Por: António Pimenta de Castro[1]
É uma honra
para mim poder participar activamente, nestas XIV Jornadas Culturais de
Balsamão, pela mão amiga do Dr. Carlos Abreu, investigador e amigo, organizadas
pelo Centro Cultural de Balsamão (Convento de Balsamão) e Câmara Municipal de
Macedo de Cavaleiros, com todo o mérito, oportunidade e justiça, salientando os
150 anos do nascimento de Trindade Coelho.
Estas
breves palavras são a minha homenagem ao egrégio escritor de Mogadouro, nos 150
anos do seu nascimento (Trindade Coelho nasceu em Mogadouro, no dia 18 de Junho
de 1861. Faleceu em Lisboa, no dia 9 de Agosto de 1908). Quero falar-vos de uma
faceta importante da sua luta, que tanto me toca e que foi um dos seus grandes
combates, ou seja, a sua luta, quer contra o analfabetismo, quer contra a
exploração do povo e a sua militância por uma cidadania activa e consciente.
Trindade Coelho, para além de ser o Mestre do conto rústico, como lhe chamou o
meu amigo Antero Neto, foi um Homem que se apercebeu que é preciso que a Luz da
cultura e do ensino vença as Trevas da ignorância e da superstição. O nosso
escritor compreende verdadeiramente a alma do povo. Como escreveu Trindade
Coelho: “Tudo o que é bom é simples[2]”. E, mais á frente,
reforçando esta ideia, escreveu: ”Tudo o
que vem do povo interessa. O povo é o passado. O povo há-de ser também o
futuro… Tudo o que vem do povo interessa: costumes, crenças, superstições,
poesia, música – e até a sua própria culinária…”[3]. De facto, ele penetra
bem fundo na alma popular. Trindade Coelho defende a cultura do Ser, e
não a do Ter. Em Trindade Coelho, para além do aspecto estritamente literário,
o seu empenhamento e obra abrangem muitas áreas de interesse, como por exemplo,
o jornalismo, a elaboração de livros para a educação para o povo, bem como uma
vasta obra sobre Direito. Após uma longa ponderação, escolhi para esta minha modesta
palestra, o tema TRINDADE COELHO E A LUTA PELA EMANCIPAÇÃO POPULAR, na medida
em que ele foi um incansável lutador pela Liberdade, pela emancipação popular e
pela Democracia, pagando com a sua vida a incompreensão dos “políticos” e outros
oportunistas do seu tempo.
Poderia falar-vos
da sua biografia (aliás já sobejamente divulgada e estudada); poderia falar do
ilustre jurisconsulto (formou-se e publicou vários livros de Direito); do
insigne jornalista (escreveu incontáveis artigos em inúmeros jornais e
revistas); do contista consagrado, da sua imensa correspondência epistolar (reunidas
recentemente, a sua maioria, pelo grande investigador Hirondino da Paixão
Fernandes e publicadas, em dois volumes, na revista Brigantia); do magistrado
incorrupto e coerente; do activo cidadão interessado na situação e exploração
dos analfabetos e dos simples; do eminente pedagogo, ou do lutador pela
cidadania, entre outras facetas da sua multifacetada vida literária e de
cidadão. Decidi-me por vos falar, em pouco tempo, para não vos aborrecer (pois
muito mais haveria a dizer sobre este tema), do paladino da libertação do povo
português do seu tempo, obviamente dentro do seu do seu contexto histórico.
Como escreveu o Historiador Amadeu Carvalho Homem, Professor da Universidade de
Coimbra: “O pequeno José Francisco
identifica-se muito com a terra e com as gentes transmontanas e a sua prosa
virá a expressar a candura rústica e a simplicidade campesina destas origens[4]”.
José Francisco
Coelho, era assim o seu nome, só perto do final do seu curso em Coimbra passou
a usar o apelido do pai então recentemente falecido, (o seu pai chamava-se João
da Trindade Coelho, faleceu a 5 de Agosto de 1883, quando se encontrava nas
termas de Longroiva[5]) e a assinar José
Francisco Trindade Coelho, nome pelo qual é conhecido na Literatura. Nasceu em
Mogadouro, no dia 18 de Junho de 1861, filho de um comerciante, que se
interessou pela sua formação. A sua infância teve, como não podia deixar de
ser, uma enorme influência na sua vida e no seu pensamento. Há episódios da sua
infância que evidenciam o seu carácter, assim, na sua Autobiografia, escreve Trindade Coelho esta passagem, que não
resisto a transcrever: “ De minha mãe (que
ele perdeu bem cedo quando estudava em Travanca, aldeia do concelho de
Mogadouro, foi para lá aos oito anos) eu
pouco me lembro com a memória; mas eu
quando quero muito a uma pessoa pouco me lembro dela senão com o coração – e
não sou capaz de me representar mentalmente da sua figura, ainda que a veja a
toda a hora.
Só me lembro que me bateu uma vez, e que ao
bater-me estava a chorar e a rir-se e a beijar-me ao mesmo tempo. Eu tinha-lhe
aparecido em casa sem camisa, por a ter tirado atrás de uma parede, no campo,
para a dar a uma criança da minha idade que a não tinha, e fazia muito frio
porque era Inverno. Tirando isto de pouco mais me lembro: só de a ver a arranjar a nossa roupinha branca, e a
pespontar meias sentada numa cadeirinha baixa, numa salinha que se chamava do Convento porque a janela dava para o
Convento de S. Francisco, que ficava ao pé.
Por sinal que a essa janela ia dar a corda
de um certo sino que tocou ao meu baptizado – e eu mesmo todas as tardes tocava
com muito prazer às Avé-Marias,
quando já era grandinho; e eu gostava muito daquilo; e dizia missas como se
fosse um padre e tinha todos os aprestos precisos para isso, e também prégava pelas outras casas, a auditórios
de fiéis, todos da minha idade, ajoelhados à roda de uma cadeira que algures me
fazia de púlpito!
Até me chamaram por isso o «Sr. Padre José»
(…) Eu também ajudava muito à missa ao velho prior; e uma vez que provei o
vinho das galhetas, para ver se estaria bom, o administrador que estava na
igreja armou-me um processo por brincadeira – e eu fui condenado a ir pedir
perdão ao Sr. Prior, que me deu cerejas na varanda da casa...[6]“
As escolas que
frequentou não lhe foram muito agradáveis. Até aos sete anos frequentou a
escola Régia em Mogadouro, e recebeu em casa lições de um professor particular.
No seu conto
autobiográfico “Para a escola”, ele descreve assim (pela boca do professor) os
métodos “pedagógicos” daquela época: “um
professor sem palmatória é um artista sem ferramenta, não faz nada![7]”. Ainda nesse seu
conto (no seu primeiro dia de aulas, no convento de S. Francisco, em Mogadouro,
conto autobiográfico, escreveu Trindade Coelho:” (…) Choraminguei, quis sair na companhia dela. (da Helena, a
empregada que o foi levar para a escola)
- Não, agora o menino fica – disse a
Helena. – Isto aqui é uma escola onde se aprende a ler. – E agachando-se, diante
de mim: - Olhe tanto menino vê?
-Mas fica tu também…-disse-lhe eu então.
Nas bancadas houve hilaridade geral. O
mestre teve de intervir, iracundo:
- Caluda sua canalha! Não vêem que está
gente de fora? Caluda, que vai tudo raso com bolaria![8]”. Ainda no mesmo
conto, um pouco mais á frente, e perante o grande banzé dos alunos, o professor
disse: “– Ora vê isto, Sr.ª Helena! Vê
estes brutinhos?! – E com entono, de palmatória alta, fazendo-se carrancudo: -
Caluda, seus fedelhos! Caluda, porque se peço licença à Sr.ª Helena, começo
numa ponta e levo tudo a eito, corro tudo a bolos, tudo, mas o que se chama
tudo!
E fitou-os altivo, sereno, mimaz. Sob
aquela ameaça, os rapazes ficaram transidos, cabisbaixos, olhos pregados nos
livros. É verdade que ele podia pedir licença à Sr.ª Helena, e mesmo diante
dela cascar de rijo…Uma sombra de
terror passou por toda a sala, sossegaram; até o Estêvão deixou de me fazer
caretas.
- É o que vê, Sr.ª Helena – disse então
vitorioso, a sorrir-se, o bom do Sr. Professor. – É o que vê! Um mestre sem
palmatória é um artista sem ferramenta, não faz nada. Santa Luzia milagrosa! Aqui onde a vê tem feito muitos doutores (…)[9]”.
Depois foi
para a aldeia de Travanca, na companhia do irmão, para junto de um professor,
que passava por ser o melhor do concelho e era amigo do seu pai[10],
escreveu Trindade Coelho: “A esse tempo
não havia já porta na minha terra onde eu não tivesse aparecido nos dias de
sol, a ler às velhas certos contos do povo (…)[11]. Mas a vida na
escola era dura…o ensino era severo e feito de castigos corporais. “É muito cheio de saudades esse meu tempo
de Travanca, que era uma aldeia pobre e muito feia; e tão fria no Inverno, que
a aula era ao ar livre nos dias de sol, sentados em pedras ao longo das
paredes, nas cortinhas vizinhas da escola (…) e o quarto onde eu dormia com meu
irmão, térreo e de telha-vã, era tão pequenino, que 20 anos depois fui
encontrar lá um poleiro de galinhas, e as pobres coitadas, não me pareceram
muito á vontade[12]”.
E o professor? O professor era
muito competente, mas…:”E assim fomos
aprendendo a ler melhor e as contas, e a escrever, porque o nosso professor
escrevia muito bem e tinha seu gosto nessa prenda e em a transmitir a todos os
discípulos, batendo-nos muito nos nós dos dedos com uma régua, se não
pegávamos na pena como devia ser, e se não fazíamos as letras como ele
ensinava.[13]”.
Foi quando Trindade Coelho e o irmão estudavam em Travanca, que morreu a sua
mãe. Regressaram a Mogadouro.
Vindo de
Travanca, durante dois ou três anos, teve dois padres como professores de
Latim, que não eram nada meigos, como escreveu Trindade Coelho:”Depois, ainda estive na minha terra uns
dois ou três anos, e estudei latim com dois padres. Estes dois padres não
saberiam talvez muito latim, mas davam-nos muitas palmatoadas, e eu levei mais
do que areias tem o mar e estrelas o céu. Um deles até imaginava que a
palmatória operava por compressão, infiltrando-nos na palma das nossas mãos (no
Inverno roxas de frio) as coisas que nós não sabíamos. Depostas essas coisas na
palma da mão, como se fosse beija-la, dava-lhes por cima um grande bolo e pensava ele que as coisas
trepavam assim pelo braço acima e não sei mais por onde, até se nos alojarem na
cabeça, - e era desta forma que nos metia na cabeça o que nós não sabíamos. Uma
vez até uma velhinha que morava perto assomou á janelinha do rés-do-chão onde
era a AULA, e disse assim para o Sr. Professor, aflita de ouvir tanto bolo:
- Credo, senhor padre Joaquim! Isso é mesmo
não ter alma!.[14]”
Depois foi para o Porto estudar. Na cidade do
Porto, no colégio de S. Carlos, as coisas não foram melhores…a mesma disciplina
rígida, o ensino feito á base da memorização, de castigos corporais, enfim, um
ensino detestável para os alunos. Escreveu Trindade Coelho:” Oh, essa vida do colégio, que durou seis
anos! Foram seis anos miseráveis, de uma obediência estúpida e passiva, sempre
ao toque da sineta, eu e mais alguns trezentos![15]”. Apesar de
detestar o ambiente do Colégio, Trindade Coelho foi um bom aluno, e recebeu
inúmeros prémios e certificados que comprovam ser um brilhante aluno. Escreveu
Trindade Coelho:”Dei-me sempre bem,
muito bem, com os meus companheiros que me chamavam o Mogadouro; mas ao director tinha-lhe medo, e aos prefeitos, e aos
professores, e eles não se faziam amar…Que tristeza de vida, que durou seis
anos![16]”. E, na sua autobiografia e cartas, conta-nos vários
episódios interessantes, em que teve de fugir do colégio, entre outros, para
fazer o exame de instrução primária e a disciplina de latim.
Depois, em
Coimbra, a mesma coisa…”Um horror, essa
vida de Coimbra! Fora das aulas, uma delícia, pois dei-me sempre bem com os
meus companheiros; mas da Universidade para dentro, um horror!”. Dos
Lentes, tinha Trindade a pior das opiniões. Compreendemos agora o seu empenho
em mudar o sistema de ensino. Escreveu Fernando Moreira: “Além dos castigos físicos, Trindade Coelho criticava sobretudo a
inadequação do ensino e dos seus métodos à psicologia da própria criança”. Trindade
lutou por uma pedagogia nova, que motivasse o aluno, que o fizesse raciocinar,
ter ideias, compreender…No prefácio que fez à obra de João de Deus “A Cartilha Maternal e a Crítica” Trindade
Coelho escreveu: “ o professor deixou de
ser Heródes para se inspirar em Jesus. E como a criança é profundamente lógica,
à facilidade de percepção, quando carinhosamente ensinada, corresponde no
mestre, a alegria de se ver compreendido, e, o que é mais, o enternecimento de
ser amado”. Como podemos ver, novos métodos e uma nova maneira de se ser
professor. Nesse sentido, para ensinar as primeiras letras, Trindade Coelho
escreveu o ABC do Povo. Trindade
Coelho também defende uma educação para adultos.
Mas a
sociedade do seu tempo era, maioritariamente analfabeta e ignorante…Essa
ignorância, denuncia-a ele, mais uma vez, no seu Folhetos Para o Povo Nº1 –Parábola dos Sete Vimes, seguida de Conselhos
Úteis, Em que fala da triste realidade,
sobretudo no seu concelho, Mogadouro, que eu transcrevi largamente no meu
livro Os Judeus na Obra de Trindade
Coelho[17]. Trindade Coelho,
luta não só pela emancipação e desenvolvimento intelectual do povo, mas também
pelo desenvolvimento económico, combatendo os usurários que exploravam o povo
humilde e promovendo, para estes, a criação de caixas de crédito agrícolas.
Trindade
Coelho empenha-se também, não só na escrita, como também na divulgação destas
suas nobres ideias, oferecendo os seus opúsculos e livros de combate ao
analfabetismo, gratuitamente como por exemplo “o ABC do Povo” ilustrado por Bordalo Pinheiro (Trindade Coelho dá
muita importância ao aspecto gráfico do livro, tornando-o mais atractivo para
quem o lê). Escreve ainda o “Pão Nosso”,
bem ainda como outros livros de combate contra esse grande flagelo da sociedade
portuguesa, culminando com o “Manual
Político do Cidadão Português, a sua grande obra de referência, para a
cultura cívica do nosso povo. Escreveu Trindade na Advertência que escreveu no Manual
Político do Cidadão Português, que eu não resisto a transcrever na íntegra: “Até
á página 196, (este livro, na sua 1ª Edição de 1906, tem 677 páginas) este livro é a adaptação a Portugal da
famosa obra de Numa Droz, Instruction
Civique, o evangelho da educação cívica na Suíça, escrito por um homem que
principiando a vida por mestre-escola, chegou pelos seus talentos e virtudes a
presidente daquela República, a mais feliz e a mais educada do mundo.
Daquela página até ao fim, o livro é
inteiramente nosso, original; e expõe nas suas linhas fundamentais todo o
quadro das INSTITUIÇÕES PORTUGUESAS, como elas se encontram neste momento.
Todos os materiais desta parte, e os que na parte adaptada respeitam a
Portugal, foram por nós pacientemente arrancados da montanha das nossas leis,
carreados, talhados, dispostos, em ordem á edificação que tínhamos em vista, e
ao nosso fim, que era educar. Educar para criar uma opinião individual
consciente e uma opinião pública vigorosa, - ou seja para formar o cidadão e
organizar a nação soberana; pois se não há cidadão sem uma justa e exacta
consciência dos seus direitos e dos seus deveres, também não há nem pode haver
nação verdadeiramente soberana – sem cidadãos instruídos e educados. Quanto á
doutrina e á forma, digo neste livro o que diria, e como o diria, a um filho
que tenho, - no intuito e no dever de o educar, cívica e politicamente. Muitas
vezes errará decerto a minha inteligência: nem uma só vez deixa de falar, livre
e serena, a minha consciência.
Possa o presente livro aproveitar aos meus
concidadãos, - ao menos aos do futuro, aos quais o dedico.
Não o perderemos de vista dia nenhum; - e
em sucessivas edições[18], ou ainda, se for
preciso, Suplementos, iremos
forcejando por o ter em dia. Hoje, sai-nos das mãos com a actualidade, por
assim dizer, de um jornal diário.
Lisboa, Junho de 1906
Trindade Coelho[19]
Esta verdadeira «Bíblia» da cidadania da
época, mas em muitos aspectos ainda muito actual, tão importante que os
republicanos na altura, referindo-se a ele disseram «esse livro deveria ter sido escrito por nós», mas não foi, foi o
grande Trindade Coelho que o escreveu!
Referindo-se
ao “Pão Nosso”, escreveu Trindade
Coelho: “Dirige-se, pois, este livro
(como os TRÊS LIVROS DE LEITURA que o precederam, escritos para as crianças) ao
cultivo da razão e da inteligência; mas não esqueço que, se muito importa
instruir o povo, ainda mais educá-lo – moral e civicamente.
Essa educação moral e cívica será objecto
doutro volume, ao qual um terceiro se seguirá ocupando-se do direito usual[20]”.
Para não me
alongar muito, vou apenas referir alguns livros (a maior parte deles
oferecidos) que Trindade Coelho escreveu para a instrução do povo: Manual Político do Cidadão Português
(verdadeira enciclopédia de cidadania);
ABC do Povo (para aprender a ler);
Parábola dos Sete Vimes; Pão Nosso; O Primeiro Livro de Leitura; O Segundo
Livro de Leitura; O Terceiro Livro de Leitura; Remédio Contra a Usura; Cartilha
do Povo; Folhetos para o Povo; O Meu Livrinho; Primeiras Noções de Educação
Cívica…Enfim uma vida dedicada ao povo. Para além destes textos, Trindade
Coelho publicou muitos outros livros: contos, a sua autobiografia, o In Illo
Tempore (a sua vida e a vida de Coimbra do seu tempo), Livros de Direito, O Senhor Sete e outros livros, para além
de incontáveis artigos para inúmeros jornais revistas e almanaques.
Quero citar o
que Trindade Coelho escreveu quase no final da sua “Autobiografia”: “Creio em
Deus; sou cristão (…)[21]”.
Trindade
Coelho, desiludido e desesperado com a irritante indiferença e com as
injustiças deste triste país, com a sua extrema sensibilidade, não resistiu à
profunda depressão que o arrasava e, como alguém escreveu, «sai violentamente da vida pela porta negra do desespero». Quando
se suicidou, Trindade Coelho tinha aberto, na sua secretária o livro “Imitação de Cristo”. Trindade Coelho foi morto, naquele
trágico dia 9 de Agosto de 1908, não pelo tiro fatal no coração, mas pela
ignorância, oportunismo e até boçalidade de um triste país, que o não mereceu,
porque ele era grande e generoso demais para caber aqui. Fomos todos nós, com a
nossa incivilidade, a nossa «esterilidade
cívica» e persistente tacanhez que o matamos.
Muito Obrigado
pela atenção que me dispensaram. Espero não ter sido muito maçador.
Tenho dito!
António
Pimenta de Castro
Mogadouro,
10 de Setembro de 2011
BIBLIOGRAFIA
- Castro, António Manuel Ramos Pimenta de, “Trindade Coelho – Mestre e Lutador pala Cidadania”; Edição de
autor, Tipalto, Mogadouro, 2008.
- Castro, António Manuel Ramos Pimenta de, “Os Judeus na Obra de Trindade Coelho”, 1ª Edição, Publicado por
Câmara Municipal de Mogadouro, Mogadouro, 1998.
- Machado, Casimiro Henriques de Moraes, “Mogadouro
– um olhar sobre o passado”, Edição de herdeiros de Casimiro Henriques de
Maraes Machado, Mogadouro, 1998.
- Coelho, Trindade, “Autobiografia
e Cartas”, A Editora, Lisboa, 1910.
- Coelho, Trindade, “Comunicação
Dirigida à Maçonaria pelo Dr. Trindade Coelho”, precedido do estudo “Trindade Coelho, um Amigo do Povo”, do
Sr. Professor Amadeu Carvalho Homem.
- Coelho, Trindade, “Os Meus Amores”, Editora Europa-América,
3ª Edição, Mem
Martins, 1988.
- Coelho, Trindade, “ O Enjeitado e outras ficções inéditas”,
com um estudo de José Viale Moutinho intitulado “Papelada inédita de Trindade Coelho”, João Azevedo Editor,
Mirandela, 2001.
Coelho, Trindade, “Pão Nosso
ou Leituras Elementares e Enciclopédicas para uso do Povo”, Aillaud &
Companhia, Paris – Lisboa, 1904.
- Rodrigues, Ernesto, “Quadros
de uma vida”, no livro “Centenário da
Morte de Trindade Coelho, (exposição biobibliográfica), Editado pelo
Município de Mogadouro, Mogadouro, 2008.
[1] -
Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (UP),
docente de História no Agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo, membro da “Academia de Letras de Trás-os-Montes”,
sócio honorário do “Clube dos Poetas
Vivos das Terras da Nóbrega e Valdevez” colaborador do jornal”O Guerra – Zoelae” e da revista Epicur.
[2] -
Coelho, Trindade, “O Senhor Sete”,
página 122, Portugália editora, Lisboa, 1961.
[3] -
Coelho, Trindade, O Senhor Sete”,
página 159, Portugália Editora, Lisboa, 1961.
[4] -
Amadeu Carvalho Homem, “Um amigo do Povo, no livro “Comunicação Dirigida á
Maçonaria Portuguesa pelo Dr. Trindade Coelho, página 7, Editorial Moura Pinto
– Coimbra, Agosto de 2008.
[5] -
José Viale Moutinho; “Papelada inédita de
Trindade Coelho”, no livro de Trindade Coelho, “O Enjeitado e outras ficções inéditas”, publicado pela Editora João
Azevedo Editor, Mirandela, 2001.
[6]-
Trindade Coelho, “Autobiografia e Cartas”,
página 5, A Editora, Lisboa, 1910.
[7] -
Trindade Coelho, “Os Meus Amores”, no
conto “Para a Escola”, página 102, Editora Europa-América, 3ª Edição, 1988.
[8] -
Trindade Coelho, “Os Meus Amores”, no
conto “Para a Escola”, página 100,Editora Europa-América, 3ª Edição, Mem
Martins, 1988.
[9]-
Trindade Coelho, “Os Meus Amores”, no
conto “Para a Escola”, página 101 e 102,Editora Europa-América, 3ª Edição, Mem
Martins, 1988.
[10] - O
professor de Trindade Coelho em Travanca chamava-se Francisco Augusto de Lemos
Pimentel que segundo o Dr. Casimiro Henriques de Moraes Machado, no seu livro
“Mogadouro – um Olhar sobre o passado”, Edição de Herdeiros de Casimiro
Henriques de Moraes Machado, página 270 e 271, Mogadouro, 1988: “Apenas
consegui saber o nome do professor (através de um amigo que não revela), que
nascera em Donai (perto de Bragança) e casara naquela povoação (Travanca) com
Maria Gonçalves Machado, filha de modestos e honrados lavradores”. Tive o
prazer e a honra de participar activamente na apresentação deste livro, em
Mogadouro, no dia 7 de Junho de 1998, na sessão solene no salão nobre dos Paços
do Concelho, juntamente com o Sr. Dr. Adriano Vasco Rodrigues, o saudoso Dr.
Armando Calejo Pires (era então Presidente da Câmara Municipal de Mogadouro, o
Dr. Francisco Castro Pires.
[11]- Trindade Coelho, “Autobiografia e Cartas”, página 7, A Editora, Lisboa, 1910.
[12] -
Trindade Coelho, “Autobiografia e Cartas,
página 6 e 7, A Editora, Lisboa, 1910.
[13]- Trindade Coelho, “Autobiografia e Cartas”, página 7, A Editora, Lisboa, 1910.
[14] -
Trindade Coelho, “Autobiografia e Cartas”,
página 10 e 11, A Editora, Lisboa, 1910.
[15] -
Trindade Coelho, “Autobiografia e Cartas”,
página 13, A Editora, Lisboa, 1910.
[16] - Trindade Coelho, “Autobiografia e Cartas”, página 13, A
Editora, Lisboa, 1910.
[17] -
Castro, António Pimenta de, “Os Judeus na
Obra de Trindade Coelho”, Edição da Câmara Municipal de Mogadouro,
Mogadouro, 1998.
[18] -Só
houve mais uma edição do “Manual Político
do Cidadão Português”, que é de 1908 (é uma edição revista e muito
aumentada, tem 720 páginas) e foi publicado no Porto, por Typographia A Vap. Da
Empresa Litteraria e Typographica, 1908.
[19] -
Coelho, Trindade, “Manual Político do
Cidadão Português”, páginas VII e VIII, Editora Parceria A. M. Pereira,
Lisboa, 1906.
[20] -
Coelho, Trindade, Pão Nosso ou Leituras
Elementares e Enciclopédicas para Uso do Povo”, Editora Aillaud &
Companhia, Paris – Lisboa, 1904.
[21] -
Coelho, Trindade, “Autobiografia e
Cartas”, página 84, A Editora, Lisboa, 1910.
Reedição de posts desde o início do blogue
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Mais um belo texto do prof.
ResponderEliminarObrigada, caro colega Pimenta de Castro, por mais um excelente texto, que nos transmite o seu saber e conhecimento sobre esse grande escritor e defensor da Liberdade , que foi Trindade Coelho.
ResponderEliminarAbraço
Júlia Ribeiro