Fotograma do documentário "Velhas Profissões" |
Toda a noite, a moleirinha peneirou, peneirou,
e mesmo antes de chegara à serra, cansada,
e ofegante, a moleirinha errante
a farinha despejou e em neve se tornou,
branca e fria, leve, leve e fininha,
feita de lágrimas da linda moleirinha.
e tanto, tanto chorou! e tanto, tanto soluçou,
que em lindo orvalho se moldou,
vasto e imenso, imerso em frio denso,
e toda a noite em cristal se ficou,
em brilhos de vidrilhos, esculpidos e polidos,
árvores lavradas de branco, vestidas
de estátuas de mármores antigas,
do choro manso e humilde da moleirinha.
peneirou, peneirou
toda a gente assim dizia,
esta noite é que nevou, é que nevou!
E era um tal espanto, uma tal maravilha!
deixando a terra, toda, assim toda branquinha!
que até mesmo parecia, finos e requintados,
sublimes e aprimorados, lindos! lindos,
e esmerados, finos rendilhados
da mais preciosa e trabalhada joalharia!
e mesmo, mesmo a sufocar, sem mais aguentar
começou a polvilhar sacos e sacos de farinha,
e todas as casas ,árvores , ruas e telhados,
assim mesmo caiados de tanta brancura
mostrar, parece que a moleirinha, de neve andou a pintar!
brilhos de vidrilhos, esculpidos e polidos
em árvores, lavradas de branco, vestidas
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda gente assim dizia,
esta noite é que nevou, é que nevou!
e o sol, até para brincar, lá no cimo, a brilhar
e para se acreditar, começou de a acariciar
e mesmo de leve, mesmo de levezinho
lhe tocou a ciciar, e escutando, de mansinho,
se sente o sussurrar ali naquele ribeirinho,
onde o sol, de envergonhado, se ficou, escondidinho
e era tanta a paz na terra, uma paz celestial,
no meio de tal brancura, no meio de tal beleza,
a formosura da neve era a maior riqueza!
sem diferença, tudo igual, a moleirinha
pintou , de neve, que maravilha!
a terra toda e a paz divinal
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda a gente assim dizia,
esta noite é que nevou, é que nevou!
e mesmo no silêncio da calmaria no ar
se escuta, se sente, e se pressente,
se adivinha, o respirar
da linda moleirinha
que toda a noite peneirou,
peneirou
e de neve, branca e fininha,
pura, imaculada
no silêncio de uma noite abafada
em frio cortante, gelo afiado
a terra redondinha pintou
de neve, branca, pura, imaculada!
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
toda a gente assim dizia,
esta noite é que nevou, é que nevou!,
. e o luar de prata ,
devagar, devagarinho,
já a meio do caminho,
desce a serra de mansinho
em afagos de magia,
sonhos de melodia,
da lua redonda e nua,
etéreos, brancos,
fios prateados,
de azul marchetados, tece ,
e na rua gelada e fria
aquela suave calmaria,
de paz é iguaria,
assim se insinua na alma
mais dura e mais fria
e a paz na terra, divina,
amanhece.
branca e pura, imaculada aparece.
coitada da moleirinha!.
e um coelhito assustado,
de focinho afiado,
qual arado de lavrador,
na neve deixa sulcado
semente de ingenuidade,
de coragem e liberdade
e meio estonteado
procura algum calor
na calmaria da tarde, de neve fria
Toda a noite a moleirinha
peneirou, peneirou
e tão cansada ficou,
que a farinha soltou
ali pela serra acima
e tanto, tanto soluçou
a noite inteira chorou
que em neve branca e fina
se tornou.
coitada da moleirinha…..!
Arinda Andrés
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ResponderEliminarTextos e poemas ,sempre de qualidade.Tem livros publicados?Se tem onde os posso obter?
ResponderEliminarGosto muito de escrever; ainda não publiquei nada, talvez um dia apareça uma oportunidade...
ResponderEliminarArinda Andrés
"Toda a noite a moleirinha peneirou, peneirou...
ResponderEliminar...e em neve fina se tornou".
Toda a noite a Tininha poetou, poetou ...
e madrugada, já cansada,
adormeceu.
Não rima mas, se calhar, até é verdade.
Já lhe tinha dado os meus parabéns quando o poema foi postado no blog da Associação. Continue, caríssima. Está no caminho certo.
E agora deixo-lhe um beijinho.
Júlia
olá júlia! obrigada pelo seu humor e atenção; eu gosto muito de escrever.E gostava de publicar, mas...
ResponderEliminarum beijinho
Tininha