A autora aos 5 anos |
Hoje,
como já tenho dois dedos funcionais, vou contar-vos as peripécias das vezes em
que já fui roubada. Penso que são 4 ou 5 vezes que a carteira ou o saco de
viajem me desaparecem, dá-lhes um sumiço...
A
verdade deve ser dita: sou muito distraída, ou melhor dizendo, sou
despassarada. Até as minhas netas dizem que eu convido os ladrões a levarem
aquele saco ou aquela carteira que eu pouso, aberta, em qualquer lado. Não será
bem assim, mas quase.
Mas
agora só vos vou contar um desses roubos.
Num
dia quente de Agosto, saí de uma loja, entrei no carro que estava ao sol e abri
logo as janelas todas. No momento em que rodo a chave para ligar o motor, vejo
um braço peludo entrar pela janela da frente e sacar a carteira que estava no
banco ao meu lado. Apercebi-me que um homem, e peludo, tinha acabado de me
roubar. Espreitei e vejo um fulano de bicicleta a esconder a minha carteira
debaixo da T-shirt e toca de dar ao pedal e entrar no parque da Marinha Grande.
Nem pensei duas vezes: fui de carro em perseguição do ciclista-ladrão pelos
carreiros empedrados entre as árvores e os canteiros de flores. O rapaz – era rapaz
aí dos seus vinte anos - olhou para trás e ficou de olhos arregalados quando
viu que eu ia de carro atrás dele. Atrapalhou-se e caiu. Ele e a bicicleta. Eu
parei o carro e o safado, segurando a minha carteira debaixo da T-shirt, montou
na bicicleta e desatou a pedalar por ali fora como se tivesse de chegar à meta
primeiro que eu . E tinha.
Eu,com todo o fair-play, deixei-o levantar-se, levantar a bicicleta, montar nela e
começar a pedalar. Só depois arranquei e reiniciei a perseguição. Ora, nesse
entrementes, o pilha-carteiras aproveitou para dar a curva a um canteiro oval e
saiu pelo sítio por onde tínhamos entrado. E eu atrás dele, fazendo gincana.
Meteu
então por uma rua de sentido proibido e eu também. Chegou a um largo em frente
dos Bombeiros e esgueirou-se por entre os pirolitos que circundavam o dito
largo. Eu tive de parar, porque não podia derrubar os malfadados pirolitos. Um
bombeiro e uma maqueira, que estavam em frente, ficaram pasmados por me verem
desembocar de uma rua de sentido proíbido. Saí do carro e gritei para ambos :
“Aquele ciclista é ladrão. Roubou-me a carteira”. A maqueira desatou numa
corrida atrás do ladrãozeco que ainda se via ao longe e o bombeiro meteu por
uma outra rua para atalhar. A rapariga
corria que nem a Rosa Mota e eu deixei de os ver. Daí a cerca de meia hora,
apareceram o bombeiro e a maqueira, exautos da corrida, mas com a minha
carteira como troféu.
Qualquer
dia conto-vos outro dos roubos de que fui vítima .
Júlia Barros Ribeiro (Biló)
Publicado a 01/05/12
Publicado a 01/05/12
Já tardava uma boa risada para animar a malta.
ResponderEliminarObrigada,contadora-mor!
Uma moncorvense
Artur Salgado escreveu:
ResponderEliminarA amiga e conterrânea Júlia Ribeiro,mulher de armas de antes quebrar que torcer, encanta a malta blogueira com farrapos de alegria com as suas histórias. Nesta de larápio volante teve mais sorte do que eu. Em palavras breves se conta o assalto a pedido do roubado que fui eu. Nem Santa Bárbara me valeu! Foi na aldeia de Mós. Coisas de rapazes. Eu já espigadote decidi na companhia de outros dar cordel ao sapato dançarino! O arraial estava quente e mal parecia dançar com moçoila, das muitas a quem se pedia: a menina dança? A jaqueta foi " emprestada" a um petiz de duzia e meia de anos. Não te importes oh pequeno de segurares aqui na jaqueta, daquelas da moda em tempo de cabeludos e calças -á-boca de -sino e tacão alto? ..Pois bem acabada a dança quis enxergar o puto. O adro de Santa Bárbara não era tão grande como isso! Fiz de policia mas sem bombeiro e maqueira. Resultado nem jaqueta nem o novo dono dela..Entrados no Opel Manta, oriundo do Luxemburgo e conduzido por parente sa SoFelart, não houve outro remédio que retornar ao Felgar mais despido e mais pobre..Mesmo assim no dia seguinte voltei " ao lugar do crime"pois a jaqueta sempre valia uns tostões e era quase nova. Recordo-me de questionar de novo atirando com as características do pequenote ladrãozinho..Quase cheguei à Quinta Do Corisco..em vão! Que lhe tenha tapado o frio e o calor! E que não faça outras! Mas que fiquei roubado e enganado lá isso fiquei..Nunca confiando.
A Julinha está de volta, é bom sinal. Espero que braços e mãos estejam completamente bem .
ResponderEliminarGostei da sua estória. Eu também sou muito descuidada.
Um grande abraço
Augusta
Olá Julinha!
ResponderEliminarÉ um prazer ler e reler os seus textos! E este também está bem engraçado. Olhe, também sou muito distraída, nem imagina! Um dia hei-de contar-lhes, agora estou com um pouco de pressa.
Desejo a continuação das suas melhoras.
BJNHO,
TININHA
Já cá fazia falta. Vamos à outra estoria. Como o tempo é de crise, precisamos alguma coisa pra animar a malta. Uma gargalhada e por uns momentos esquecem-se cenas macacas como a do pingo doce.
ResponderEliminarE. Sousa Pereira
Olá Julinha!
ResponderEliminarQuanto gosto e prazer ao ler esta sua "estória"nos "Farrapos"!E diga-me lá:por onde tem a menina andado?!Não é por ser curiosa ,mas porque já fazia cá falta.
Beijinhos da sua amiga
Irenina
Ora receba lá um grande abraço e muito gosto por voltar a ler estas estorias que me fazem desopilar o fígado.
ResponderEliminarCristina Alex
Olá, Amigos:
ResponderEliminarGrata pelas vossa palavras de apreço e simpatia, aqui vos deixo um abraço imenso.
Júlia
Meia dúzia de palavras para o Artur Salgado: as suas estórias são interessantíssimas e merecem ser postadas, em vez de ficarem nos comentários.
ResponderEliminarEsta tem imensa piada: o bailarino Artur trocou uma jaqueta nova por um pé de dança. Dei uma boa gargalhada. Obrigada.
Júlia
PS - Aliás, tudo o que o Artur Salgado escreve é muito bom.
Fico encantada: com as suas estorias, ja ha muito que as leio.Temos uma amiga em comum que me empresta os seus livros.
ResponderEliminarJa agora, conte aqui a do burro que lhe roeu o chapeu de palha,e so rir.