O sector da castanha está a atrair investimento nacional e
estrangeiro à região transmontana com novos projectos em curso que irão atingir
10 milhões de euros, anunciou hoje o director regional de Agricultura e Pescas
do Norte.
Manuel Cardoso adiantou à Lusa que "neste momento existem
vários investimentos em curso, que irão atingir quase 10 milhões de euros nos
próximos ano e meio, dois anos e metade é investimento estrangeiro".
A castanha que, em 2012, contribuiu com 17,5 milhões de
euros para as exportações portuguesas é, segundo o director regional,
"neste momento o único sector que está a fazer com que haja incorporação
de capital estrangeiro nos investimentos que estão a ser feitos" na
região.
Manuel Cardoso realçou que os novos investimentos "têm
uma componente associada que é muito promissora em termos de postos de
trabalho", com uma laboração menos sazonal ao trabalharem com outros
produtos.
O responsável perspectiva que os novos projectos
"venham a possibilitar o aparecimento de dezenas de postos de trabalho,
talvez cinco dezenas durante já o próximo ano".
Na região existem já várias unidades industriais e
organizações de produtores que comercializam e transformam a castanha.
Em Trás-os-Montes concentram-se quase 30 mil dos 35 mil
hectares de soutos nacionais e perto de 80 por cento das 19 mil toneladas de
produção anual de castanha.
Das quatro "Denominações de Origem Protegida"
(DOP) para a castanha que existem em Portugal, três centram-se em
Trás-os-Montes: a Castanha da Terra Fria, Castanha da Padrela e Castanha dos
Soutos da Lapa.
O castanheiro passou em menos de três décadas de "árvore
do pão" que alimentava os mais pobres da população rural do interior a
fonte de riqueza com real expressão económica no rendimento agrícola familiar.
A castanha é hoje em dia aceite no mercado como um
"artigo de luxo" e aquela que é produzida na região de Trás-os-Montes
destina-se essencialmente à exportação para países como Itália, Brasil, França,
Suíça, Canadá, Alemanha, Holanda, Luxemburgo, Bélgica, Espanha, Angola, Estados
Unidos da América, Áustria, Cabo Verde, entre outros.
A área de soutos de castanheiros mais do que duplicou em
Portugal, com especial expressão nos últimos dois anos, mas o director regional
acredita que é possível duplicar este número e tornar o país mais competitivo
em relação a outros países produtores.
Manuel Cardoso garantiu que "vai haver dinheiro no
próximo Quadro Comunitário de Apoio" e com a simplificação do PRODER
(Programa de Desenvolvimento Regional) acredita será possível "arrancar
para um verdadeiro fomento desta cultura".
"Estou a apelar aos jovens e a todas as pessoas que
tenham terrenos disponíveis e que não precisem da sua utilização imediata,
porque os castanheiros não começam a produzir no ano em que são plantados,
começam a produzir apenas alguns anos depois.
Acho que nós devemos tomar isso como sendo um investimento
estratégico para a nossa região", afirmou.
O director regional alertou, no entanto para a necessidade
da "organização interprofissional do sector", exortando as
organizações de produtores a aproveitar ao máximo o próximo Quadro Comunitário
de Apoio para se porem a funcionar com uma escala que a nível internacional
represente de facto algo significativo".
Lusa/
Nota do editor: fotografia do nosso arquivo.
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