quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Estórias do quotidiano


Por necessidade, não por gosto, correu ceca e meca em busca de trabalho e vida melhor. Em África e na Europa, moirejando nos campos de café ou na construção  civil, pôde juntar o suficiente para comprar, no seu país, o terreno dos seus sonhos e ser lavrador por conta própria.
O trabalho ainda era duro, mas a miséria de outros tempos tinha os dias contados. Iniciara a vida profissional aos treze anos, acabado de sair da escola. Percorria dezenas de quilómetros por dia, a pé, entre várias aldeias do concelho e a vila, ao sol e à chuva, levando e trazendo cartas e bilhetes, ou simplesmente recados verbais. O que ganhava era pouco. O pão com queijo ou com presunto que alguma senhora mais caridosa ou com mais posses lhe oferecia, compensava-o da dureza da profissão.
Foi mensageiro até aos dezoito anos, quando encontrou melhores condições de trabalho na Ferrominas.
Hoje, residente num lar de idosos, vive o resto dos seus dias  à espera da visita do filho, a quem, como diz com orgulho, proporcionou um curso superior.
Vídeo - https://www.youtube.com/watch?v=Rc3PSHSkR6U

(Reedição de posts desde o início do blogue)

2 comentários:

  1. Mães e Pais de tempos já tão recuados eram dessa fibra. E os filhos e filhas que já vão com mais de meio século, até nos sessentas, quiçá nos setentas ... sentimos tanto orgulho nesses Pais e Mães-Coragem! E sentimos-lhes a falta!
    Não digo mais, porque estou comovida.

    Boa noite,
    Júlia

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  2. E muitos de nós,filhos desses heróicos Pais e Mães,soubemos reconhecer tamanho esforço:
    estudando e trabalhando ao mesmo tempo,para que o seu sacrifício não fosse tão pesado.E sentimo-nos felizes por, também eles, terem tido orgulho em nós.

    Uma moncorvense

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