— Olha lá, Francisco: a propósito de metáforas, há pouco
falaste da flor de amendoeira. O que é que a flor de amendoeira tem a ver com o
nosso D. José Cordeiro? — perguntou o pai um tanto intrigado, pois que ainda
não tinha ouvido discorrer acerca disso entre tanto que se falava. — Então
pai... Foi o símbolo que ele elegeu para o exercício do seu episcopado. Penso
que até é a imagem que mandou gravar no seu anel e nas suas vestes episcopais É
uma ideia singular e feliz! — e passou a explicar - Tomou como ponto de
partida o facto de a amendoeira ser urna das árvores mais comuns na terra dos
pais, na Parada .Ele vê a flor da amendoeira como símbolo da Páscoa de Cristo,
recorrendo a esta metáfora para entender e explicar o sentido mais profundo dos
mistérios de Deus. Esta flor nasce na primavera, simbolizando a pessoa atenta e
vigilante e depois vai crescendo, adquirindo uma casca verde que é amarga,
depois outra mais dura, mas mesmo no interior encontra-se o fruto, que é belo,
doce e saboroso. É assim que ele próprio explica a maior e melhor descoberta do
sentido da nossa existência, que na sua opinião é Cristo. — Ora muito me
contas, sim senhor!
In "Corpo sem chão" de Aida Borges
Belo texto e a amendorira está na ordem do dia neste blog.Tenho que comprar o livro:
ResponderEliminarParabéns.
Leitor
Aida Borges escreveu:Espero que a leitura esteja a ser aprazível Lelo Demoncorvo! Parabéns pelo seu blogue e obrigada por divulgar estes pedaços de chão transmontano que são também "farrapos de memória"
ResponderEliminarA combinatória da alvura do branco com a tragicidade fractal centrada e tingida de vermelho na flor da amendoeira lembra também a enorme fragilidade da vida na Terra que todavia dá a esperança de ressurgir ainda antes de cada primavera do nosso calendário nesta «Parada» e dessa forma se eterniza.
ResponderEliminarCarlos Sambade