Ao quinto aniversário heroico do Grupo Alma de Ferro, com admiração. Tiago Rodrigues |
EXCERTO
Dentro de uma hora, será inaugurado o Museu Universal do Esquecimento,
com dois edifícios diferentes e uma única colecção particular. Um dos edifícios
tem sede no hipotálamo do cérebro de Clara e o outro no lobo frontal do cérebro
de Fernando. As visitas poderão ser realizadas em qualquer teatro que esteja
encerrado ao público em qualquer ponto do planeta. Teatros fechados por falência, por epidemia, pelas
autoridades competentes, pelas autoridades incompetentes. Teatros em ruínas.
Teatros em dia de folga. A condição é que estejam encerrados.
Assim, o primeiro desafio colocado ao visitante é conseguir
entrar num teatro fechado. Pode fazê-lo pela via da força, negociação, suborno,
fé ou mera sorte. Se for bem sucedido, o visitante terá livre acesso a todas as
salas e corredores de ambos os edifícios instalados nos cérebros dos dois
antigos amantes.
RECEPÇÃO CRÍTICA, LEITURAS
Trata-se de um divertimento na boa tradição da comédie de
coulisses (as comédias de bastidores). Num teatro fechado – fechado tanto
literal como metaforicamente – um ex-casal (Clara e Fernando) tentam “fechar” a
sua relação e remeter os restos da sua relação há muito terminada para o
(inequivocamente borgesiano) Museu Universal
(Mundial/Nacional/Internacional/Municipal/Intergalático) do Esquecimento. Ela
quer dizer-lhe que está grávida e remeter definitivamente as memórias da sua
relação ao esquecimento. Ele – bom, ele nem por isso. Mas nisto, as personagens
como que se fragmentam e criam ecos falantes de si próprios: e, assim, surgirão
uns “segundos”, “terceiros” e “quartos” Clara e Fernando.A pequena comédia
assume então dimensões pirandelianas, tornando-se num hábil jogo teatral,
bem-humorado, despretensioso e fluido. E quando estamos já entretidos com o
jogo, tentando jogá-lo bem (e até, quem sabe, ganhar ao escritor),
apercebemo-nos que estamos dentro da mesma moldura temática do grosso da obra
de Tiago Rodrigues – e que estamos mais uma vez a discutir a natureza do acto
de criar; e quando pensávamos que falávamos de relações, falávamos também de
teatro – essa coisa também ela permanentemente encaminhada para as galerias do
Museu Universal do Esquecimento.
Publicar esta peça na colecção azulcobalto | teatro, é,
antes de mais, um orgulho, mas também uma tímida tentativa de resgatar ao Museu
do Esquecimento um texto que foi pensado para uma situação teatral muito
particular e que, por isso mesmo, foi programado para se esgotar rapidamente
“no fogo-de-artifício da representação”. Publicar um texto como esta Peça
romântica para um teatro fechado é amplificar as possibilidades de namoro do
texto e permitir-lhe novos casamentos. É poder pensar que este texto pode
voltar a abrir teatros.
Rui Pina Coelho: apresentação da obra | Lisboa, Teatro
Meridional, 22 de Setembro de 2013
PEÇA ROMÂNTICA PARA UM TEATRO FECHADO, de Tiago Rodrigues
colecção azulcobalto | teatro 005
56 páginas | ISBN 978-989-8592-34-7 | 1ª edição – Setembro de 2013 | PVP: 6,95 euros
A qualidade,a dedicação,o esforço,o empenho do Grupo ALMA DE FERRO, reconhecidos pelo grande vulto do Teatro ,TIAGO RODRIGUES,filho e neto de transmontanos.
ResponderEliminarUma moncorvense
Olguita Figueiredo: Parabéns
ResponderEliminarDe vez enquando aparece aqui um texto ou foto referindo uma pessoa filha de moncorvenses que se notabilizou pelo seu trabalho.Tiago Rodrigues é um bom exemplo.Na ausência de um programa das entidades ofiais (leia-se câmara)era muito bonito o blog assumir esse papel como a página da Carina dedicada aos emigrantes.Demite-se a câmara entra de serviço a sociedade civil ou talvez aguardar pela nova equipa que não vai cometer os mesmos erros da anterior.
ResponderEliminarArmando G.
Tiago Rodrigues dedica o livro ao Grupo Alma de Ferro.
ResponderEliminarDo Celeiro para o mundo, sem passar pelo castelo."Vós sois os amadores mais dedicados, mais devotados ao TEATRO que eu alguma vez vi. E só não vê quem não quer," como diz a Júlia.Obrigado .
.Leonel Brito.
Misé Fernandes escreveu:Parabéns a este fantástico grupo de teatro
ResponderEliminarGostariamos de saber, se fosse possivel, quais foram os erros da câmara anterior para com o grupo de teatro Alma do ferro, pois ainda aqui ningém os explicitou. O único que sabemos pelo blog é a não utilização do cine-tatro, aquando dos 5 anos do Alma do ferro, INFORMEM-ME POR FAVOR
ResponderEliminarParabéns ao Tiago Rodrigues e parabéns ao grande Grupo Alma de Ferro. A ambos desejo os maiores êxitos.
ResponderEliminarAbraços
Júlia Ribeiro