A fotografia acima reproduzida representando uma cobra insculpida numa rocha encontra-se no Espólio do Prof. Doutor Joaquim Santos Júnior depositado no Arquivo Histórico da Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo.
Esta cobra que mede 1m85 faz parte de um conjunto de seis, das quais, a maior mede três metros. Podem ser observadas no dorso da enorme rocha granítica conhecida localmente por Fraga do Corvo e, também, por Fraga ou Penedo do Cobrão.
Santos Júnior adianta que poderá tratar-se de um vestígio reminiscente de algum culto ofiolátrico, mas, até ao momento, não se encontrou documentação que comprove a existência de tal culto nesta região.
O que se pode afirmar é que se trata de uma zona riquíssima em vestígios arqueológicos que demonstram ter havido uma continuidade de ocupação do local, desde a Pré-História até à actualidade. Esses vestígios são ainda visíveis apesar do denso matagal existente em algumas partes do percurso que, aconselho, deve ser feito a pé.
São muitas as histórias contadas sobre este local, desde as habituais mouras encantadas até a serpentes que falam. Transcrevo uma, também ela, existente nos apontamentos de Santos Júnior.
Santos Júnior adianta que poderá tratar-se de um vestígio reminiscente de algum culto ofiolátrico, mas, até ao momento, não se encontrou documentação que comprove a existência de tal culto nesta região.
O que se pode afirmar é que se trata de uma zona riquíssima em vestígios arqueológicos que demonstram ter havido uma continuidade de ocupação do local, desde a Pré-História até à actualidade. Esses vestígios são ainda visíveis apesar do denso matagal existente em algumas partes do percurso que, aconselho, deve ser feito a pé.
São muitas as histórias contadas sobre este local, desde as habituais mouras encantadas até a serpentes que falam. Transcrevo uma, também ela, existente nos apontamentos de Santos Júnior.
“Uma mulherzinha que me transportava a sacola e a máquina fotográfica ia-me informando das tradições que correm acerca destes sítios.
Assim, ao chegarmos à citada camada do Ninho do Corvo, informa-se de que na antiguidade era camada de S. Mamede, nome que é dado no livro de São Cipriano que dá as antiguidades todas. Continuando, a mesma informadora soube que uma mulher já velha dos Estevais contava que andando dois irmãos a lavrar na camada do Ninho do Corvo, a velha do arado levantou um pequeno talhão de barro que estava cheio de peças de ouro que os tornou muito ricos. Essa mulherzinha era dos Estevais da Vilariça e os lavradores com quem o facto se passou, seus vizinhos.
Na ribeira em tempos que já lá vão, segundo contavam os antigos, uma grande pedra chata ou lastra, com um buraco no meio onde os lavradores metiam um calabrio (corda grossa do carro) para com ela poderem agradar as terras da ribeira.
A mulherzinha que me falou nesta pedra declarou-me que o pai e o sogro ainda haviam gradado com ela. Não havia outra grande na ribeira, quem precisasse de agradar ia buscar a pedra onde quer que ela estivesse e com ela faziam os seus serviços agrícolas.
Ora uma bela noite, um lavrador que muitas vezes se utilizara da pedra para cobrir as ruas sementeiras, sonhou e em sonho ouviu que alguém o intimidava a que fosse à pedra e lhe tirasse a cada ponta (canto), seu cibo, e depois a deitasse à ribeira para que a cheia a levasse. Vai o homem quebra-lhe um canto e depois de arrastar a pedra para a borda da ribeira da Vilariça, chapou-a na água. Foi grande o seu espanto ao verificar que a pedra em vez de desaparecer nas águas barrentas da ribeira, que a cheia fazia imergir, sobre ela nadava à superfície, e do buraco que a pedra tinha a meio saiu uma menina que seguiu sentada na pedra pela ribeira abaixo levada pelas águas e que disse ao ser arrastada pelas águas e como quem se despede para sempre de lugares queridos:
Assim, ao chegarmos à citada camada do Ninho do Corvo, informa-se de que na antiguidade era camada de S. Mamede, nome que é dado no livro de São Cipriano que dá as antiguidades todas. Continuando, a mesma informadora soube que uma mulher já velha dos Estevais contava que andando dois irmãos a lavrar na camada do Ninho do Corvo, a velha do arado levantou um pequeno talhão de barro que estava cheio de peças de ouro que os tornou muito ricos. Essa mulherzinha era dos Estevais da Vilariça e os lavradores com quem o facto se passou, seus vizinhos.
Na ribeira em tempos que já lá vão, segundo contavam os antigos, uma grande pedra chata ou lastra, com um buraco no meio onde os lavradores metiam um calabrio (corda grossa do carro) para com ela poderem agradar as terras da ribeira.
A mulherzinha que me falou nesta pedra declarou-me que o pai e o sogro ainda haviam gradado com ela. Não havia outra grande na ribeira, quem precisasse de agradar ia buscar a pedra onde quer que ela estivesse e com ela faziam os seus serviços agrícolas.
Ora uma bela noite, um lavrador que muitas vezes se utilizara da pedra para cobrir as ruas sementeiras, sonhou e em sonho ouviu que alguém o intimidava a que fosse à pedra e lhe tirasse a cada ponta (canto), seu cibo, e depois a deitasse à ribeira para que a cheia a levasse. Vai o homem quebra-lhe um canto e depois de arrastar a pedra para a borda da ribeira da Vilariça, chapou-a na água. Foi grande o seu espanto ao verificar que a pedra em vez de desaparecer nas águas barrentas da ribeira, que a cheia fazia imergir, sobre ela nadava à superfície, e do buraco que a pedra tinha a meio saiu uma menina que seguiu sentada na pedra pela ribeira abaixo levada pelas águas e que disse ao ser arrastada pelas águas e como quem se despede para sempre de lugares queridos:
“Ribeira da Vilariça,
Fraga da pedra amarela,
Tanto ouro tanta prata,
Me fica dentro dela”.
A criatura que me forneceu esta curiosa nota terminou a palestra com o seguinte comentário:
- Ouvi dizer a meu pai muitas vezes que lá se a história da menina era verdade ou não, não sabia, mas o que sabia era que a pedra com que tantas vezes gradara, levara sumiço, sem que ninguém soubesse o que fora feito dela.
BETTENCOURT FERREIRA, (1924), Vestígios do culto da serpente na Pré-História Lusitana, vol.
ResponderEliminarV, Porto, 1924.
CABRAL, A. (1910), Castrum Baniensium (impressões de viagem), in Ilustração Transmontana, nº3, 1910, pp.58-64;
SANCHES, Mª., (1992), Pré-História do Planalto Mirandês, G.E.A.P.- Monografias, Porto, 1992.
SANDE LEMOS, F. (1993), Povoamento romano de Trás-os-Montes Oriental (Tese de doutoramento), Universidade de Braga, 1993, (policopiado).
SANTOS JÚNIOR, J. (1931), As serpentes gravadas do castro do Baldoeiro (Moncorvo-Trás-os-Montes), in 15eme Congrés International d'Anthropologie et d'Archéologie Préhistorique, (Coimbra – Porto), 1930,, Paris, 1931, pp. 413-418.
SANTOS JÚNIOR, Joaquim R. (1963), Gravuras litotrípticas de Ridevides- Vilariça, in Trabalhos de Antropologia e Etnografia, vol. XIX, nº 2, Porto, 1963, pp. 111-144.
LOPO, Albino Pereira (1910), Notícias archeológicas e lendárias das margens do Sabor, in O Archeólogo Português, vol. XV, Lisboa, 1910, pp. 317-321.
MARTINS, Carla, (2008), Proto-história e romanização no monte da Sra. do Castelo, Urros, Torre de Moncorvo: Análise de materiais, in Proto-história e Romanização: Guerreiros e colonizadores, (III Congresso de Arqueologia de Trás-os-Montes, Alto Douro e Beira Interior, Actas das sessões, vol. 3), Porto, ACDR de Freixo de Numão, s/l, 2008, pp. 85-95.
Concelho de Torre de Moncorvo, freguesia de Adeganha
ResponderEliminarÉ um povoado de origem pré-histórica, que foi sendo ocupado sucessivamente até ao presente. Na Pré-História o castro terá sido ocupado pelos Banienses, povo que dominava o território do Alto Douro, e desse período existem, insculturados no afloramento, motivos de feição serpentiforme Do período castrejo restam ténues vestígios de habitações, que seriam rodeadas por uma pequena muralha defensiva. Durante a ocupação romana surgiu o nome do castro (Civitas Baniensium) e procedeu-se à alteração fisionómica do local. Entre os vestígios dessa época destaca-se um altar dedicado a Júpiter, para além de uma estatueta representando um touro e estruturas habitacionais com pavimento em granito. Ainda nas imediações, mas já da Idade Média, podemos observar o local onde existiu uma torre medieval e as ruínas da igreja românica de S. Mamede, para além de sepulturas escavadas na rocha.
Acesso: Saindo de Torre de Moncorvo pela EN 325 anda-se durante 8 km até se apanhar a EN 102. Um km depois, num cruzamento a direita, toma-se a EM que vai para Adeganha.
Protecção: Imóvel de Interesse Público, Dec. nº 26-A/92, DR 126 de 1 Junho 1992.
ENCONTRADO POR GOOGLEMAN
Site Name: Povoado de Baldoeiro Alternative Name: Castro de Baldoeiro
ResponderEliminarCountry: Portugal County: North Portugal Type: Castro
Nearest Town: Torre de Moncorvo Nearest Village: Adeganha
Latitude: 41.274000N Longitude: 7.051W
Condition:5 Perfect
4 Almost Perfect
3 Reasonable but with some damage
2 Ruined but still recognisable as an ancient site
1 Pretty much destroyed, possibly visible as crop marks
0 No data.
-1 Completely destroyed
no data Ambience: 2
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Internal Links:
Castro in North Portugal
Povoado de Baldoeiro is a Castro in the community of Adeganha near the town of Torre de Moncorvo, District of Braganca
ENCONTRADO POR GOOGLEMAN
this Village is called Estevais da Vilarica is the first it is not Adeganha, Adeganha is located further north is the last village of the 4 village on the top of that beautiful mointains
Eliminardize a lenda que uma menina saiu do meio da roda de pedra qeu os homens na quela altura usavao para por no cima da agrade para agradar as terras e que cantou
EliminarAdeus fraga dos Estevais
Adeus fraga da pedra amarela
tanto ouro e tanta prata que o meu amor deixou nela
e aquela menina desapareu deixao a pista para o lavrador encontrar o tesouro
a fraga amarela fica a uns metros por baixo do miradouro ou seija como era conhecido ao primeiro muro, pertencia ao Sr. Antonio dos Santos conhecido por os tio Antonio (Velho)
Adeganha
ResponderEliminarAldeia > Aglomerado Rural
Adeganha
5160-021 Moncorvo, Torre de Moncorvo
Esta pitoresca e típica aldeia transmontana, situada numa zona de amendoeiras, tem origens medievais. Do património arquitectónico salientam-se a igreja matriz de Santiago Maior, templo romano-gótico do século XII, e os vestígios arquitectónicos de Vila Velha de Santa Cruz, ambos monumentos nacionais. De registar ainda as casas tradicionais em pedra vã, o povoado de Baldoeiro e o miradouro de São Gregório.
Esta é a minha terra.
Boa foto. Bom texto. Boa homenagem a Santos J..Belissima lenda.Boa indicação das fontes.
ResponderEliminarEsperamos por mais .A abertura do blog a outros colaboradores reflecte o êxito desta página.
Mais Santos J. mais Susana B..Mais rastos do nosso passado.
M.C.
From: archport-request@ci.uc.pt
ResponderEliminar10) Esta segunda feira encontrei um blog que nos fala do Penedo do Cobrão (Baldoeiro) em Torre de Moncorvo http://lelodemoncorvo.blogspot.com/2010/09/torre-de-moncorvo-penedo-do-cobrao.html
nao existe so o cobrao ainda tem mais figuras de outos animais desenhados e o esquife os talhers tanta coisa que tem ali em volta so quem e de la e que sabe bem o que ha por ali nos tempos da minha juventude ainda chegamos a fazer piquenines e bailes no cima da casa do padre
EliminarExcelente texto.
ResponderEliminarO Nordeste transmontano é povoado por lendas magníficas que nos habituámos a ouvir das nossas avós ao serão na companhia de uma fogueira e da candeia.
Com olhar esbogalhado saboreavamos as mais maravilhosas histórias de pessoas, animais e seres míticos.
Guarda com muito carinho algumas delas.
obrigada por trazer esta lenda até nós.
Maria José Garcia Fernandes
Adolfo Fernandes Cardanha :eu sei onde isso fica. ESPECTACULO
ResponderEliminarPertence ao Estevais da Vilarica, a nossa aldeia tem a vista mais linda the Tras-os-Montes das nossas terrinhas le um lado podece avistar o vale da Vilarica to do outro lado Moncorvo, Larinho, Felgar, Carvicas ate onde a nossa vista pode alcancar
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