sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Estórias do quotidiano V (Reedição de posts desde o início do blogue)


Naquele época, a vida também já era difícil para alguns. Para ganharem o pão,muitos partiam " a salto" para terras de França.Os que ficavam, muitas vezes recorriam ao "desenrascanço" para sustentarem a família .
Quando a banda de música de Moncorvo foi actuar em Freixo de Numão, nos idos anos 60, foi recebida, como sempre acontecia, com os comes e bebes da praxe, oferecidos pela comissão das festas.
 No final do banquete, o chefe pediu aos seus músicos que tocassem uma modinha, em sinal de agradecimento. Todos os instrumentos tocaram afinadinhos, excepto o trombone, que não se fazia ouvir, apesar do aparente esforço do músico.Ao aproximar-se o maestro, para se inteirar da razão do silêncio do instrumento,deparou com este repleto de sandes,salgados e bolos, sobras da comezaina da recepção.
 Questionado pelo chefe, justificou-se o músico :" É para os filhos, mestre ... "

1 comentário:

  1. Eram tempos de penúria, sim. Que já vinham de longe...lembro-me bem dos anos finais da guerra (a 2ª), e das longas bichas para, com uma senha, se obter um pão escuro, pequeno mas pesado,feito de farinha de cevada e pardas.
    Nem nos grandes dicionários (Morais, Houaiss) aparece a palavra "pardas", como semente. Mas era algo muito semelhante a lentilhas. Não era bom esse pão que o diabo amassou, mas comia-se. Comeu-se.
    E a miséria ainda vinha de muito mais lá para trás. Arrepio-me quando vejo que ainda há milhares e milhares de crianças que, nuns lugares do planeta, morrem de fome hoje, nos nossos dias, enquanto que noutros lugares se deita comida fora.
    Desculpai lá este desabafo, que aqui nem será o lugar apropriado para desabafar.

    Abraço
    Júlia

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