sábado, 6 de junho de 2015

MOGADOURO TEMPLÁRIO, por Antero Neto

O actual concelho de Mogadouro é rico em referências da Ordem do Templo. Penso que não seria descabido pensar em criar uma “Rota dos Templários”, potenciando assim, em termos de aproveitamento turístico, o rico legado patrimonial que herdámos da sagrada Ordem.
Falar de Templários remete-nos obrigatoriamente para uma miríade de fantasias, lendas e misticismo, exploradas até à exaustão pelo cinema, pela literatura e até pela banda desenhada. Daí que se possa apropriadamente falar num filão de marketing que pode e deve ser explorado em benefício da promoção local.

Penas Roias
Os Templários assentaram arraiais de ambos os lados da fronteira luso-leonesa, dominando uma larga fatia territorial que vai desde Mogadouro às terras de Aliste e Zamora, numa época em que o conceito político-administrativo de divisão fronteiriça era bastante difuso e cedia facilmente perante as necessidades das populações raianas, que transitavam de um lado para o outro, ao sabor das necessidades económicas.
A implantação inicial da Ordem do Templo nestes locais recônditos prende-se com a estratégia real de retirar poder às pretensões de uma classe emergente de pequenos senhores feudais que, de ambos os lados, procuravam estabelecer domínios próprios, à custa de território das coroas.

Algosinho
A primeira notícia da implantação dos Templários em Mogadouro é-nos fornecida pela bula papal, de Urbano III, que em 1187 confirma à Ordem as doações feitas por D. Afonso Henriques dos “oppida” de “Langoram scilicet et Mugadorum”.
Penas Roias
Curiosamente, na altura em que D. Sancho I recupera as fortalezas de Mogadouro e Penas Roias (por troca com Idanha-a-Velha), Afonso IX faz exactamente o mesmo do lado de lá, com as fortalezas de Alcanices e Alba de Aliste.
Os Templários haveriam de voltar a dominar Mogadouro, em 1222, ficando com verdadeiros poderes senhoriais, uma vez que o concelho lhe paga um dízimo e rendas variadas. Na mesma altura assumem o controlo das rendas auferidas pelas igrejas de Mogadouro e Penas Roias. Este domínio durou até 1272, quando Afonso III concede foral a ambas as localidades, estipulando expressamente que o rei se apropria “quantum freyres de Templo tenebat ad suam manum in Mugadoyro et in terminis suis”.
Na área do concelho de Mogadouro ficaram como principais marcos templários o castelo de Penas Roias, cuja planta se atribui a Gualdim Pais (embora assente sobre estruturas defensivas anteriores), a igreja de Algosinho e a ponte sobre a ribeira de Bastelos, entre Azinhoso e Penas Roias. Haverá eventualmente outros, ainda não inventariados ou referenciados.
Desconhece-se a origem do castelo de Mogadouro, que foi sendo adulterado ao longo dos tempos, acabando por se transformar em paço residencial dos Távoras, até à sua destruição parcial no séc. XIX.

Fontes consultadas: OLIVEIRA, Nuno Villamariz – Castelos Templários em Portugal; VISO, Iñaki Martín – Asentamientos templarios

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3 comentários:

  1. Contrabando,casulas,Linha do Sabor,templários...
    Tudo bem escrito e rigoroso.Boas novas de Mogadouro,alarga-se o blog e ganhamos todos.
    T

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  2. Gostei de ler e de aprender.Não há presença dos Templários em Moncorvo?

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  3. Como nós,moncorvenses,também o dr.Antero Neto "puxa a brasa à sua sardinh".Faz muito bem e fá-lo muito bem.Oxalá a sua sugestão seja acatada.

    Maneldabila

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