Gentil Marques, no volume 3 de "Lendas de
Portugal", p. 43, descreve ao pormenor a Lenda de Torre de Moncorvo. Ou
melhor a da etimologia de nascimento do topónimo Torre de Moncorvo.
O tempo em
que decorre à volta de 1062, quando D. Fernando I, o Magno, rei de Leão, era
inimigo dos Mouros. O espaço é a área da Serrra do Reboredo e da zona da
Silveira/Portela, ex-concelho de Santa Cruz da Vilariça. Era aqui que vivia D.
Mem Corvo, fidalgo também chamado por D. Mendo ou Menendo Corvo a quem o dito
Rei de Leão deu o senhorio de várias terras daquela zona, com a condição de as
defender dos Mouros, dada a sua bravura. Um dia, D. Mendo ter se á apaixonado
por uma linda rapariga de nome Zaida, moura, raptada por Pêro Antunes e que lhe
fora, à sua Torre, pedir auxílio por andar perdida da família. Acabou por catequiza-la
e dar-lhe o nome de Joana, que havia sido o seu primeiro grande amor que a
morte levara sem a ter esposado. Na véspera do dia marcado para o casamento de
D. Mendo com Joana (Zaida), esta adoece, e nem o melhor Físico da Corte, mestre
Afonso, lhe valeu, apesar de ter diagnosticado o mal: febres devidas à
insalubridade do terreno onde se cultivava o linho quase em exclusividade (Vale
da Vilariça). Na esperança de que Joana curasse, ele dera ordem para construir
outra Torre nas terras vizinhas que lhe pertenciam e que eram mais saudáveis,
pois tinham a serra a proteger os ares, para depois casarem e irem viver para
aquelas faldas da Serra do Reboredo. Zaida acaba por morrer. Ele desafia a
morte com a Espada e ficou perturbado na sua "razão". O seu criado
ajudou o a acalmar aos poucos, e, quando a Torre que mandara construir estava
pronta, mudou se para lá, mandando destruir por completo aquela onde morrera a
Joana (moura) que amara. E foram muitas as pessoas que se mudaram com ele e
passaram a viver em volta da Torre de Mem Corvo como lhe chamavam. Essa
povoação transforma se em Vila e é a actual Torre de Moncorvo. (Esta é uma
entre outras explicam a etimologia de Moncorvo).
Reedição de posts desde o início do blogue
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As lendas de mouras encantadas, de tesouros guardados em fragas graníticas, de buracos entre rochas, cheios de mistério, de feiticeiras, de explicação toponímica e até da origem das terras de Moncorvo; lendas cuja origem não se consegue determinar nem no tempo, nem no local, povoam as terras do concelho de Moncorvo, e dão um bom volume literário e popular que alguém devia pegar em levar a cabo.
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