo branco "que até fazia tremer a calçada" - expressão do meu avô. E o sr. Acacinho foi ter com o presidente da câmara, que era o dr. Porfírio Andrês e este lá fez com que soltassem o homem... Comentários?!... Júlio Andrade
Eu bem digo que Moncorvo anda em contramão há demasiado tempo. Ouvi, ou li nos escritos do prof António Julio Andrade que em Moncorvo os lavradores cujos carros de bois chiassem demasiado e perturbassem o descanso dos ilustres eram multados... Ora conte lá isso como deve ser, prof António Julio! (para mim será sempre professor, pois a memória ainda não me atraiçoa)
...E NOME DO COMANDANTE DA LEGIÃO É... Digam os nomes dessas pessoas, é a verdade histórica que o reclama.Heróis e vilões.Quem prendeu um homem por andar a trabalhar?Era a paz podre da praça.
Tudo isto pode dizer-se que é muito negativo. Mas também poderá dizer-se que por estas e outras coisas Torre de Moncorvo ganhou a fama de ser a terra mauis civilizada do Nordeste e com mais caráter urbano e citadino. Recordo-me especialmente de um jornalista que, na década 60, fazia comparações entre Moncorvo e a capital de distrito, escrevendo: A cidade de Bragança não passa de uma aldeia que cresceu demasiado; Moncorvo é uma vila pequena, mas com ambiente de cidade! E terá sido por estas e outras coisas que Torre de Moncorvo foi então dotada com uma secção da PSP - coisa rara em terras de província! J. Andrade
Adoro ouvir falar da minha terra mesmo de um passado que näo vivi.Gostava un dia de ver as proçissoes dos anos 72 até 76 assim como ver o presépio que o senhor Julio fazia na igreija,coisa que hoje näo se fàz
Ahahah... é mesmo! Mas o trafego permitia :)
ResponderEliminarLinda foto!
Contchi
Ampliando a foto somos devolvidos a uma realidade que só as imagens nos podem dar: dia frio, todos homens de chapéu ,casacos ,sobretudos ,um só carro em cena, nenhuma mulher e uma criança descalça e de calções curtos.Estado Novo retratado.
ResponderEliminarAfinal Moncorvo anda em contra mão há muito tempo!
ResponderEliminar. É a velha história de que uma foto vale mil palavras,mas não é verdade. As crónicas de Júlia Biló e a análise que Rogério Rodrigues fez quando da apresentação do livro de António J.Andrade relatam este clima de ostentação e miséria.M.C.
ResponderEliminarA propósito desejaria contar uma história verdadeira acontecida em 1943, segundo relatava o meu avô Coelho. Sim: ele era o lavrador que mais lenha apanhava do Reboredo para vender às famílias de Moncorvo. E era o lavrador que mais pipas de vinho acarrava de Felgueiras e outras terras, para vender às tabernas da vila. Qualquer Moncorvense de mais de 50 anos pode testemunhar isso.
ResponderEliminarPois bem, em certo dia, no Outono daquele ano, em plena grande guerra, pelo meio dia, o meu avô, depois de descarregar mais uma carrada de lenha de carvalho, parou as vacas na Rua dos Sapateiros, à porta do Álvaro "manco" e, sentado ali na soleira de uma porta, pôs-se a comer a merenda, com as vacas a comerem uma "facha" de feno. E passou o sr. Luís Carvalho e disse-lhe: - Ó Coelho, então só dás feno às vacas? Olha, vai ali atrás do tribunal à minha cortinha e sega lá uma gavela de milho para lhe dar.
E lá foi o meu avô. Mas quando atravessava a praça com o milho às costas, veio um guarda, mandado pelo comandante da Legião e prendeu-o. Metido na cadeia, o caso soube-se em Felgueiras e dali veio logo o pai do dr. Urbano, o Sr. Acacinho, que era seu amigo, montado no seu cavalo branco "que até fazia tremer a calçada" - expressão do meu avô. E o sr. Acacinho foi ter com o presidente da câmara, que era o dr. Porfírio Andrês e este lá fez com que soltassem o homem... Comentários?!... Júlio Andrade
Eu bem digo que Moncorvo anda em contramão há demasiado tempo.
ResponderEliminarOuvi, ou li nos escritos do prof António Julio Andrade que em Moncorvo os lavradores cujos carros de bois chiassem demasiado e perturbassem o descanso dos ilustres eram multados...
Ora conte lá isso como deve ser, prof António Julio! (para mim será sempre professor, pois a memória ainda não me atraiçoa)
...E NOME DO COMANDANTE DA LEGIÃO É...
ResponderEliminarDigam os nomes dessas pessoas, é a verdade histórica que o reclama.Heróis e vilões.Quem prendeu um homem por andar a trabalhar?Era a paz podre da praça.
Tudo isto pode dizer-se que é muito negativo. Mas também poderá dizer-se que por estas e outras coisas Torre de Moncorvo ganhou a fama de ser a terra mauis civilizada do Nordeste e com mais caráter urbano e citadino. Recordo-me especialmente de um jornalista que, na década 60, fazia comparações entre Moncorvo e a capital de distrito, escrevendo: A cidade de Bragança não passa de uma aldeia que cresceu demasiado; Moncorvo é uma vila pequena, mas com ambiente de cidade! E terá sido por estas e outras coisas que Torre de Moncorvo foi então dotada com uma secção da PSP - coisa rara em terras de província! J. Andrade
ResponderEliminarAdoro ouvir falar da minha terra mesmo de um passado que näo vivi.Gostava un dia de ver as proçissoes dos anos 72 até 76 assim como ver o presépio que o senhor Julio fazia na igreija,coisa que hoje näo se fàz
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