terça-feira, 7 de outubro de 2014

Judeus em Trás-os-Montes - Os braços do Santo Ofício


Pedro Henriques de Guevara


(nascido em Torre de Moncorvo, séc. XVII)


Era filho de Luís Vaz Henriques, de alcunha o Alto, rendeiro e morador em Torre de Moncorvo, e de Isabel da Pena, ambos cristãos-novos.
Teve quatro irmãos: Francisco Vaz Barbo, casado com Jerónima de Matos; Álvaro Cardoso de Oliveira, marido de Mécia de Pena; Gaspar Cardoso, casado com Josefa de Matos e que fazia viagens para Castela; e Félix Henriques, que embarcou para as Índias de Castela.
Os dados biográficos que se conhecem sobre Pedro Henriques são fruto, na sua maioria, de algumas diligências feitas pelo comissário do Santo Ofício em Macau, Manuel Fernandes, que as remeteu à mesa da Inquisição de Goa, em 1646.
Nesta documentação, Pedro Henriques é apresentado como um judeu público bastante rico e que fazia muitas viagens, provavelmente por motivos comerciais, bem como para escapar à perseguição inquisitorial que lhe era movida por vários tribunais. Assim, em Setembro de 1645, Pedro Henriques teria chegado a Macau, oriundo de Manila, tendo passado, nessa viagem, pela região do Camboja. Sabendo que um comissário da Inquisição de Manila ordenara, através do vigário de Macassar, a sua prisão em Macau, Pedro fugiu para Cochim, no navio do capitão Diogo do Amaral.


Segundo uma carta do padre frei Gaspar de Carvalho, escrita em Macassar, a 13 de Maio de 1645, Pedro Henriques já teria uma ordem de prisão no México, presumindo-se que o seu primeiro destino, quando se ausentou de Portugal, tenha sido a América Espanhola e, só mais tarde, o Oriente.
O arcediago e governador do bispado de Malaca, o padre Paulo da Costa, procedeu a algumas inquirições sobre Pedro Henriques, nas quais surgiu um testemunho de Gonçalo de Lima que narrou um episódio ocorrido na viagem que Pedro fez para Macau, dizendo que lhe tinha sido roubada uma escrivaninha quando se encontrava no reino do Camboja.
Segundo o que o Santo Ofício averiguou, Pedro Henriques teria fugido para o reino de Portugal num navio de João da Costa.
Pouco se sabe sobre o percurso deste mercador depois da sua fuga do Oriente. Em Janeiro de 1650, o Conselho Geral do Santo Ofício considerou que não existiam culpas suficientes contra ele para lhe ser instaurado um processo.
No ano de 1658, uma prima sua, Catarina Henriques, referiu, na sessão de genealogia do seu processo na Inquisição de Coimbra, que o seu primo residia em Lisboa.
Fernanda Guimarães
António Júlio Andrade
Bibliografia
Fontes
ANTT, Inquisição de Lisboa, proc. n.º 13643 (Pedro Henriques Guevara).
ANTT, Inquisição de Coimbra, proc. n.º 7575 (Catarina Henriques).

Nota do Editor:
Reedição dos posts públicados no blog :

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