Grandes rodas de madeira recobertas com grossos aros de ferro
fizeram pressão continuada, dias e dias, anos e anos, sobre o xisto. É provável
que tenha havido uma sugestão prévia, a braço de homem. Tudo isso se deu, principiou
há séculos. Adveio o abandono, a erosão instalou-se pelo todo.
Cargas de lenha, mais raramente madeira, produtos dos prédios
hoje simplesmente ditos rurais, pedra para obras, telha fabricada, algum aço
grosseiro, quem sabe o quê. Estrume, por certo que mais na descida. O gado ia
por seu pé, muito raramente ao colo. E as pessoas a pé ou a cavalo.
Agora há que ver também o entre-eixo, a giesta / gesta que
permanece. Ressequida, é certo, mas ainda não consumida. Não que seja inconsútil
mas, como se agarrou a um pouco de fresco, ali resolveu estacar. Foi poupada.
Miragem, qual negativo de pequeno oásis, na fraga, ter-lhe-á sido dado esse prémio.
Ficas aqui para te verem. Pelo menos até
à chegada das chuvas e ao premente efeito da ventania. De maneira que
não dês pena, tu que nasceste para o lume.
Foto e texto de Carlos Sambade
Belo texto .Assim se faz a história de Mós.
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