Hoje, quando estava a ver televisão, vi
a publicidade a um brinquedo para o Natal. Estamos a dois meses e muito do
Natal...Isto fez-me reflectir sobre o significado que tem hoje o Natal e os
valores que representa. Hoje com o individualismo do mercado, a obsessão do
consumo, a globalização da cultura (o mesmo é dizer a “americanização” ou como
eu mais gosto de dizer a “macdonalização” da cultura), os valores alteraram-se,
para utilizar uma frase feita “a tradição já não é o que era”. Hoje nesta
cultura do stress (a vida transformou-se num verdadeiro fast-food), não
interessa o que se é, mas antes aquilo que se tem. Hoje diz-se: “Diz-me o que
tens, dir-te-ei o que vales”. Não interessa saber como se conseguiu o dinheiro,
interessa, sim, é saber se se tem ou não tem, como o conseguiu, não
interessa... É nesta sociedade sem valores, ou melhor, com falsos valores que
se educa a nossa juventude. Apetece dizer que, algo “vai podre no Reino da
Dinamarca”. E depois dizemos que esta juventude é uma “geração rasca”...”rasca”
é a sociedade que transmite estes “valores”...Até mesmo o significado da dádiva
de presentes pelo Natal se alterou. Hoje dão-se presentes caros para, qual “novo-rico”
ostentar o seu poder económico e não pelo seu verdadeiro significado que é o
prazer da partilha, no sentido nobre da dádiva.
Os verdadeiros valores do Natal são a
Tolerância, e a Fraternidade. É por isso que o Natal é lindo, é por isso que
nos toca tão fundo. Não é por um “homem vestido de vermelho e de barbas
brancas” distribuir presentes à entrada de um Centro Comercial (que tem origem,
nos anos trinta, quando a Coca-Cola Company decidiu usar São Nicolau nas suas
campanhas de publicidade de Inverno), é pelo sentido de fraternidade, pelo
calor humano de, pelo menos uma vez no ano, nos sentirmos irmãos, de fazermos
parte dessa grande família que é a HUMANIDADE.
São estes os verdadeiros valores do
Natal, são estes os valores que devemos ensinar aos nossos filhos e aos nossos
alunos. Só assim seremos educadores.
Basta
ver a televisão ou ler os jornais para nos apercebermos da violência e da
desumanidade que reina no mundo. A violência e a desmoralização que vemos não
são obra do acaso. Elas crescem “como cogumelos” no mundo podre que todos nós
ajudamos a criar, com o nosso egoísmo, com a nossa cegueira e com a nossa
sofreguidão do dinheiro.
Esqueceram-se os valores, hoje só se
pensa no “conforto”, no carro novo que se quer comprar, no novo telemóvel, nas
férias...Não se pensa na fome que vai no mundo, na miséria que se vive, às
vezes ao nosso lado, não se pensa nos que sofrem, nos velhos sem carinho e sem
o conforto de uma família. No nosso egoísmo não se “atura” o pai e a mãe que
nos criou, com tanto carinho, com tanto amor e, às vezes com tanto
sacrifício...Não temos “tempo” para eles...
E os nossos filhos? Quando falamos com
eles? Sabemos os problemas que têm? Quem são os seus “amigos”? Como vão os seus
estudos? Damos-lhes dinheiro! Sim mas o dinheiro às vezes é o que menos
interessa...Quantos problemas se evitariam se os pais dessem mais atenção aos
filhos!
São
estes os verdadeiros valores do Natal: a Tolerância, o Diálogo, o Amor e a
Fraternidade. Não nos iludamos, o Natal está dentro de nós. Devemos reflectir
sobre isto e fazer uma saudável autocrítica. Os pensamentos devem fazer-nos
voltar a casa...à nossa casa em que ainda meninos e sonhava-mos com um mundo
novo em que não havia fome nem miséria. Regressemos aos valores do Natal da
nossa infância, à boa e saudável ruralidade, à festa da família, ao amor ao
próximo. Só assim poderemos fazer de cada dia NATAL
António Pimenta de Castro
Marie Fleur escreveu:so è tudo para ganhar dinheiro nao è como antigamente
ResponderEliminarJose Santos Silva escreveu:Bem pensado!
ResponderEliminarAna Sangra escreveu:perguntem a uma criança o que é o Natal, a resposta é PRENDAS.....é muito triste , no meu tempo era lindo, que saudades
ResponderEliminarMaria Andrade escreveu:Tinha noutros tempos muitos valores ...hoje em dia é a corrida ao ''consumismo desenfriado'' a troca de presentes,só pela troca e ver qual é a melhor!Aquela Magia perdeu-se, nao falando que substituiram o verdadeiro simbolismo, do é ou era o ''NATAL'' muito raramente as pessoas o conservam!
ResponderEliminarOlá, Amigo
ResponderEliminarNão podia estar mais de acordo consigo.
Desde a "fast food" até "fast die", passando por "fast learn, fast love, fast live" hoje é tudo uma correria. Até há o "fast drive" .
E o que nos faz correr? Era bom que reflectíssemos nisso.
Abraço
Júlia Ribeiro