As Minas de Moncorvo deveriam ser reativadas no início deste ano, mas a concessionária MTI adiantou ao SOL que o projeto está atrasado. E pode mesmo não avançar caso as negociações com o Governo quanto à concessão definitiva não cheguem a bom porto.
O prazo para o arranque da exploração tinha sido
fixado no final do ano passado, depois de uma declaração de impacte
ambiental favorável em outubro de 2015.
A declaração era o primeiro passo para o início dos trabalhos, que
envolviam a criação de 110 postos de trabalho no primeiro ano de
exploração e poderiam chegar aos 540 passados cinco anos.
Em causa está uma exploração a céu aberto de quatro depósitos
minerais de ferro para produção de concentrados de ferro e inertes
densos.
A perspetiva era que a preparação do terreno e o início da exploração
nos depósitos da Carvalhosa, de Pedrada, do Eluvial da Mua, e de
Reboredo-Apriscos arrancasse ainda no primeiro trimestre deste ano.
Mas isso implicaria assinar um contrato de concessão com o Estado,
com uma duração entre 50 a 60 anos. O investimento previsto era de 600
milhões de euros, sobretudo para o equipamento necessário para a
extração.
A MTI tem uma licença para exploração experimental, cujo contrato foi
assinado em 13 de novembro de 2012, pelo prazo de quatro anos. A MTI
foi criada em 2008 por investidores nacionais.
No entanto, o presidente do Conselho de Administração da MIT, António
Frazão, explica ao SOL que a reativação das Minas de Moncorvo não vai
acontecer no início deste ano. “Estava estimado, mas ainda estamos a
negociar com o Governo a concessão definitiva. Sem isso, não há
projeto”. As negociações estão a correr bem, mas nada está garantido.
“Esta posição não tem nada a ver com a queda da cotação do minério. Até
porque só se e quando tivermos a concessão definitiva é que sabemos como
é que vamos fazer”, esclarece.
Atrasos no processo
Desde que o projeto foi anunciado, em finais de 2012, houve
alterações profundas. Em setembro de 2015, Carlos Guerra, um dos
representantes da empresa promotora, explicou que “o projeto foi
reduzido para praticamente um terço”. Uma decisão que teve a ver com a
capacidade de processamento do minério no Porto de Leixões.
António Frazão explica que o projeto tem sofrido atrasos. “Era para
ter começado há anos e temos de ver que é preciso muito dinheiro.
Dinheiro que estamos a gastar estupidamente, sem criar empregos e
dinheiro para o país”, garante, sublinhando, no entanto, que as
expectativas são positivas: “Acredito que teremos boas notícias, em
breve”.
Ao SOL, o Ministério da Economia explica que “estão a decorrer os
procedimentos administrativos destinados à concessão mineira definitiva e
que, não havendo atrasos, permitirão a respetiva atribuição”.
Posição justificada pela importância do projeto: “o Governo encara
este projeto de uma forma positiva e irá sempre agir na defesa do
emprego, do desenvolvimento económico e da criação de riqueza, numa
lógica de sustentabilidade económica, ambiental e social, que terá
sempre de respeitar a legislação portuguesa”.
Cotação do minério
Apesar do atraso do projeto estar relacionado com as negociações com o
Governo, a verdade é que uma das dificuldades que os promotores
enfrentam é também a flutuação da cotação do minério. Estes valores
chegaram a duplicar depois da crise de 2008, mas atualmente voltaram a
cair. Foi, aliás, esta flutuação e a dificuldade em levar o minério até
às metalúrgicas europeias, que afastaram grandes multinacionais da
exploração das Minas de Moncorvo.
Na semana passada, o minério negociado no porto de Qingdao, com 62%
de pureza, chegou a fechar nos 46,35 dólares (41,59 euros). Um valor
muito diferente do que se praticava em setembro de 2015, altura em que
foi anunciado que estava tudo a postos em Moncorvo à espera das minas de
ferro.
O projeto previa uma faturação de 153 milhões de euros no décimo ano
de atividade, mas esse valor foi estimado com base na cotação média do
minério a 65 euros por tonelada de ferro tratado.
Fonte: http://sol.pt/noticia/497356
O problema da baixa de preço é que com a evoluçºao tecnológica e o aumento da reciclagem não é de prever que aumente a cotação. Em Portugal os recursos minerais interessantes são Estanho (já desde o tempo dos romanos) e Tungstenio (volframio não é o nome oficial), ambos metais estratégicos.
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