sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Por esta calçada se ia de Mós a Freixo, por Carlos Sambade


 Murça tem a porca, o Porto tripas e contas à sua moda. Aqui, porém, há uma calçada, um caminho feito, composto de propósito, há séculos, para dali não arredar perante a borrasca derivada dos temporais e dando melhor andadura principalmente ao animal de carga e tracção.
Tudo isto é quase nada se comparado com os feitos de Alexandre Magno que representa o cúmulo da heroicidade e largueza de vistas sendo que, para outros, tende a roçar a demência e a crueldade (ainda que se fizesse acompanhar de livros que consultava em pleno campo de batalha, talvez no vagar de algumas noites).
Pelo prisma da distância (se no tempo se no espaço não é, em bom rigor, o mesmo) posicionamo-nos para aproximações. Focalizando o perto precisamos, por outro lado, de fazer coincidir, ou esperar que coincidam uma série de aspectos.
A fotografia no geral engana quem quer ser enganado, tem essa vantagem.
Pedras. Resquícios de terra. Pó ligeiramente acamado ou então agarrado como uma lapa. Cinza.
Com o passar do tempo quietude e perturbação. Pelo fogo mas também, numa ocasião outra, pelo dar a ver.
Indo por ali abaixo chega-se a um fundo e, antes de se passar sobre uma ponte naturalmente baixa há a chamada estalagem, bem perto um moinho, o da ponte (relaciona a antiga passagem sobre a ribeira, levada pela força da água, há 55 anos).
Património material e imaterial. Matrimónio, para quem se ache assim casando.
Quem assim fala é de Mós. Se ia de Mós a Freixo, regista-se em título, como se ia de Freixo a Mós, para além e para aquém também.
Cada um pára, acentua a sua terra e, como soi dizer-se, já é um pau. Estamos precisando de assim ir procedendo, de quando em vez.

Mostra-se também o caminho novo, um pouco em baixo, ainda assim traçado na encosta, quase paralelo à calçada. Com atalhos para algures e para nenhures parece querer perpetuar a via agora  praticamente reduzida a cintura da montanha em si mesma. 
Foto e texto de :
Carlos Sambade

2 comentários:

  1. Em algumas terras as calçadas e caminhos romanos e medievais são classificadas como monumentos nacionais ou de interesse público. Em Mós e na câmara municipal de Torre de Moncorvo assim se pensava em outros tempos. Recordo-me bem que, em 1979, ainda se prosseguia o processo de classificação daquela via. Depois... muita coisa está por contar para que se escreva história deste concelho. Júlio Andrade.

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  2. Foz Côa e Moncorvo estão mesmo ligados pela história e pelas coincidências. Também existiu um caminho terra batida entre Mós e Freixo, mas este referente à ligação entre Mós do Douro e Freixo de Numão!

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