A voz comovida do médico, ao anunciar que mãe e filho estavam salvos ,fez respirar de alívio e explodir de alegria a generosa população da isolada aldeia da Póvoa, no concelho de Moncorvo.
Tudo aconteceu, segundo o relato da ti Mariana, ela própria mãe sofrida de oito filhos (um deles assassinado ;outro , morto por negligência médica), nos idos anos 40.
Foi num dia de inverno .O frio era de rachar.Maria acabava de dar à luz um menino, sem quaisquer recursos médicos. Foi a ajuda e a experiência das vizinhas que permitiram o milagre. Mas Maria esvaía-se em sangue. Corria perigo de vida. Sem hesitações, todos, homens e mulheres da pequena povoação se mobilizaram para levar a cabo um dos mais comoventes actos de solidariedade praticado por gente humilde e ignorada.
Percorrendo as difíceis veredas por entre fraguedos, descendo até ao Sabor, pedindo ajuda ao pescador que vivia na zona e que os passou no seu barco para a outra margem do rio, seguindo depois pelo Vale da Pia, resistindo ao frio, revezando-se os homens no transporte da quase-morta parturiente ,e as mulheres levando ao colo o recém-nascido ,conseguiram, ao fim de muitas horas de caminhada ,com esforço, lágrimas ,vontade férrea e esperança ilimitada , chegar finalmente ao velho hospital da vila, onde mãe e filho foram tratados e salvos .
O filho, João, hoje avô, há muito que anda por terras de França .Já terá contado aos netos a bonita estória da sua vinda ao mundo?
Quem sabe desta estória? Quem condecora o heroísmo desta gente ?Quem os compensa da vida dura e da falta de recursos que ainda não foram colmatados?
Nota: estória verdadeira ;nomes fictícios.
Texto cedido por uma moncorvense
(Reedição de posts desde o início do blogue)
A solidariedade não é palavra vã entre os mais desvalidos neste mundo.
ResponderEliminarA estória é comovente.
Abraços
Júlia
Pergunto-me se esse bonito gesto de solidariedade se repetiria nos nossos dias.Como já alguém disse,vivemos uma época de crise económica,mas é ainda mais grave a crise de valores.
ResponderEliminarEstou completamente de acordo mas que se pode fazer.
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